↬ Capítulo Cinco ❧

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— É o?

— Parece que ele está morto.

— Ele só está ferido.

— Está respirando?

— Você acha que é o mesmo?

— Ele estava chamando por Draco.

— Mas ele bateu em uma árvore.

Harry ouviu vozes femininas ao seu redor, confuso como estava, ele decidiu ficar no chão, só queria um pouco de silêncio dentro de sua bagunça, suas costas doíam, seus braços doíam e não queria se mexer, na verdade não queria fazer nada.

— Vamos pegar? — disse uma delas.

— Talvez não seja ele.

— Draco está triste desde que o garoto foi embora.

— Mas se não for ele, vai ficar mais triste.

— Poderíamos...

Harry soltou um gemido, o ardor cresceu, ele não se conteve, as três vozes se calaram.

— Você é Harry? — uma delas perguntou. — Você está morrendo?

—Não seja desajeitada, lanthe, não vê que ele está respirando?

— O que você precisa? — outra voz foi ouvida. — Água? Quer que curemos suas feridas?

— Você acha que ele quer mantê-lo?

— Existem pessoas raras neste mundo!

— Ele não parece feliz com os outros.

— Como vou saber disso? Ele mal se move!

— Apenas vamos levá-lo para o Draco.

— Mas não podemos carregá-lo, é melhor chamá-lo.

Harry ouviu quando elas correram, foram embora e a dor só aumentou, ele não sabia onde estava, não se lembrava claramente do que tinha feito depois de ser expulso de sua casa, somente que correu como nunca tinha feito até estar cansado, chamou Draco com todas as suas forças mas nem tinha certeza de ter tomado o caminho certo, até que caiu no chão, fraco e sórdido, perdido em um nada, mais ao mesmo tempo em um todo, sentindo como se alguém estivesse chorando em suas costas, algo quente que o ajudava a dormir.

Mas agora ele só conseguia chorar, incapaz de se levantar, perdido no meio do nada.

— Lá! — ouviu um grito, uma das mulheres que estavam com ele por um tempo, depois o silêncio, depois um aroma peculiar, de flores recém-cortadas mas... um pouco diferente.

— Harry?

Era Draco... ele realmente estava aqui, mas sua garganta estava tão apertada que ele não conseguia dizer nada em resposta.

— Harry o que... Quem te machucou? Harry...

Preocupação com um estranho... era bondade? Era macio como algodão, queimava um pouco em seu peito.

Draco o pegou com muito cuidado, Harry contou os passos até chegar em sua cabana, ele sabia disso pelo aroma de madeira que as paredes exalavam, sentiu o cheiro de algo queimando e do lado de fora os gritos daquelas mulheres "Foi ele?" Ou "Vai ficar bem?".

— Eu tenho que te lavar. — ouviu Draco dizer e então sentiu a sensação de queimação que as roupas deixavam para trás quando se moviam e expunham sua pele.

Sua aparência deveria estar terrível.

— Não vou te machucar. — ele ouviu. — Preciso limpar as feridas, tá?

— S-sim. — ele finalmente conseguiu sussurrar.

— Diga se dói muito, me diga também se não gosta, não quero te ofender de novo.

Harry riu apenas por causa da atitude do homem.

— Está bem...

Algo frio tomou conta dele, algo refrescante, como flores, as pétalas, ele não ousou perguntar, tão lento e tão suave, ele se forçou a relaxar.

— Quem machucou você? — Draco perguntou novamente.

— Ninguém senhor...

— Então como foi que...

— Uma mulher que... na verdade não é ninguém.

— Uma mulher? Por quê?

— Ela achou que eu tinha feito algo errado.

— Você? — Draco parecia genuinamente confuso.

— Você acredita?

— Você tem cara de bebê, se fizer algo errado, com certeza foi ter dado muita água às plantas ou algo assim. — suspirou. — Mas isso... é uma pena... não deveria. Quem era?

Harry ponderou, pensou que não haveria diferença em sua vida se contasse a esse quase estranho tudo o que ele queria saber.

— Minha mãe...

— Mãe?

— É...

— Uma mãe, daquelas que te carregam no ventre?

— Sim, dessas senhor, quantas são?

— Eu tinha uma que me alimentou quando a primeira morreu. — disse ele simplesmente.

— Nesse caso, tenho uma que me ajudou a dormir quando não consegui.

— Essas são as melhores mães. — disse Draco soando jovial. — Aquelas que tentam ser boas para você.

— Sim... Acho que sim, senhor.

— Você vai ter que ficar na cama por hoje e talvez amanhã você possa se levantar... vai curar rápido. — terminou. — Mas vou trocar os curativos todos os dias pelo menos três vezes, e você vai comer na cama.

— Eu posso levantar.

— As feridas se abrirão.

— Senhor...

— Harry...

Ele não mexia os dias que eram necessários só porque Draco não permitiu, e ainda por cima trouxe um prato de algo e colocou em sua boca como se fosse um bebê, Harry não sabia como, mas percebeu que ele estava sorrindo. Ele sentiu como Draco sorriu, no meio da escuridão que sempre foi sua vida ele podia sentir um sorriso.

— lanthe é muito falante, se arrisca muito e se aproxima dos humanos, ela é uma flor fofa, rosa e vermelha, um pouco assustadora quando fica brava, Thetis é mais séria, é uma ninfa da água, é mais fácil raciocinar com ela mas se deixa levar por lanthe nas discussões, Anemona é uma ninfa da terra, tão sem noção quanto lanthe mas focada ao mesmo tempo, depende de como acorda, uma vez que ela me deu um pequeno diamante, o outro quase afundou minha casa no subsolo porque ganhei uma aposta sobre o tempo... Morfeu que havia dito a resposta. — ele sussurrou isso por último.

Como Harry podia acreditar que isso poderia ser verdade?

Ele vivia em um mundo que não conhecia, mas... com Draco e suas cores ele poderia mover suas ideias além de um fundo preto.

Tulipanes Azules「DRARRY」Onde histórias criam vida. Descubra agora