— Não. — fala, soltando pequenos soluços. — Não é.
E então Draco pensou que o ofendeu, ele não sabia como consertar isso, e ficou com medo porquê não entendeu muito bem o seu erro, mas agora sabia que nunca deveria dizer algo assim novamente.
— Me desculpe Harry, não queria te ofender, desculpe, eu não... eu não queria fazer você se sentir mal de forma alguma, eu só... não sabia.
Draco era estranho, ele parecia muito triste e nervoso, Harry não sabia o que lhe dizer agora porquê em sua vida as pessoas fizeram com ele o que queriam, e agora aquele homem estava pedindo perdão por um comentário, uma simples pergunta que não deveria ter respondido tão rudimente.
— Preciso me vestir. — Harry disse, interrompendo o palavreado de Draco. — Por favor.
— Sim... sim, todas as roupas estão aqui... posso te levar ou prefere que eu as traga?
Harry estendeu a mão e Draco o guiou lentamente até que esbarrou em algo, macio e fofo, parecia ser a cama.
— Aqui está. — disse Draco. — Você pode se vestir sozinho?
— Sim... te aviso quando estiver pronto.
Draco saiu, mas não antes de dar uma última olhada naquele corpo que o fez se sentir estranho, ele sabia que não deveria olhá-lo novamente e não iria, não assim, ele não queria deixar seu convidado desconfortável.
Ele foi até a cozinha e servia a comida, deixou tudo em ordem e esperou Harry chamá-lo, mas se surpreendeu ao ouvir passos suaves se aproximando, Harry avançou, segurando-se nas paredes.
— Harry. — sussurrou. — Deixe-me te ajudar.
Harry se deixou guiar, sentou na cadeira e com os dedos alcançou a colher e depois o prato, Draco estava esperando o outro experimentar, queria ver sua expressão, queria saber se ele gostou.
— Está uma delícia. — sorriu. — Obrigado.
Harry comeu muito rápido, mas Draco não tomou uma única colherada, gostando de como o menino saboreou a comida, adorou ver isso, logo o vendo terminar tudo que colocou no prato e fazendo uma pausa antes de falar.
— Me desculpe... — Harry começou. — Me desculpe como eu reagi antes. Eu pensei... entendi tudo errado.
— Você interpretou mal?
— Eu não deveria ter pensado mal de você.
— O que pensou? — Draco continuou com suas perguntas, completamente confuso. Harry achava que ele queria machucá-lo?
— E-eu... não é que...
— Eu não ia bater em você. — afirmou o dono da cabana com um tom quase desesperado. — Nunca faria isso.
— Eu sei... foi bobagem, não pense mais nisso, não vou fazer aquilo novamente.
— Bem... eu não quis te ofender, nunca vou dizer algo assim de novo, eu só estava confuso.
— Confuso?
— Por isso te perguntei, quando te vi... me senti estranho... mas não importa.
Harry corou furiosamente, parecia um morango, um morango fofo. Ele não disse nada e Draco terminou de comer.
De repente, do lado de fora, alguns passos começaram a soar, depois uma batida na porta e em seguida uma voz feminina suave.
— Draco! — exclamou a voz. — Trouxemos música para você, hoje é um bom dia?
— Você gosta de música? — Draco perguntou a Harry em voz baixa.
— Devo sair?
— Não!... não, não precisa, ela é uma musa, às vezes vem com as outras e toca para mim, é uma amiga.
As musas nunca se deixavam ver, elas eram como um mito que todos sabiam que era verdade, e esse homem falava sobre elas tão normalmente... A boca de Harry estava aberta em surpresa, seu coração batia rapidamente.
Musas.
Todo o seu corpo queria gritar.
Quem realmente era Draco? Ele estava louco? Isso tudo era parte de um jogo ou uma piada?
— Musas? — ele sussurrou.
— As ninfas vêm muito raramente, deixam as coisas na porta e vão embora, são amigáveis, mas não falantes.
— Ninfas?
— Então... você quer ouvir?
Por mais louco ou falso que fosse, Harry simplesmente não queria dizer não.
A música começou, parecia uma carícia, muito diferente do que ele ouvia em sua cidade, tão barulhenta e sem ritmo.
De repente, sentiu que não queria voltar.
Mas não sabia se ficar alí pioraria as coisas.
— Você quer ir para a cama? — Draco perguntou, Harry se contorceu. — Se você quiser dormir agora, tudo bem.
Ele tinha que parar de pensar que Draco iria machucá-lo, nem todo mundo era assim, ele não precisava ser, esperava que não fosse.
— Por favor.
Draco o levou para o quarto e arrumou a cama, ajeitou os travesseiros e disse para ele ficar confortável, Harry deitou e logo sentiu um peso afundar ao seu lado, sentiu o calor do corpo em torno da música envolvente.
— Você é estranho Harry. — Draco disse.
— Por que?
— Você está com muito medo, mas pega uma faca como um professor, não acha estranho?
— Você que é estranho... me pede para não temer e é muito gentil, existem musas e... existem realmente musas?
— Você pode ouvi-las.
— Não é uma brincadeira?
— Por que eu mentiria? Nunca tive um convidado, não desrespeitaria o primeiro assim.
— Nunca?
— As pessoas me evitam, sempre, é algo nos meus olhos... por isso estou feliz que você não possa me ver... é ruim para você, mas bom para mim, devo me desculpar por pensar assim?
Harry pensou por alguns minutos.
— Não tenho certeza senhor.
— Não me chame...
— Mas vou continuar fazendo, você merece respeito.
— Por que eu?
— O resto do mundo não respeita ninguém, então ninguém deveria respeitá-los.
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Tulipanes Azules「DRARRY」
Hayran Kurgu❃ A origem das tulipas azuis. Draco carrega consigo a maldição de Medusa, e Harry é cego. ❃