↬ Capítulo Dez ❧

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CW: cenas de abuso sexual.

*

Quando Harry fez 15 anos, tudo ficou confuso, porque ele não entendia nada, porque Tom Riddle o interpretou assim.

Tom Riddle foi seu tutor desde criança, pois seus pais nunca souberam tratar um garotinho com a condição de Harry, no começo tudo foi excelente, pois Harry aprendeu a andar sem cair, a memorizar os caminhos, a contar e até começou a ajudar na cozinha com Minerva, sua infância não foi tão ruim, apesar das surras de sua mãe e da indiferença de seu pai.

Não tão ruim quanto foi depois.

Harry havia aprendido a se vestir e a tomar banho, fazia isso sozinho desde criança e não via necessidade da presença de seu tutor no banho ou de sua ajuda para se trocar, não via a necessidade dele acariciar seu rosto ou suas pernas enquanto lia para si ou lhe ensinava um pouco de música.

Quando tentou se afastar, ele disse "não seja rude", então por um tempo ele pensou que era normal.

Até que foi demais, foi o pior momento de sua vida, ele não se lembra de ter sentido tanto pânico ou confusão em sua vida, não como sentiu naquele momento.

Seu tutor acariciou suas costas como era seu hábito há alguns meses, mas ele não parou por aí e quando tocou seus quadris Harry tentou empurrá-lo para longe, ele gritou quando sentiu que baixaram suas calças e tocaram sua bunda, ele foi ainda mais longe e Harry continuou a gritar, mais quando ele forçou um dos dedos lá, doeu e ele não sabia quem chamar, onde bater, onde chutar, como fugir, e ele começou a chorar.

Ele sabia que poderia ter sido pior se um dos criados não tivesse aparecido, porém não sabia o que aconteceu depois, porque os gritos de sua mãe não conseguiram acalmar seu choro, ela gritou com ele, por que não com o homem que estava machucando ele? Não importava quantas vezes ele tentasse explicar para ela, ela apenas o culpava e continuava batendo nele.

Logo a explosão de gritos foi embora, mas tudo doía e ele não sabia ao certo o que havia acontecido, até ouvir os grilos lá fora, ele não se moveu em nenhum momento, mesmo com a roupa desabotoada, com a dor dos golpes e a queimadura na bunda por ter sido tocada por aquele porco.

O choro de Minerva veio para ele como uma espécie de analgésico, junto com ela uma sensação de alívio porque ela começou a lhe tratar, ela colocou algo nele que o fez se sentir fresco e a dor diminuiu.

— O que ele te fez? — ela perguntou em meio às lágrimas, a mulher parecia profundamente desolada, mas Harry havia parado de chorar horas atrás.

— Eu não sei. — Harry respondeu, perdido na escuridão que de repente parecia mais densa. — Você sabe o que ele fez comigo?

— Falei com o rapaz que te encontrou aqui, aquele homem não conseguiu o que buscava. — Harry podia ouvir como a mulher estava respirando pesadamente, ainda sem saber o que era tudo aquilo. O que ele tinha feito de errado?

— Claro Minerva, mas me diga o que aconteceu? O que eu fiz? O que eles fizeram comigo? Eu não consigo entender, eu não tenho ideia se eu tenho que me desculpar com minha mãe ou com o Sr. Riddle. Eu fiz algo para deixá-lo com raiva e ele fez isso comigo? Eu não...

Minerva chorou ao seu lado a noite toda, ela repetiu milhares de vezes que nada tinha sido culpa dele, que algumas pessoas eram feitas de nada além de "merda pura". E então ela lhe explicou, cada coisa que tinha acontecido com ele, tentando não quebrar muito e tentando não perder o controle e sair e matar todo mundo lá.

Minerva amava Harry como se ele fosse seu próprio filho e sentiu que havia falhado com ele como mãe.

❝❞

Draco olhou preocupado para Harry, ele estava chorando no meio do sonho, não disse uma palavra, apenas chorou, e foi o choro mais triste que ele poderia imaginar, como se estivesse pedindo ajuda ou como se estivesse pedindo perdão.

Foi culpa dele? Ele não deveria fazer o que fez ontem à noite? Mas Harry parecia concordar com tudo aquilo. Ele estava errado?

Ele não sabia como acordá-lo, e se ele o incomodasse?

Mas no meio de seu debate mental nenhuma conclusão era necessária, Harry abriu os olhos por conta própria, ainda chorando e se encolhendo, abraçando as pernas sob os cobertores.

— O que está acontecendo? — Draco perguntou tocando seu ombro. — Por favor, me diga... eu poderia ajudar, me diga qualquer coisa...

Draco começou a abraçar Harry, talvez um pouco de conforto ajudasse, mas o choro só cresceu acompanhado por uma voz que Draco não conhecia até agora, Harry parecia irritado quando falou:

— Não me toque... não me toque mais. — ele sussurrou alto o suficiente.

Draco se afastou como se tivesse sido empurrado, seus olhos vidrados porque Harry não o queria por perto e por algum motivo sua rejeição doeu. Doeu muito, mas ele não podia fazer nada contra a palavra de Harry, seu coração parecia estar apertando a cada segundo, doía cada vez mais, ele não queria que Harry o afastasse também.

Se Harry não queria que ele o tocasse de novo ele não iria, mas ele queria que ele o deixasse ver seu rosto, Draco não queria viver sem ver o sorriso de Harry novamente.

Harry ouviu Draco se afastar e o ouviu soluçar, mas não conseguiu parar para se desculpar ou dizer que não era culpa dele.

Harry queria fugir e gritar que ele ainda sentia que foi algo que ele fez, que ele ainda se sentia sujo e ainda queria se desculpar, que ele não podia acreditar em Minerva quando ela continuava dizendo a ele que não era culpa dele.

Tulipanes Azules「DRARRY」Onde histórias criam vida. Descubra agora