↬ Capítulo Seis ❧

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— Azul claro parece água e vermelho como torta de maçã. — Draco tentou explicar. — Laranja é como fogo, mas você não pode tocar nisso. — ele disse sério.

Ele tinha Harry sentado à mesa, com todos os objetos que cabiam nela, fazendo-o sentir as texturas e comparando com as cores.

Draco queria mostrar a Harry um pouco sobre as flores, sua primeira ideia foi ensiná-lo com elas, então ele percebeu que quase todas as pétalas parecem iguais ao toque.

— Rosa é como açúcar porque é doce, embora na verdade o açúcar seja branco, branco é frio.

Uma semana atrás Harry voltou, e agora ele recuperou sua mobilidade embora as marcas em seu corpo não tenham sido apagadas, Harry não se importou, mas Draco se sentiu mal.

Ele não queria que Harry carregasse isso, não achava que Harry merecia algo assim, Draco estava tendo pensamentos negativos, do tipo que o fez passar anos aprendendo a controlar, aqueles que deixavam seus olhos verdes.

Ele tinha ideia que não eram dele.

— É parte da maldição. — Morpheus havia explicado. — A raiva e o ódio a trazem de volta, ela não se foi realmente, e vai querer te controlar toda vez que tiver a chance.

Sim... querer defender Harry lhe trouxe muita raiva também.

A risada de seu convidado o distraiu, algo suave, suas bochechas estavam coradas, e isso era muito comum para ele, já gostava de sua aparência.

Harry não sabia o quão bonito era sorrindo, e Draco queria lhe dizer, mas ele ainda estava decifrando os limites do que era normal nas conversas do dia a dia. Ou pelo menos os limites entre amigos, foi o que outro lhe disse, que eles eram amigos agora e deveriam se dar bem, que gostaria de saber sobre ele e conhecê-lo melhor... Harry estava sendo muito legal e Draco adorou isso.

Draco esperava que o moreno ficasse para sempre.

— Vou tentar lembrar o que me disse por enquanto. — Harry disse.

Mas mesmo tendo passado uma semana, Harry não soltou uma única palavra para falar de sua vida.

— Bem... — o som da água transbordando daquela panela enorme sobre a pequena lareira os deixou exaltados. — ah... é isso, vou preparar o banho para você. — Draco sorriu.

Harry assentiu e ficou parado, inquieto na verdade, curioso. Com mil perguntas para Draco, se não milhões.

— Você tem uma família, Sr. Draco?

— Família? Não, nada parecido, alguns amigos talvez.

— Você sempre esteve sozinho? Aqui?

— Aqui não, antes de chegar aqui estive na China, Grécia, Roma, e depois de viajar muitos anos, enfim voltei para a Coréia, as coisas mudaram muito, mas ainda existe um imperador e pequenas cidades esquecidas, talvez como a sua.

— Sim... a guerra não chegou aqui senhor, e duvido que venha, não somos tantos ou tão importantes.

— Por enquanto isso é bom, as guerras são uma das piores coisas que o homem criou.

Alguns segundos de silêncio ocorreram quando Draco foi deixar a água no banheiro e voltou para pegar a mão de Harry o guiar, sua mão era pequena mas forte, tinha marcas de trabalho.

— Já sabe onde está tudo, te espero aqui fora.

— Senhor... gostaria de ter uma família?

— Quer dizer filhos?... Não, nunca quis nada assim.

— Entendo. — Harry diz. — Vou terminar rapidamente.

Draco sai, chega na porta e seu corpo luta novamente para ficar e assistir, mas da última vez isso ofendeu Harry, talvez ele simplesmente não tenha escolhido as palavras certas.

Draco não entende, ainda se lembra das ninfas que o deixavam tocá-las e vê-las, mantinham os olhos bem fechados e ele prometeu ficar calado, ao contrário daquela outra, que não reteu sua curiosidade monstruosa e continua pedra, uma estátua no meio da estrada para Styx.

Draco tocou o corpo de uma mulher antes, viu, e ainda não esqueceu.

Mas Harry é muito diferente das ninfas, embora sua pele pareça macia, seu corpo é obviamente masculino, seu cabelo é curto e ele tem alguns pelos apenas nas pernas.

Draco diz a si mesmo para sair, Harry não suspeita que está sendo observado.

Mas uma mentira é o pior, Draco sabia, então ele limpou a garganta antes de falar.

— Harry...

— Senhor...

— Eu posso ficar?

Harry engole em seco, sua garganta fecha.

— Aqui?

— Sim... bem aqui, não estou perto e não vou bater em você, mas quero ver...

— Ver o que?

— Você... seu corpo...

— Por que? — ele questiona imediatamente, sua voz dura já que a única coisa que o cobre é uma camisola até as coxas.

— Eu gosto... de te ver, é legal, me faz bem e...

— Apenas observe, certo?

— Apenas observarei.

— Promete?

— Eu não estou te forçando.

Harry cresceu ouvindo que deveria ser grato pelo o que outros dão, pois nada é de graça. E ele não podia dar dinheiro ao Sr. Draco, então pelo menos podia lhe dar isso, não era nada, o homem raramente ficava curioso, talvez porque morasse sozinho por tanto tempo, mas ele não era um mentiroso, até hoje não havia lhe dito uma única mentira, não que Harry soubesse.

Harry estava completamente descoberto, parado diante de um silêncio fúnebre que cobria o local, a respiração de Draco estava cortada e ele nem conseguia perceber isso agora, era como estar sozinho sabendo que não era assim.

Draco sentiu calor, observando os movimentos lentos do outro lavando seu corpo, com cuidado, devagar. O moreno observava atentamente cada detalhe da pessoa à sua frente e estranhamente suas calças pareciam apertadas na virilha.

As musas cantavam sobre isso, sobre sexo e prazer, elas diziam às vezes o que era, e Draco mal sentiu dessa vez, mas... Ver Harry foi como uma explosão, tudo junto.

E suas mãos coçaram para tocar, para tocar o homem à sua frente em todos os lugares e não deixá-lo ir.

Draco queria...

— Tenho que ir. — disse ele com a voz rouca. — Há roupas na cama, um cobertor... um roupão... uma toalha... sim...

Harry o ouviu sair da cabana.

Uma lágrima saiu de seus olhos, ele se sentiu estranho, nada mal como tal, ele simplesmente pensou, se agora esse era o pagamento de sua estadia, o que seria depois?

Tulipanes Azules「DRARRY」Onde histórias criam vida. Descubra agora