17 | pontada de esperança

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SHIN RYUJIN

ㅡ Ryu, a Yeji precisa de você

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ㅡ Ryu, a Yeji precisa de você.

ㅡ O- o que?

Sento-me na cama, a respiração acelerada e as mãos trêmulas.

ㅡ Você tem que falar "câmbio", câmbio.

ㅡ Hyo, me conta direito o que houve, a Yeji está bem?... Câmbio.

Nossa conversa durou algumas horas. Havia demorado a perceber que o walkie-talkie que Yeji levou a nossa viagem, para conversar com Jihyo, veio na minha bolsa, trazendo uma pequena pontada de esperança para o que chamamos de amor.

Faz tempo desde que não nos falamos, e apesar de Jihyo ter me falado o que ouviu secretamente, ainda queria ter certeza de que estava tudo certo.

Isso tudo parece um grande de um clichê. Nós nos amamos mas não podemos ficar juntas. É sim, um clichê.

Horas se passaram desde que desliguei o walkie-talkie, com o restinho de bateria que continha. Já estava escuro lá fora, o vermelho quente do sol se mesclava com o azul se escurecendo e as nuvens escuras se misturando ao horizonte, ao que parece, vem uma chuvarada aí.

Se nada daquilo tivesse acontecido, creio que agora ainda estaríamos na viagem, talvez vendo um filme, comendo algo na rua, deitadas na areia da praia aproveitando o som das ondas e a presença uma da outra, ou talvez fazendo amor. Era apenas o que eu queria. Sem muita dor de cabeça, apenas eu e ela.

Mas parece que as coisas não são muito fáceis para a gente.

As palavras de Jihyo ecoavam em minha mente, fazendo peripécias e me deixavam cada vez mais confusa.

Ela não viria até mim, por medo de me magoar, não por quê não quer, então, se eu não for atrás, nunca voltaremos a ser nós duas. Mas se eu for, talvez aconteça. Mas não sei se eu devo, eu claramente deixo a vida dela complicada, se eu não fosse ao seu aniversário, se não tivesse beijado-a dentro daquele banheiro, nada disso tivesse acontecido.

Mas também acredito que tudo que aconteceu deve acontecer, então se não tivesse colocado meus pés naquela festa, teríamos nos encontrado de outra maneira, e no fim, terminariamos do mesmo jeito.

Com esse pensamento, me levanto com pressa. Com a mesma roupa que estou, com o cabelo bagunçado e a cara inchada do choro, eu saio do meu quarto e pego as chaves de casa.

ㅡ Aonde vai a esta hora, meu amor? ㅡ Minha mãe pergunta ao me ver sair apressada de casa.

ㅡ Vou buscar o meu amor.

Respondo sem ao menos olha-la.

Monto na bicicleta velha e empoeirada, e pedalo desgovernadamente nas ruas calmas e refrescantes de Seul. O céu estava carregado de nuvens escuras, e eu podia jurar escutar leves trovões chegando.

Já estava no fim do horário de pico, as pessoas ja estavam chegando em suas casas, as ruas começando a ficarem vazias. E lá estou eu, pedalando no meio da rua, não me importando com sinais ㅡ o que, no mínimo, prestei atenção ao fazer ㅡ, nem de estar, de fato, no meio da rua.

Temia que o porteiro não me deixasse entrar, mas pagaria o preço, caso contrário, ligaria para a senhora Hwang, ela me deixaria entrar.

Me sinto nervosa, dessa vez não teria que enfrentar aquele homem sujo, mas sim ver a mulher que amo depois de semanas.

Ao chegar na esquina do condomínio, eu me arrumo minimamente, a calça de moletom em meu corpo me protegia do frio da noite, meus pés e braços de fora estavam gelados, e meu cabelo completamente para cima. Refaço o coque baixo, e então, com os fios rebeldes caindo na frente, tento a sorte.

Paro em frente a cabine do porteiro, preciso falar um pouco mais alto para ele, mas de cara, me reconhece.

ㅡ Caso o senhor Hwang, quer dizer, senhor Han, ainda estivesse aí, eu não seria autorizado para liberar sua entrada, loira.

ㅡ Mas ele não está, então o senhor libera? ㅡ Perguntei na expectativa.

ㅡ A senhora Hwang te liberou desde cedo, vejo que veio na sorte e conseguiu, pode ir lá.

Eu solto um riso sincero, agradeço-o com um grito assim que passo para o outro lado do condomínio.

Pedalo o mais rápido que eu posso até a mansão que eu já conheço tanto. Assim que chego perto, desço desajeitamente da bicicleta e então jogo-a no chão, e parada em frente a porta, eu toco a campainha.

Meu coração palpitando forte, as mãos suando e trêmulas, o nervosismo tomando conta, tudo isso some ao ver a imagem da pequena garotinha com um sorriso nos lábios ao me ver na sua frente.

ㅡ TIA RYU!

Foi quando um alto trovão ecoou e a menor se encolheu em meu colo e me puxou para dentro da casa grande e quentinha.

ㅡ Tia Ryu, senti sua falta, mas tenho medo desses trovões, entra. ㅡ Ela me puxou pela mão, em direção ao grande sofá bege.

ㅡ Cadê sua mamãe, Hyo?

ㅡ Ela está vindo, ela viu que era você mas tinha que levar os remédios e a comida para a irmã.

ㅡ Remédios? O que aconteceu?

Coloquei Jihyo sentada no meu colo assim que me sentei no sofá, atenta ao que ela falaria.

ㅡ A Ji ficou com muita dorzinha de cabeça depois do choro, e também disse para a mamãe que tava sentindo dorzinha aqui ó ㅡ ela apontou para o seu colo.

Juntei meus lábios em um biquinho, logo ouvi a senhora Hwang descer as escadas.

Me levantei para cumprimentá-la com um abraço.

ㅡ Ryujin, que bom que veio.

Fechei os olhos ao sentir seu abraço.

ㅡ Ela está bem?

ㅡ Ela está um pouco cansada, acabou adormecendo, mas se quiser pode subir.

Mordo os lábios.

ㅡ É melhor não, eu vim tarde demais. Ela precisa descansar. Eu volto amanhã. ㅡ Caminho em direção a porta, receosa e com uma pontada de insegurança no peito.

ㅡ Nada disso, Ryu. Está caindo o mundo lá fora, nunca que eu te deixaria voltar para casa nesse tempo.

E então, olho através da grande janela de vidro. Ao menos percebi que havia começado a chover, extremamente forte por sinal.

Dando por vencida, pego meu telefone e mando um recado para minha mãe, a fim de não preocupa-la. Logo em seguida, subo para o quarto de Yeji.

Devagar, abro sua porta. As luzes estão apagadas, apenas um abajur ao lado da sua cama está aceso. Ele refletia em seu rosto, vermelho e inchado pelo choro recente. Eu me aproximo, e então, me sento na beira de sua cama.

Ela ressoava baixinho, parecendo estar em um sono completamente gostoso.

Eu me deito ao seu lado, tiro seu cabelo liso de seu rosto, e então permaneço com meu carinho ali. Seu rosto estava sereno, calmo, parecia dormir como um anjo.

Como eu senti falta disso...

Senti falta de tocar nela, de beija-la. Meu deus... Eu a amo tanto, simplesmente não consigo imaginar como viveria sem o amor dela, sem ela.

Me aproximo ainda mais, deixando delicadamente um selinho em seus lábios macios.

Então, com minha cabeça completamente bagunçada, eu me levanto, e tentando ao máximo não fazer barulho, caminho até a porta. Mas acho que não deu muito certo.

ㅡ Ryu?

to your kisses, ryeji. Onde histórias criam vida. Descubra agora