II. - Quando eu o conheci

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Ele pulou comigo para um outro prédio e agora desliza até a rua, segurando-me firme em seus braços - e eu o apertando cada vez mais, assustada. Eu o encarei e, quando notou o meu olhar sobre ele, o menino cobra retribuiu e deu um sorriso. Eu o segurei com mais força ao ouvir o barulho de um trovão e ver o clarão, atrás dele, de um relâmpago. "Você está a salvo agora." Não tinha dúvidas disso. Eu senti as minhas bochechas arderem e, por consequência, o meu estômago embrulhar. Senti o meu coração errar a batida e não foi por aquela queda. Viperion transmite a confiança e sinceridade que eu jamais tive, esse garoto me deixou com o coração batendo mais rápido do que o de costume, mesmo eu estando acostumada com homens bonitos. Eu senti... que não foi por acaso justo ele ter me salvado. Parecia que havia sido planejado, mas não por alguém em específico. Ele me deixou confortável, apesar do desconforto de ter sido jogada de um prédio e estar caindo para a morte. "Fique bem aqui. Eu volto pra te buscar quando derrotar aquela garota." Pediu, quando chegamos no chão e ele me soltou. Eu mordi o lábio inferior e, antes que pudesse partir, eu segurei o seu pulso.

Viperion me olhou, curioso.

"Obrigada por me salvar."

Ele sorriu.

"Foi um prazer."

Eu fiz o que o herói me pediu e fiquei por ali, sentada, de braços cruzados, no banco mais próximo. Evitei o constrangimento de estar somente de camisola no meio da rua, porque eu sabia as razões para tal e isso bastava. Não demorou muito para derrotarem a garota akumatizada, acredito que tenha se passado somente dez minutos ou menos, de quando observei Viperion ir embora e correr, pelas próprias paredes do prédio, como se fosse o chão, até a Pumpkins.

"Vou te levar para casa."

"Onde está Ladybug?" Pergunto, curiosa, ao me levantar.

"Ela está aguardando eu te levar em casa para pegar o meu miraculous." Respondeu, estendendo uma mão para mim - que aceitei sem hesitar.

"E por que não é ela quem vai me levar para casa?" Pergunto, insistente.

Viperion sorri.

"Preferia ela?"

"Eu não disse isso, heroizinho." Retruquei, passando um braço em seu pescoço, deixando que segurasse a minha cintura e enfim me colocar em seu colo.

Viperion me levou pelos telhados, em silêncio.

"O que você faz de especial?" Perguntei, querendo ouvir a sua voz. "O seu poder."

"Eu posso voltar no tempo."

"Interessante."

"Um pouco. Algumas batalhas contra akumas mais fortes fizeram eu voltar no tempo mais de vinte vezes, porque, por causa de um centímetro de diferença, estávamos derrotados."

Eu resolvi ficar em silêncio até chegar em casa, onde, por estarmos indo pelos telhados, precisei guiá-lo até a sacada do meu quarto. Quando já lá dentro, com pés firmes num ambiente seguro, eu cruzei os braços, evitando a pequena vergonha de estar com uma camisola, até que atraente devo constatar, diante do herói que acabou de me salvar da morte certa.

"Precisou voltar no tempo quantas vezes pra me salvar?" Perguntei, com uma sobrancelha arqueada.

"Umas dez." Respondeu, com uma indiferença que me deixou irritada.

"Mais que heroizinho de segunda categoria você é." Impliquei, encarando-o nos olhos. O seu traje também permitia que as suas pupilas ficassem finas, realmente como uma cobra, mas não deixei de reparar o quão bonito são os seus olhos... verdes? Azuis? Eu não consigo identificar muito bem a cor por estar escuro. Viperion riu, ao invés de ficar com raiva. Ou talvez tenha ficado, esse garoto é uma incógnita, imagino que bem difícil de se decifrar.

Naquela Noite - Miraculous/LukloeOnde histórias criam vida. Descubra agora