Nós não fizemos muita cerimônia antes de eu entrar, Luka me cumprimentou e me levou para o quarto porque, apesar de estarmos sozinhos na casa-barco, nunca se sabe quando sua mãe e irmã voltariam a aparecer por aqui. E eu também não saberia dizer quem está mais ansioso, se é o homem ou eu. Talvez estamos com a mesma intensidade? Bufei, em expectativa, tocando os seus lábios com o meu dedo indicador para que Luka permanecesse em silêncio. Ele entendeu! Eu gostaria de ser a primeira a falar. Contando até cinco mentalmente e arrumando a postura, senti estar pronta. Eu passei as costas da mão em seu rosto, como forma de carinho, com um pequeno sorriso - triste. Hoje não é o melhor dia, ou sequer a melhor hora, mas não havia razões para esconder o que eu estava sentindo. O homem a minha frente mudou drasticamente a minha forma de agir e de ver o mundo, passando de uma garotinha mimada a uma mulher segura de si. Alguns indagam, ainda, achando que a minha drástica mudança havia sido por conta de nossa heroína ou até mesmo por conta das minhas colegas de classe - estão enganados. Foi um herói em especial que me salvou de mim mesma. Eu ainda lembro do dia em que eu o conheci e, bem ali, eu soube que seríamos para sempre um do outro. A forma como ele me chamou de sua, sem ao menos nos conhecermos direito mexeu com o meu coração, quase na mesma intensidade das palavras que me disse segundos depois.
"Minha rainha."
Eu me lembro de quando o conheci, relembro aquela noite especial como um filme passando na minha cabeça, e às vezes parecia que Luka havia sido impactado por aquele acontecimento tanto quanto eu. Um akuma havia me capturado por razões óbvias de um ano e meio atrás, eu fazia muitas pessoas serem akumatizadas na época pelo meu zero senso de empatia. Para mim, eu justificava minhas ações com a frase "Eu sou a filha do prefeito". Patético demais, admito. Ladybug e Cat Noir não estavam sozinhos naquela batalha, resolveram também levar Viperion, o herói trajado de cobra, para ajudar na situação. Ele me salvou do akuma de uma forma encantadora, devo confessar. Eu fui jogada de um prédio e ele, prontamente, pulou para me resgatar e conseguiu. Viperion me segurava com força e eu o mesmo, apenas levantando o olhar vez ou outra para ver o seu rosto. O homem emitia a confiança e sinceridade que eu jamais tive. Quando percebeu que eu o olhava, Viperion sorriu para mim - fazendo minhas bochechas ficarem vermelhas.
Naquele momento eu soube, e me recusei prontamente a aceitar, que ele era único para mim. Ambos soubemos de imediato, confesso. O meu coração errou a batida em três momentos daquela noite: quando me salvou da queda terrível, quando me levou para casa e quando beijou minha mão, chamando-me de sua rainha, quando enfim ia embora. Na época eu não sabia direito o que Viperion fazia de útil, depois descobri que controlava o tempo e ele me disse que precisou de dez tentativas para conseguir me salvar. "Que heroizinho de segunda categoria você é, menino cobra." Eu falei, indiferente, quando estava na segurança da sacada da minha suíte. O herói riu, ao invés de ficar com raiva. Ou talvez sim? Talvez tenha ficado, aquele homem era uma incógnita no passado. Eu queria que ele ficasse, mas ouvi o barulho do seu miraculous gritando que já deveria voltar para onde Ladybug estivesse o aguardando. "Volte assim que possível, heroizinho. Você parece saber das coisas." E, com um aceno, foi embora.
Com o passar dos dias, ficou ainda mais difícil não pensar nele. Eu o via frequentemente nos noticiários e havia até mesmo um fanclub direcionado somente a ele, mas demorou um tempo para nos esbarrarmos novamente. Até que resolvi ser mais amigável com as minhas colegas de turma e, por consequência, viramos todas amigas muito unidas. Eu tive desafios, de fato, em ser uma pessoa melhor, mas eu me lembrava das palavras de Viperion e me sentia bem. Ladybug, inclusive, voltou a me ver como uma pessoa de confiança e me entregava, vez ou outra, o miraculous da Pollen, que eu dividia com minha irmã - éramos perfeitas juntas para o mesmo miraculous, infelizmente, mas a kwami de abelha havia me confidencializado que sentiu demasiadamente a minha falta, deixando a minha irmã com um certo ciúmes.
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Naquela Noite - Miraculous/Lukloe
Fanfiction"Boa noite, minha rainha." Se despediu, beijando as costas da minha mão esquerda, sem deixar de sorrir. As minhas bochechas esquentaram. Pareceu certo que ele me chamasse de sua, apesar de não nos conhecermos. "Volte assim que possível, heroizinho...