IX. - O tipo de garota que todos querem ter

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Puxei delicadamente Juleika da quadra, para um canto mais afastado após perguntar se ela tinha um minuto disponível, antes que Zoe e Ali chegassem ao encontro das garotas. Ainda pude ouvir, ao longe, o grito eufórico de Rose ao se reencontrar com o príncipe. Doeu os meus ouvidos e eu me estremeci, ao passo que a mulher ao meu lado deu risada. "Rose e o príncipe Ali são amigos desde a primeira vez que ele veio até Paris, sempre se falam por mensagens." Confessou, deixando-me surpresa e assustada por imaginar eles falando sobre o que aconteceu na noite anterior.

"Pensei que ela tivesse sido apaixonada por ele..." Desconversei, suspirando.

"E foi. Mas tínhamos doze anos na época, lembra? Paixão sem fundamento! É diferente do que ela sempre sentiu por mim." Juleika explicou, gesticulando com as mãos e eu, por um momento, precisei me esforçar para ouvi-la sem ficar apenas reparando em como ela ficou mais bonita ao adquirir a sua própria voz. No passado, era preciso chegar bem perto para ouvi-la.

"Deixe-me adivinhar?" Pedi, debochando, ao revirar os olhos. "Amor."

"Exatamente, Chloé." Afirmou, dando uma risada curta, ao pararmos. "Ter um amor faz bem. Já pensou nisso?"

"Infelizmente sim." Confesso, suspirando. Não tem porque mentir que, desde que Viperion me salvou, eu me imagino estando em um par. "Mas então eu me lembro de que as mulheres tendem a sempre estar um degrau abaixo do parceiro, mesmo que esta seja a mais rica. Procuro evitar um relacionamento desde então..." Não que eu esteja perdendo muito! Os meus exemplos de relacionamentos adultos não são muito agradáveis.

Juleika arqueou uma sobrancelha, confusa.

"Mas a sua mãe é casada, Chloé, e ela continua, ao meu ver, sendo uma mulher incrível." Pode ser verdade, mas, ainda sim, o meu pai consegue ser melhor do que ela. É algo bem simples na verdade, ele possui um coração bondoso demais e é o prefeito. A minha mãe tem sua agência de moda, sua revista, é uma mulher renomada no seu ramo e perante a sociedade... Porém, André Bourgeois continua com um trabalho superior ao dela fazendo com que, mesmo Audrey sendo a mais inteligente, bonita, forte e perspicaz, em qualquer lugar que ela entre, será reconhecida primeiramente como 'esposa do prefeito'. Imagine só: 'Chloé Bourgeois, esposa de um astro que abdicou das turnês para montar uma loja de instrumentos, modelo e atriz'. Apesar de tentador, faz eu me sentir pequena.

"Jul, ela continua sendo a esposa do prefeito." Retruquei, suspirando. "Eu não te trouxe até aqui para ficar falando de amor ou dos meus pais." Eu peguei a presilha, que estava dentro da minha mochila, e, depois de respirar fundo, comecei o meu discurso - segurando a presilha com força. "Preciso clarear uma situação que continua me deixando incomodada. Se importa?"

"Não! Pode falar, Chloé, o que houve?" Jul realmente pareceu preocupada.

"Eu lembro claramente de tudo de ruim que eu fiz com você e estou muito arrependida por aqueles anos." Comecei, sem deixar de encarar os seus olhos - que, até então, mantinham-se surpresos. "Não posso justificar dizendo que queria ser igual a minha mãe, mas... Eu me deixei levar. E quando aceitei Zoe em minha vida, eu estava começando a melhorar o meu comportamento... E, de fato, ela teve um impacto muito grande na minha vida. Me salvou? Talvez. Você me aceitou na sua vida mesmo que eu nunca tenha te pedido perdão por aqueles anos sombrios, o que te faz ser alguém muito melhor do que eu. Juleika... eu sinto muito. De verdade. Você é uma mulher maravilhosa e vou entender se não me perdoar, mas... eu precisava falar com você." Abri a minha mão direita e levei a presilha para próximo do seu coração, esperando que aceitasse. "Essa é uma oferta de paz por tempo ilimitado. Se aceitar, não tem mais volta." Adverti, vendo que os olhos de Juleika se encheram d'água ao olhar a presilha.

"É a sua favorita..."

"É, sim. Acredito que valha a pena." Confessei, balançando os ombros, mantendo a pose de indiferente porque, no mínimo fraquejo que fosse, eu provavelmente desmoronaria em lágrimas que mal posso conter pela emoção do momento - ainda mais quando Jul aceitou a presilha e me deu um abraço forte, como se o mundo fosse acabar a qualquer momento e, me segurar, trouxesse segurança para a própria. Eu fechei os olhos por um momento, apreciando o gesto. Abraçá-la é agradável demais e deveria ser considerado um crime.

Naquela Noite - Miraculous/LukloeOnde histórias criam vida. Descubra agora