V. - Naquela Noite, Parte I.

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"Oi, Luka!" As meninas o cumprimentaram, alegres.

"Oi!"

"Chloé, Luka. Luka, Chloé." Juleika nos apresentou brevemente, apontando para um de cada vez.

"Oi." Falamos em uníssono.

Os acontecimentos seguintes, se alguém me perguntasse mais tarde, eu não saberia responder. A minha mente entrou em processo de check-in para o Caribe, onde eu estava sozinha na praia e somando dois mais dois. Eu sei bem que pessoas diferentes podem possuir vozes semelhantes, ou até mesmo o corpo, mas não acho que seja o caso. Apesar dos olhos do Viperion serem de um tom verde, Luka me encarou com o mesmo divertimento no olhar. Eu senti as minhas bochechas arderem e me certifiquei se não haviam ficado vermelhas - seria constrangedor Rose, com sua simplicidade, me perguntar o motivo de estar com as bochechas vermelhas sem motivo aparente. Acredito que nem mesmo Ladybug desconfia quem seja o seu parceiro, então eu me pergunto como sei que eles - Viperion e Luka são a mesma pessoa. Talvez pelas frases marcantes? A minha intuição diz que são um só, pois o homem civil fez o meu estômago embrulhar da mesma forma que o herói fez quando me salvou daquela queda e me chamou de sua.

Sua rainha...

Num dado momento, acredito que foram só dez minutos, o irmão da Juleika pegou o seu violão, ainda na capa, e saiu do quarto. Fiquei tentada a segui-lo no mesmo segundo, mas disfarcei, indo somente três minutos depois. Eu fiquei curiosa sobre esse garoto, quero saber mais sobre o heroizinho que me salvou e me chamou de sua sem ao menos nos conhecermos. Quero ver se ele é realmente digno de me chamar assim, em algum outro momento, caso este o venha acontecer. A desculpa que dei para as meninas foi que gostaria de tomar um ar fresco e elas pareceram aceitar bem, talvez por quererem um tempo a sós. Encontrei Luka sentado num banco largo de madeira no convés, distraído ao mexer em seu violão. Não sei o que fazia, mas tocando era que não. Eu me aproximei devagar, como quem não quer nada, e pigarrei quando cheguei perto. Ele me encarou, com uma sobrancelha arqueada, e por um segundo eu me esqueci do que estava fazendo ali.

"Posso sentar?" Perguntei, retribuindo o olhar de forma desinteressada. Luka sorriu e concordou com a cabeça, se afastando um pouco. Evitei respirar fundo, ou revirar os olhos por sentir um frio na barriga desnecessário. O seu olhar me dava uma sensação... calorosa.

Por um momento fiquei em silêncio, observando o sol se pôr no horizonte, maravilhada pelas cores quentes que pintou o céu. Inclinei minha cabeça para o lado, cruzando as pernas - a esquerda por cima da direita, como a minha mãe havia me ensinado. Estranhamente, o silêncio ao seu lado é bem querido e confortável. Eu não tenho o que falar, muito menos ele, então Luka continuou focado no que fazia e eu, olhando para frente, quase sorrindo. Pensei em uma estratégia para que acabasse confessando que foi o meu salvador e, infelizmente, nenhuma parecia de fato certeira. O que ele acharia se eu dissesse que uma intuição me diz que ele e Viperion são a mesma pessoa? E que sinto de todo o meu coração que é verdade, sobre serem a mesma pessoa? Ele me chamaria de maluca!

Se eu falar um apelido no diminutivo, será que daria certo?

"Aqui, loirinha, pra você." Juntei as sobrancelhas na careta mais questionadora que pude, ao ver que o de cabelos pintados entregava para mim uma pulseira na cor de aço, o que jurei ser uma das cordas do seu instrumento musical que havia arrebentado - acertei na mosca. "Apesar de não ter visto nenhuma notícia de akumas envolvendo você recentemente - e Jul me contou o que aconteceu no dia que dormiu na sua casa... Aqui. Talismã da sorte para você, lorinha." Eu quase ruborizei.

Quase!

"Lindo gesto, apesar de eu já ter um..." Mordi o lábio inferior, esticando o meu braço para que ele colocasse a pulseira improvisada próximo ao meu pulso. "Obrigada, Couffaine." Agradeci, evitando um sorriso muito largo.

Naquela Noite - Miraculous/LukloeOnde histórias criam vida. Descubra agora