Parte I - Capítulo IV

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O quarto de Helena não era grande, mas apresentava um alto padrão de luxo visível aos olhos de quem entrasse. Ao julgar a personalidade da lady, era notável que toda a deslumbrante beleza daquele lugar vinha de sua mãe, Alya. Os papéis de paredes dourados que deixavam o recinto com um aspecto aurífico, combinavam bastante com alguns objetos feitos de ouro puro. Vadária era uma província rica no mineral, o que deixava a lady, sua mãe livre para esbanjar de toda essa opulência.

Estrith estava sentada com Win em seu colo em uma cadeira de madeira que, pelo menos, não mantinha o mesmo aspecto dos auríficos. Ela observava Helena, que estava do lado esquerdo do quarto, passando os dedos em seus vestidos dentro de um guarda-roupa, analisando sua cor e textura e, de vez em quando, olhando para sua amiga de canto, do alto da cabeça até a planta do pé, imaginando como a moça ficaria com tal vestimenta. Finalmente, algo que parecia ser perfeito e não tão exagerado, como Estrith gostava.

- Esse deve servir. - disse a moça em um tom baixo. Ela observa o vestido e, nesse mesmo ritmo se aproxima de Estrith.

- Vermelho. Combina bastante com o meu turbante. - disse a moça tocando na seda. Helena lança um sorriso contente, se inclinando e observando o reflexo da amiga no espelho.

- Que bom que gostou. Mas, falta uma coisa relacionada ao seu turbante. - Helena toca em uma das pontas do turbante com a intenção de tirá-lo. De súbito, Estrith colocou a mão sob a dela, delicadamente.

- Não posso ficar sem ele. Creio que você sabe... A coisa branca. - disse Estrith se referindo aos seus cabelos. A lady compreende e abaixa sua mão. - A tinta acabou. Meu pai queria que eu não viesse para cá por conta disso, mas logo mudou de ideia, porque era um momento muito especial para você.

- Eu compreenderia se você pudesse mandar um pombo ou se o senhor Garen entregasse uma carta para mim contando sobre o fato. - disse Helena. - Como amiga sua, eu me contento apenas com a sua segurança.

- Infelizmente, eu não sabia. Sua mãe bem que queria a minha ausência por aqui. - disse Estrith com um sorriso irônico no rosto.

- Sim, mas ela não pode me restringir disso. Afinal, nem o papai sabe que ela pensa mau de você. E também, logo eu estarei livre de suas ordens e baboseiras. - disse Helena. Ela volta a se erguer, ficando ereta. - Agora, vamos parar de ressentimentos e nos aprontar. A festa vai iniciar daqui a algumas horas.

- Sim, Milady. - disse Estrith ironicamente, pegando delicadamente com a ponta dos dedos em seu vestido simples, se inclinando sua cabeça em reverência.

- Pare com isso! Parece bobo. - disse Helena, rindo. A lady toca acaricia a cabeça do galo que estava dormindo relaxadamente. - A propósito, por ser uma festa de alto padrão, não vai poder levar o Win com você.

- Entendo, mas onde ou com quem eu irei deixá-lo? - perguntou Estrith.

- Eu já pensei nisso. - a lady vai até a cômoda onde ficava o espelho e pega um pequeno sino, balançando o mesmo, fazendo-o tinir. De repente, se ouviam barulhos de passos no corredor. Eram frenéticos e, a medida que se passava os milésimos, o som parecia mais perto. A porta abre. Celine entra no quarto delicadamente.

- Sim, milady? - perguntou a mulher inclinando-se em reverência. Helena faz um sinal com a mão para que se aproximasse. Ela obedece. Ao se aproximar, Celine percebe que a pessoa sentada na cadeira era Estrith. - Olá, senhorita Estrith. Que prazer em vê-la novamente. Veio sozinha para a Festa da Primavera?

Pentandade Lendária: A Estigma DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora