Parte I - Capítulo VI

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Hora da dança. O momento mais doce para os casais nobres naquela altura da festa. Cada um se junta com seu par para bailar compassadamente ao som da doce e pequena orquestra que tocava naquele salão. Os olhares apaixonados que pairavam sob as almas gêmeas presentes naquele recinto perdiam o foco de tudo e todos. Não havia espaço, não havia tempo. Apenas dois corações desfrutando a presença um do outro. Tudo parecia lindo, mas por trás das cortinas, a história era completamente diferente.

- O quê você estava sussurrando ao ouvido de Garen, lorde Ansemund? - perguntou Erick olhando fixamente para as pessoas dançando no meio do Grande Salão. O lorde torna a olhar para seu rei.

- Estava apenas lhe dando os parabéns. Não é todo o dia que um homem tem a honra de ser homenageado pelo seu rei pessoalmente. - respondeu o lorde com um sorriso. O rei fez uma breve pausa na conversa olhando para os convidados.

- Fico pensando... Quão rica é a província de Vadária. Ela poderia ser mais segura também. Muitos soldados. Isso seria um prestígio. "A província mais segura de Garfinia" é o que diriam. - comentou o rei, franzindo o cenho.

- Por quê esse comentário, senhor, meu rei? - perguntou Ansemund um pouco confuso. O rei leva sua taça a boca e beberica um pouco de vinho.

- O general Arkyn me falou de dois insurgentes que estavam desobedecendo meus decretos e leis. Um deles é o seu amigo, Garen. Um homem bom, mas imprudente. - respondeu Erick. O mesmo mexia na sua taça, fazendo movimentos circulares. O vinho rodava próximo as bordas quase que extravasando. Ouvir o nome do ferreiro sair dos lábios do rei era como uma pontada no coração.

- Creio haver algum engano...

- Então, está dizendo que minha confiança ao meu leal soldado é uma burrice? - perguntou sutilmente o rei, olhando para o lorde com um sorriso sarcástico.

- Não, majestade. - disse Ansemund, curvando levemente a cabeça para o chão. O portão abre. Foger atravessa o salão a passos rígidos e consistentes. "Essa noite vai ser longa... Temo pela vida de Garen" pensou o lorde. Após fazer o cumprimento da armada real e de se ajoelhar na presença do rei e do lorde, o mesmo se aproxima de Erick, falando com ele, cochichando ao seu ouvido esquerdo. Ansemund apenas os observa de canto sem nenhum reação, apenas quando o rei o olhava, o mesmo desviava o olhar para os convidados. O nobre começa a ouvir um cochichar diferente. Erick respondia para Foger da mesma forma. Sorrindo para o lorde de Firdharen de canto, Ansemund engole em seco. Parecia um pouco tenso, mas precisava manter sua postura para não levantar suspeitas.

- Bom ter soldados ativos assim. Sempre alertas. Me orgulho bastante da armada real. - disse o rei, dando dois toques consecutivos no ombro esquerdo de Foger, que se inclina em reverência e segue em retirada. - Agora não sei se posso dizer a mesma coisa dos meus lordes. Até porque eles tem poderes e riquezas suficientes para tentarem uma revolução. Não concorda, lorde Ansemund?

- Meu senhor, não teria coragem de cometer tal ato de rebeldia. - disse o lorde mansamente. O rei mexia sua taça com movimentos circulares de maneira pensativa, mas rapidamente um sorriso de canto toma conta do seu rosto.

- Você vai ter a oportunidade de provar isso em breve, Ansemund. - disse Erick bebericando mais um pouco de vinho.

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Pentandade Lendária: A Estigma DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora