Parte II - Capitulo I

2 0 0
                                    

───※ ·1· ※───

Passos se ouviam pelos corredores. Eram brutos e diferente do estalado que um geta fazia. Ecoava gravemente pelo piso madeiro do templo que os monges mais próximos do ruído conseguiam ouvir claramente. Com o tempo, o som parecia mais distante para aqueles que o escutavam. Só que não soavam apenas passos aquela altura, mas também uma voz feminina que parecia um pouco ansiosa. Estava procurando alguém: Tamaki. O fusuma do quarto da jovem monge se arrasta rapidamente batendo contra a outra extremidade repentinamente.

- Parece que alguém enfim reagiu. - disse Tamaki olhando para o reflexo de seu espelho: era Estrith. Seu cabelo desregular e sua pele pálida que não retratavam bem a determinação de estar ali chamavam a atenção da monge. - Nesse estado, me admira você chegar apenas com seus pés. Realmente, você é especial.

- Quero ficar forte e resolver esse assunto que tanto machuca todo mundo! - disse a jovem não dando importância ao que Tamaki falou. A mesma se levanta e torna na direção de Estrith fitando seus olhos de maneira que transparecia calmaria.

- Você diz isso por justiça ou por vingança? - perguntou Tamaki a garota. A respiração desregular e a emoção que era exibida no rosto de Estrith fez com que a monge entendesse a resposta de imediato. A adolescente ergue sua mão e toca levemente o rosto de Estrith, que era mais alta. - Venha comigo.

Estrith acompanha Tamaki para fora do quarto. A monge encosta o fusuma no lugar e segue pelos corredores até a sala do mestre Hakudo. Chegando no local, a jovem devota se retira o seu geta apressadamente. Ela olha para Estrith rapidamente.

- Para entrar lá dentro você... - ao passo que estava falando, os olhos de Tamaki percorrida o corpo da jovem avulso até chegar aos seus pés que, para sua surpresa, estava descalça. - ...Espera, você anda sem calçado nenhum?

- Sai do meu quarto sem calçar minhas sapatilhas. - disse Estrith. A monge apenas acente pensativa.

- Esqueceu que aqui é um local de adoração, senhorita Tamaki? - uma voz ecoou a frente delas. Era o senhor Hakudo sentado ao chão com as pernas cruzadas e olhos fechados para a estátua da deusa Ashya.

- Desculpe-me, mestre! - respondeu a monge curvando repentinamente seu corpo em reverência ao seu superior.

- Não é a mim que você deve se desculpar. Depois de falar o que deseja, se ajoelhe e faça a "Prece dos Mil Passos". - disse o idoso com um tom mais severo. Tamaki apenas acente e se aproxima do mesmo lentamente.

- Eu trouxe essa jovem aqui, pois ela deseja fazer algo por nós: Estrith deseja por um fim nisso. - disse Tamaki. Hakudo olha para as duas de ombro e, não mostrando nenhuma expressão, volta a sua posição anterior.

- Deseja fazer isso por vingança ou por justiça? - perguntou o mestre. Estrith dá um passo a frente e serra seus punhos. Um expressão heróica e destemida toma conta jovem.

- Desejo fazer justiça! - disse a jovem. Hakudo se levanta, apoiando-se em seu cajado e torna a direção das garotas com um olhar pensativo para o lugar.

- Esse lugar é fundado na pura justiça. Aquela que é, sem dúvida, a correta imposta por Ashya. Cada pedra nesse templo foi alicerçada sob o amor e a misericórdia. Nossas mãos nunca tocaram uma arma e nunca derramaram sangue. E isso você tem que entender. - discursava o idoso passeando ao redor delas.

- Sim. Eu compreendo. - disse Estrith com um pesar na língua. Ele sabia e ela também sabia que suas intenções não eram as mesmas que sua boca justificava. Seu coração ainda amargava com o que acontecera a ela e seu falecido pai. Queria subjulgar seus algozes com sua fúria. Queria vingança.

Pentandade Lendária: A Estigma DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora