Parte II - Capitulo IV

2 0 0
                                    

───※ ·1· ※───

"Algumas semanas de viagem". Foi a estimativa de alguns andarilhos que passavam pelo condado de Tocerya falando sobre o caminho até a província de Kanir. "A cavalo, talvez duas semanas. Vocês estão no meio de Garfinia, enquanto Kanir fica ao desértico Oeste" disse um velho moreno com a pele enrugada pelo Sol e com um cajado na mão. Um manto cobria sua cabeça, o que tornava sua pele mais escura quando a luz pousava sob suas costas.

Merina estava com medo da reação do lorde Kamus Nadrarys com relação a sua ida para lá. Resolvera, então, mandar uma carta por meio de um emissário:

"O Condado de Tocerya envia saudações ao grandioso lorde Nadrarys! A casa Tocerys reconhece a soberania de Kanir acima de tudo e a força do seu digníssimo povo. Somos pequenos na mão de um rei fraco. Um rei que está nos ameaçando assim como ameaçou vocês um dia. Mas a bravura de Kanir prosperou sobre a monarquia de Garfinia. Precisamos de sua ajuda para que possamos impedir que uma possível rebelião se instaure na província de Estera. Sabemos que o seu povo forte seria mais do que o suficiente para nos ajudar. Solicitamos apenas um pequeno grupo de mercenários espiões que possam enxergar onde não alcançamos. Lhes suplico ajuda.

Atenciosamente, Merina Tocerys"

O resultado dessa carta chegou em um mês: um homem com roupas negras, um lenço que cobria seus lábios e um olhar seriamente penetrante chegou no condado com uma bolsa que mais parecia um saco. Ele se identificou como emissário de Kanir e os guardas lhes deixaram entrar. Ele apenas seguiu o caminho até a sala da Triarquia. Ao abrir o portão, o mesmo se depara com dois guardas impedindo sua entrada. Ele os observa de maneira atenta e cautelosa, prestando atenção a postura, como se estivesse a procura de um ponto fraco. Um deles torna em direção aos condes:

- Aguarde as ordens dos condes! - disse o soldado ainda olhando para os seus líderes esperando alguma posição da parte deles. O emissário puxa uma adaga, rodopiando em volta dos dedos e enfia na garganta do homem que, cambaleante, cai no chão, esguichando sangue pelo pescoço enquanto tentava não morrer afogado em seu líquido carmesim. O mercenário torna na direção do outro guarda, puxando sua lança e dando um chute no peitoral da armadura.

- Não tenho tempo para as frescuras da realeza! - disse o homem andando em passos lentos até o meio do recinto. Ele encara os nobres, abrindo a bolsa e jogando a cabeça do emissário enviado sob o chão. As moças ficaram pasmas, principalmente Merina que deveria ter ido para lá. Ela engole em seco e observa o homem tentando manter sua postura autoritária, mesmo que trêmula. A moça olha para sua irmã e seu cunhado, ambos estavam esperando Merina dizer algo, sabendo que isso era de responsabilidade dela. - Nunca mandem emissários para Kanir, se quiserem que Kamus não se irrite. Aprendam de uma vez por todas isso. Foram vocês que pediram ajuda e são vocês que devem ir conversar diretamente com ele.

- Não sabíamos desse fato. Peço que nos perdoe, senhor. - disse Merina inclinando sua cabeça.

- Não peça perdão a mim, mas ao lorde Nadrarys por isso e ao emissário que vocês mataram em vão. A propósito o lorde está esperando uma conversa sobre isso.

- Como assim? - perguntou Sotrena. O homem deu uma leve risada e se aproxima mais ainda.

- Quem foi responsável pela maldita carta? - perguntou o homem. Os nobres se entreolharam bastante nervosos. Sotrena e Vandalard olham para Merina. A mesma se levanta de uma vez batendo a mão sob a mesa.

- O que você quer de mim? - seu rosto transparecia raiva e medo. O homem observou ela de cima a baixo e lançou um sorriso bastante sugestivo.

Pentandade Lendária: A Estigma DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora