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Foger estava encostado no muro que cercava a cidade. Não havia mais ninguém na Rua dos Ferreiros, pois todos tinham se dirigido a Praça Real para comemorar a primavera. Porém, ele sabia que um local estaria com as luzes acesas: a botica. Surgindo da sua a direita, um grupo de cavaleiros vinham se aproximando do soldado e, ao chegarem perto, o cumprimentaram.
- Qual a situação? - perguntou Foger para os subordinados. O soldado que estava no meio dos outros deu um passo a frente.
- Senhor, como previsto, as luzes da botica estão acesas. Dava para ver o reflexo pela fresta de baixo. - disse o militar. Normalmente, em eventos como o festival da primavera, muitas pessoas se disponham a comprar perfumes para suas esposas ou, no caso de algumas meretrizes que desejavam agradar seus clientes, para si mesmo. Fora isso, havia alguns casos de má digestão por conta da farta comida oferecida na festa e isso motivava pessoas a comprar remédios. Todos esses fatores faziam com que a botica fosse essencial o dia todo. - Além disso, nós analisamos o todo o perímetro da loja e percebemos que ela tem uma porta aos fundos. Porém tivemos dificuldades para passar ali, pois o beco que leva ao local é muito estreito.
- Algo mais? - perguntou o homem. O soldado apenas balançou a cabeça, respondendo negativamente. - Certo. Vamos executar a ordem do general. Peguem aquele insurgente e o seu filho sem cometer nenhuma falha. Caso o contrário, vão sofrer no lugar dele. Snyder, vá com o Griffen para a porta dos fundos. Vocês são magros, acho que já entenderam o melhor jeito de se enfiar ali. Lenbren e Derick, venham comigo.
───※ ·2· ※───
- Hora de fecharmos, pai. - disse jovem para Hidengoyle, olhando o relógio de parede que fica do lado direito do balcão. O pêndulo se movimenta lentamente e àquela hora da noite, facilmente poderia hipnotizar alguém por conta do sono. O boticário sai de sua cadeira encostada perto do relógio e se aproxima da porta atrás do balcão que levava a um improvisado laboratório. Apalpando seus bolsos, o homem queria encontrar suas chaves, porém sem sucesso. - Aqui, pai.
- Ah, sim. Obrigado, Kevin. - disse Hidengoyle esticando o braço e pegando a chave da mão do seu filho (a mesma estava debaixo do balcão) com um leve sorriso de canto. Ele torna novamente à porta e coloca a chave no cilindro. De repente, ouve-se um barulho vindo da porta da frente. O homem olha de ombros para trás. - Quem será...?
- Deve ser algum cliente em busca de perfumes... - disse Kevin, olhando para porta franzindo o cenho. As batidas ficam mais fortes e pareciam desesperadoras. - ...Ou então, alguém em busca de remédio urgentemente.
- Não sei. - Hidengoyle caminha rapidamente em direção a porta. "Talvez Kevin tenha razão" pensou o boticário. De repente, batidas estrondosas vinham da porta em compassos perfeitos. A cada segundo, um estrondo. O homem torna na direção do seu filho. - Rápido, Kevin! Apague a luz e vá para os fundos!
- sim, pai! - disse o jovem aos susurros. Usando um objeto metálico, o jovem passa em todos lugares onde havia uma vela acesa ou um castiçal, colocando o metal em cima das chamas, para cessarem. Rapidamente, deixando o artefato sobre o balcão, ele segue em direção a porta que levava ao laboratório. A mesma já estava com a chave no cilindro, o que facilitou ter uma abertura rápida.
Com as luzes apagadas não se conseguia ver nada, apenas um lumiar vindo da fresta do lado de fora que poderia ser das tochas acesas que iluminavam as ruas. Possivelmente eram, pois se ouvia o crepitar das chamas. Hidengoyle se esconde, agachado, por trás de uma estante do lado direito da sala, precisamente do ponto voltado para o balcão. Subitamente, a porta é derrubada. Olhando de canto para a saída da botica, o homem avista duas silhuetas com um leve brilho reluzindo deles. "Armaduras... Ah não! Cavaleiros!" pensou o boticário. Elas se aproximavam do cômodo lentamente. "Vocês vão para os lados. Eu sigo pelo meio" ouviu o homem. Esgueirando-se do lado inverso e na direção oposta do soldado que estava seguindo pelo lado direito, o homem procurou sair daquele lugar. "Meu filho deve ter saído e está a salvo" pensou Hidengoyle. De repente, barulhos de vidro sendo estilhaçado ecoavam do laboratório. Os cavaleiros, ao ouvir o estampido, seguiram para o local que estava com a porta apenas fechada no trinco. "Kevin!" exclamou o homem em sua mente. Voltando-se e caminhando sorrateiramente para o balcão, o boticário pega uma adaga que estava uma bainha amarrada a sua perna. Ele a segurava firmemente, esperando o penúltimo soldado entrar no laboratório. Ao sinal esperado, Hidengoyle coloca sua mão direita na boca de um dos soldados, suprimindo o grito, e enfia a adaga em seu pescoço. Lentamente, o homem põe o militar no chão. O sangue aspergia rapidamente, espalhando-se no algoz e nos frascos de perfumes debaixo do balcão. Suas pernas agonizaram batendo contra o piso de madeira.
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Pentandade Lendária: A Estigma Divina
FantastikNo grande reino de Garfinia, uma jovem chamada Estrith vivia junto com seu pai desfrutando de uma vida humilde. Porém, após um certo incidente, Estrith se encontra sozinha para, a pedido dos monges do templo da providência de Hagasashima, recuperar...