Parte I - Capítulo VIII

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Todas as carruagens e carroças da caravana real estavam a postos nos portões da cidade. Arkyn rodeava todos os transportes verificando a bagagem de alguns nobres e serviçais para ver se não havia nenhum utensílio que poderia ser ameaçador ao rei. Como se não bastasse a dor de cabeça que latejava compassadamente e lhe causava incômodo, ainda precisava agir ativamente com o seu serviço.

Depois de tudo confiscado, o general decide se retirar para a sua carruagem. "Eu não queria me rebaixar a tanto, mas meu corpo insiste em me incomodar com dor tamanha" pensou o militar suspirando profundamente. Ele começa a caminhar em direção ao seu transporte até que avista o rei, acompanhado de dois soldados, um do seu lado esquerdo e outro, do direito, se aproximando rígida e rapidamente em sua direção. Erick lança um sorriso de canto ao observar o militar parado, observando-o.

- Você está acabado, general. - disse o rei com uma leve risada. Ele lança os olhos sob a faixa amarrada em sua cabeça, franzindo o cenho. - Creio que não seja grave.

- Não, majestade. Foi apenas uma contusão. - comentou Arkyn tocando levemente na faixa com o dedo indicador esquerdo. Aquele toque suave ainda lhe rendeu um instante rápido de dor, fazendo-o espremer as pálpebras contra os olhos.

- A missão foi um sucesso, eu presumo. - disse o rei com um sorriso de canto. Um dos soldados abre a porta para Erick e o mesmo entra rapidamente. Não era uma carruagem confortável para um rei que se acostumou a sentar em lugares mais acolchoados, porém aquilo servia. Ele não fazia questão de reclamar. Fazia as vontades de sua mãe, desde que ela não interviesse nos seus assuntos.

- Majestade, creio que não é um lugar confortável para conversarmos sobre. - disse Arkyn olhando para o rei um pouco confuso. O jovem lança uma risada irônica.

- Não tenho opção. Minha mãe queria conversar com Helena. Não faço ideia dos assuntos. Porém, isso não me interessa. - disse Erick com um olhar indiferente. O mesmo bate duas vezes com a mão esquerda em um assento na sua frente. Arkyn entende o comunicado silencioso e obedece. - Voltando ao assunto...

- Sim, majestade. - disse o homem se sentando. - Garen está morto.

- Sei que deve se sentir mau por isso. Eu me sentiria. - disse o rei levantando as sobrancelhas. Arkyn suspirou.

- No começo, relutei em fazer. Mas, se sentir apunhalado duas vezes, uma por insurgência contra o rei e outra por trair seu melhor amigo, para mim foi o cúmulo!

- Nenhum homem com o coração de Garen pensaria duas vezes entre escolher a própria filha ou o rei. - disse Erick se encostando na madeira da carruagem.

- Mesmo assim, já está feito. - disse Arkyn tentando não se convencer dos motivos que o rei apresentou. Erick aparentava ser controverso. Mostrava bons argumentos para a defesa de alguém, mesmo que aquela pessoa, na sua concepção, merecesse a morte. Ele gostava de fazer esses jogos de falsa empatia para usar de persuasão para com as pessoas a sua volta. Era manipulador e o militar notava isso. - Porém, não foi feito completamente.

- Como assim? Você não matou a garota? - perguntou o rei franzindo o cenho. Arkyn engole em seco, olhando para o rei seriamente.

- Tentei, mas um homem apareceu e conseguiu me derrotar. - disse Arkyn. "Não direi que foi com pouco esforço" pensou o militar. - Ele estava vestido de camponês. Era gordo e tinha cabelos curtos.

- Você perdeu para um gordo!? - o rei olha para a janela e solta um risada morta e sarcástica, balançando a cabeça negativamente. Um dos soldados que o acompanhou ainda estava a porta da carruagem. - Sir, mande a caravana seguir viagem.

Pentandade Lendária: A Estigma DivinaOnde histórias criam vida. Descubra agora