David (Parte 3)

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Eu esperava mais de mim

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Eu esperava mais de mim. Achei que eu fosse um homem mais maduro. Ao que parece, cinquenta anos de vida não foram o bastante para que eu aprendesse a não criar expectativas bobas em relação a garotos como o David. Pessoas como ele vêm e vão. Vocês são todos iguais, são todos igualmente inconstantes. Ele havia saído num sábado à noite para se divertir e eu havia sido o objeto de sua diversão, nada mais. Será que até quando vai ser tão difícil aceitar esse fato? Ele tem a idade do meu filho. Eu, como homem maduro, não deveria estar aqui sofrendo por ele e pensando na bunda dele antes de dormir. Como eu queria que ele estivesse de quatro aqui na minha cama. Como eu queria bater nele de novo... Se ele engolisse meu sêmen só mais uma vez talvez eu tivesse alguma esperança de voltar a ser feliz... Durmo, sonho, acordo, sonho acordado. Agora restou em mim uma ânsia da qual não consigo me livrar por mais que eu me esforce. (...durmo, sonho...) Durante o trabalho, me pego tendo fantasias sexuais. Me imagino comendo o rapaz da secretaria, me imagino passando a mão no novo professor do Intermediário... Eu penso constantemente em quebrar a vassoura desse moço da limpeza, bem aqui no meio dessa sala enquanto ele limpa. Imagina só a cara dele de surpresa e de medo quando eu subitamente me levantar dessa cadeira onde eu finjo estar concentrado na tela do meu laptop apenas para arrancar-lhe seu instrumento de trabalho e parti-lo, assim, do nada, contra uma parede ou contra aqueles quadros idiotas com meus certificados, e eu imagino também o estrondo que isso vai causar e o susto no rosto rosado dele. No meu próprio rosto: selvageria, insanidade, perversão. Eu pegaria ele pelos pulsos e gritaria com ele. Eu diria: você nunca faz esse trabalho direito, mas que merda! E a essa altura o meu pau já estaria bem duro e é aí que ele se assustaria de verdade. E então eu começaria a apalpá-lo e a beijá-lo no pescoço com muita luxúria e muita vontade e logo nós dois estaríamos brincando de cavalinho bem em cima daquele tapete peludo, azul-bebê, e através da janela, por onde entra essa luz gelada desse dia horrivelmente frio, aqueles caras do prédio lá do outro lado da rua, no andar da academia, estariam olhando curiosos para a cena, tentando de tudo quanto é jeito não ter uma ereção, como estou tendo agora, enquanto eu olho pro volume das nádegas desse filho de uma puta que não para de me provocar enquanto enrola varrendo inutilmente esse chão que já está bem limpo na verdade... David. O nome vem e vai em meus pensamentos. Eu queria espancá-lo, eu queria deixá-lo todo roxo e vermelho de tapas e agressões inofensivas, só levemente dolorosas, já que eu ainda tenho um pingo de consideração por ele. Ah, David... que saudades que eu sinto de ser cruel com você... amorosamente mau, violentamente doce. E se eu começar a tocar punheta aqui mesmo? Enquanto o rapaz ainda limpa a sala? Eu poderia fingir que estou tentando esconder o ato dele. Assim que ele olhasse, eu poderia demorar um só segundo para esconder de novo o meu pênis dentro da calça. Será que ele se chatearia? Será que ele iria denunciar o diretor para alguém? Mas pra quem? Se eu sou a autoridade máxima aqui? Acho que eu vou colocar o meu pau pra fora e continuar digitando como se nada tivesse acontecido. Então vou pedir que ele me pegue um copo d'água, só para derrubar o copo quando ele trouxer, aí eu vou começar a xingar, todo estressado, e falar que foi culpa dele. E então, quando ele começar a enxugar a mesa e a arrebitar aquele rabo na minha direção eu posso simplesmente apertar a bunda dele e depois disfarçar como se eu não tivesse feito nada! David... Eu não costumava ter esses pensamentos, eu não costumava me distrair aqui no escritório antes de te conhecer. Minha vida estava calma e tranquila, agora vivo num inferno de sonhos acordados, de fantasias insanas, doentias e hostis. O que foi que você fez comigo? Por que você me deixou? Eu não consigo deixar de olhar para o meu próprio Instagram em busca de respostas. E se eu tivesse ostentado um pouco mais, e se tivesse prestado mais atenção no modo como tiro minhas fotos, para parecer descolado como você, para parecer popular como você... será que você teria gostado mais de mim? Se eu tivesse o dobro de seguidores, ou se ao menos eu tivesse mais seguidores do que pessoas que sigo, será que você teria pensado duas vezes antes de parar de me responder? Talvez eu devesse repensar o modo como me mostro na internet. Talvez eu deva comprar roupas mais caras, relógios Rolex, mais o que você quer? Fotos em barcos, em piscinas de hotéis, com palmeiras à vista, é claro. Será que isso teria sido o suficiente? Selfies diárias na academia. Carros. Sim. Eu deveria ter deixado bem claro que eu tenho um carro. Aquele dia ele estava emprestado com o meu irmão, mas eu tenho um carro. Será que se eu tivesse dito isso teria sido diferente? Eu disse que trabalhava numa escola de idiomas, mas não disse que era o diretor. E se eu tivesse dito teria mudado alguma coisa? Eu não consigo parar de me culpar pelo fato de você ter desaparecido... Eu não sei mais o que fazer. Agora estou sozinho na sala, e até poderia bater uma bronha se não tivesse perdido toda a excitação enquanto pensava, outra vez, nos motivos pelos quais você visualizou e não respondeu minha última mensagem. David. Por que você teve que ser tão cruel comigo, David?

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