Como tudo começou

16- Félix sai de cima de mim.

Depois daquele horrível ocorrido, a professora insistiu que eu não assistisse mais nenhuma aula sequer, porque segundo ela não tardará para eu ir parar num hospício e com uma camisa de força.

Ela insistiu tanto que eu fosse falar com uma das psicólogas do colégio, mas é claro que eu não fui! Tenho total certeza sobre o que eu vi, o que me tira do sério, é que ninguém consegue acreditar, todos agora tem certeza que sou maluca, é que antes eles já suspeitavam disso... eu disse todos não é? Mas eu me esqueci do meu maravilhoso amigo Félix, esse daí não acha que estou maluca, mas sim acha que estou assistindo muitos filmes de terror.

A professora pediu que ele me acompanhasse até a psicóloga e depois para o meu quarto que inclusive está uma bagunça!

Foi difícil convencer aquele cabeça de nariz que eu estava bem e que não precisava de nenhuma psicóloga.

-Sabe, eu ainda acho que devemos ir falar com a psicóloga, ainda dá tempo Helena. -Félix diz sentando logo em seguida na minha cama.

-EU.NÃO.VOU! Entendeu ou quer que eu desenhe?- Digo sem paciência nenhuma enquanto andava por todos os lados do meu quarto com as mãos sobre a cabeça. -Félix, cara eu acabo de te deixar livre da aula de matemática que iríamos ter agora, e é assim que você me agradece?

- É, eu sei, a tua imaginação hoje me salvou dessa aula, o meu cérebro agradece. - Ele fala com deboche. -Mas Helena é sério, acho que pode ter algum problema com você, eu não sou psicólogo mas já fiz muitas pesquisas sobre psicologia, podemos falar sobre isso com calma, de acordo com as minhas pesq...

-Céus! Félix cala a boca! Eu sei o que estou falando entendeu? Não estou ficando maluca coisa nenhuma e escuta aqui, não quero saber das tuas pesquisas e mais se você não calar a boca eu vou enfiar...-Digo entre dentes, com sangue nos olhos e tirando o meus sapatos, mas infelizmente fui interrompida.

-Amiga que história é essa que você ficou maluca de vez? -A porta estava encostada e Hannah entrou que nem um furacão dizendo isso.

Ah não!!! Só faltava isso para completar o maravilhoso dia que estava tendo, além de estar morrendo de raiva agora estou me sentindo super culpada, pois a minha bela amiga destrambelhada acaba dando um belo beijo no chão, pobre não tem um minuto de paz, é impressionante isso.

Me sinto totalmente culpada com essa queda da Hannah, porque estava andando que nem uma doida pelo quarto e eu tinha notado aquela desgraçada casca de banana no chão bem do lado da porta, mas nem vou botar culpa na inocente da casca de banana, a Hannah também é culpada, essa garota parece que nasceu no dia de tropeçar, na moral ela é muito desastrada...mas culpa mesmo é da macaca fofoqueira!

É muita coincidência a casca da banana estar bem do lado da porta, que é também onde a cesta de lixo fica. Tenho certeza que a macaca fofoqueira foi pagar de jogadora de basquetebol e acabou deixando a casca cair no chão e não na cesta de lixo, eu nunca vi alguém ter um amor incondicional como a Luna tem por bananas.

Toda essa situação acabou por me tirar uma risada, porque na real foi muito engraçado ver a doida da minha amiga no chão queixando de dores e rindo de si própria...mas o pior não foi isso não, o pior foi o Félix que resolveu dar uma mãozinha para Hannah se levantar, enquanto a mesma ria sem controle, ao puxar a Hannah para cima ele acabou por cair em cima dela e as testas deles bateram um no outro.

-Só espero que nenhum de vocês foram cornos um dia, porque imagino que uma chifrada nas testas dói pra caramba. - Digo me encostando na parede e tapando a minha boca com uma das mãos, não aguentava mais rir dos dois naquela posição.

-Da pra calar a boca?? -Disseram os dois juntos.

-Claro que dá! -Falo toda risonha e fazendo um gesto de redenção com as mãos para cima.

[...]

São 3 da madrugada e ainda estava acordada, não conseguia parar de pensar na pessoa que me vigiava hoje mais cedo.

Bom, as meninas estavam dormindo ou meio que dormindo sei lá, porque do nada escuto a voz da Hannah dizendo: "Félix sai de cima de mim", o tom de voz que a destrambelhada tinha era de uma criança. Depois o cargo de ser lele da cuca vem toda sobre mim, que injustiça!


Continua...