01|Karasuno.

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Tudo aquilo foi demais, ao menos para mim.

  EU ESTAVA EXTASIADA, ao saber que pude entrar no colégio Karasuno, enquanto o ano letivo acontecia. Entrei no segundo semestre, em agosto.

Meu irmão, quase gêmeo, pulava de felicidade ao ver a carta de admissão em minhas mãos. Tadashi trazia consigo um sorriso irradiante, um lindo e puro sorriso.

— Você conseguiu — Tadashi fala, segurando meus ombros. — Você entrou e vai ficar comigo!

Desde o começo do ano, quando entramos para o ensino médio, Tadashi Yamaguchi, meu irmão, dissera que se sentia sozinho sem mim, porque segundo ele: não era como no ensino fundamental.

Eu, no entanto, não estava certa sobre a minha admissão, mas mesmo assim, iria. Apenas para fazer meu irmão feliz, eu seria capaz de sacrificar minha felicidade um pouco que fosse.

Ao ver Tadashi tão feliz, como eu poderia estragar o clima, e dizer: "mas eu fui aprovada na minha escola de artes dos sonhos". Era um sonho que eu deixaria guardado na caixinha, porque colocava a felicidade dele acima da minha.

Ele me contara que o colégio era incrível; que eu teria inúmeros amigos e que o clube de artes era enorme. E, embora não fosse o clube de artes da minha escola dos sonhos, era a escola dos sonhos de Tadashi, então, em breve se tornaria a minha também.

Eu sorria de forma radiante para Tadashi, até que ele — depois de umas 7 vezes feitas — pegou o papel, e começou a ler novamente. Perguntei-me o porque ele olhava tanto para a minha carta de admissão.

Seu sorriso de orelha a orelha foi se desmanchando, sem me deixar pistas sobre o que acontecera. Ele apenas olhou para um ponto fixo na parede e murmurava palavras de negação, além de balançar a cabeça como se fosse ajudar a esquecer o que lera.

— O que há, Tadashi?

— Você...e...

Pensei no pior. Talvez ele tivesse percebido que a minha nota no teste tinha sido baixa, e por isso, demoraria a me acostumar com o ambiente. Ou talvez, toda sua convicção de que "S/n devesse estudar junto comigo" tivesse partido.

— Fale! — insisti, mas já estava perdendo a paciência.

Tomei-lhe o papel em mãos, lendo para verificar se havia algo errado. Eu li e reli, ao menos umas cinco vezes, mas não conseguia ver algo que me deixasse tão perturbada quanto Tadashi estava.

— Tsukishima...você...mesma sala...terceira guerra mundial...granadas...

Eu soltei um riso fraco. Não era para tanto esse drama, mas era para algo; e eu não duvidava da terceira guerra mundial.

Acontecia que eu e o melhor amigo do meu irmão — que talvez fosse meu melhor inimigo — estudaríamos na mesma sala. Eu não via nada demais, mas Tadashi enxergava o pior dos cenários.

Realmente, eram raras — se existiam, na verdade — as vezes que eu e Tsukishima estávamos no mesmo lugar e não causássemos nenhum tipo de confusão.

Enquanto deixei Tadashi em sua lamentação, corri para atender a porta que acabara de receber batidas.

Abri e dei de cara com o loiro alto, talvez com 1,90cm é um sorriso sarcástico no rosto.

— Não passou, não é? Estou ouvindo as lamentações de Yamaguchi.

Aquela esquisita mania de arrastar os óculos até o início das sobrancelhas com o dedo anelar e o do meio se fez presente, ao passo que Tsukishima a fazia toda vez que queria demonstrar seu sarcasmo.

— Entre, girafa humana — bufei enquanto ele passava por mim. — Para a sua tristeza e alegria de todos, eu passei, Kei-zinho.

Ele me olhou torto, e seus olhos expressavam o mais sincero "vai tomar no cu" que eu tinha visto em toda a minha vida.

— Então por que Yamaguchi está pensando na morte da bezerra? — ele apontou, balançando a cabeça.

— Porque... — tentei fazer suspense. — Somos da mesma sala! Tcharamm!!

A cara que ele fez foi impagável. Simplesmente, seu queixo caiu e a mão cobriu a boca, enquanto os olhos arregalavam.

Sorri maldosa para Tsukishima, sabendo que isso o irritaria. E irritara. Ficara tão irritado que bufou, marchou até Tadashi e chacoalhou seus ombros. Olhar aquela cena me fazia gargalhar, tanto que meu abdome doía entre as pausas que eu fazia.

— Vou virar sua vida de ponta cabeça, metido — mostrei a língua, como uma criança birrenta. — E pode apostar que me sentarei bem ao seu lado, te perturbarei todas as aulas que puder, e sempre que conseguir, vou até o ginásio para irritá-lo gritando como você é ruim no esporte que joga.

Tsukishima ainda parecia inconformado. Parecia que todos os seus neurônios, com suas funções, tentavam achar uma solução. Com certeza, ele já tinha pensado em todos os estágios de sua vida comigo.

E ele estava fodido.

— Eu estou decepcionado. Gostaria que uma menina linda entrasse na minha sala, uma linda e inteligente garota. Mas recebi você. Quão amaldiçoado posso ser somente por isso?

Estalei a língua e lhe mostrei meu dedo do meio quando Tsukishima disse isso. Logo, começamos a nos xingar continuamente. Se não fosse meu irmão, tínhamos descido o cacete um no outro. Brigado feio.

— Deixa eu bater nesse folgado! — tentei pular até Tsukishima, mas Tadashi me segurou e me reteve. — Me solta!

Tsukishima tinha o mais sarcástico e maldoso sorriso em seu rosto. Eu queria arrancar aqueles dentes e perguntar como ele iria sorrir assim.

— Sabe...você é quase um homem, de tão feia.

— Tsukki! Não complica!

— Estou falando somente a verdade, Yamaguchi. Ela pode doer, mas doa a quem doer, não é?

Eu espumava de raiva das suas provocações.

Mandei ele tomar no cu antes de subir as escadas até o meu quarto, não sem antes mostrar o dedo para ele.

playlist para a fanfic:

https://open.spotify.com/playlist/6RNMfpkhJk3kbPfFozI8kl?si=lz6XV3AMRt6JCfm2yzaLCA

𝐍𝐀𝐌𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀, tsukishima kei. Onde histórias criam vida. Descubra agora