06|Grande.

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  CHEGANDO NA CASA DO TSUKKI, nós cumprimentamos sua mãe e pai, indo para seu quarto; obviamente, com olhares maliciosos.

Chegando em seu quarto, percebi que haviam tempos que eu não pisava lá. Estava minimamente diferente. As coisas que diferem são a tintura mais recente da parede, o uniforme de jogo pendurado na parede e alguns desenhos acima da mesa de leitura, que eu já tinha visto.

Quando pensei em questionar de onde eram os desenhos, Tsukishima estava tirando-os da parede e guardando na gaveta. Decidi ficar quieta, porque hoje — e apenas hoje — ele estava sendo legal, e eu não queria acabar com isso.

Mas, apesar de algumas mudanças, a essência era a mesma. Os dinossauros nas prateleiras, a cama enorme, e até mesmo uma moldura belíssima que rodeava um retrato nosso: meu, de Tsukishima e de Tadashi, mas crianças. Eu estava em uma ponta, tentando atacar o Tsukishima, e ele tentava me atacar, enquanto Tadashi parecia assustado e ao mesmo tempo tentava sorrir.

Eu me lembrei desse dia, quase que repentinamente. Era véspera de natal, e nossas famílias quiseram comemorar juntas. Meu pai foi ao parquinho perto de casa conosco, e foi questão de segundos para brigarmos. Papai achou "fofo" — em suas próprias palavras — e tirou uma foto.

Eu não sabia se era uma boa lembrança, ou uma má. Eu não conseguia decifrar se o sentimento dentro de mim era quentinho e reconfortante, ou, se era frio e desconfortável. Não sabia se chorava de felicidade ou tristeza.

Talvez Tsukishima tenha percebido, e decidiu falar algo, com um tom de voz calmo:

— Sinto falta disso. Era antes de começarmos a todos ter problemas.

Eu sentia tristeza em sua voz, mas não podia negar que sentia o mesmo. No ano seguinte, meu pai me abandonou — assim, abandonando a família — e os pais de Tsukishima brigavam muito, além de Akiteru ter mentido para Tsukishima sobre ser titular.

Ao lembrar disso, questionei Tsukki:

— Por falar nisso... — o olhei — Cadê o Akiteru?

— Por que quer saber? — ele ergueu uma sobrancelha.

— Algum problema nisso?

— Sim, vários.

Eu não sabia muito bem o que dizer. Tsukishima mostrava que estava irritado com o meu questionamento, mas eu não entendia o porquê. Eu não entendi sua irritação, e ele, não entendeu meu questionamento.

Na hora que eu iria questiona-lo, bateram à porta do quarto. Era a Sra.Tsukishima, me convidando para jantar. Com um sorriso no rosto, agradeci. Ela disse que em alguns minutos, tudo estaria pronto.

— Aliás... — comecei outro questionamento — Quando e como nosso acordo vai acabar? Quer dizer, não vamos namorar de mentira para o resto do ensino médio, muito menos para o resto da vida.

— Fique mais uns meses assim, por favor. Podemos acabar em dezembro, ou novembro. Mas se você for agora, os garotos não vão acreditar.

— Tudo bem. Mas como faremos isso? — ele fez uma cara de confusão — Eu digo no sentido de informar às pessoas. Vão achar estranho que nós fiquemos como "amigos" — ressalte as aspas — mesmo depois de namorar.

— Você tem razão. Olha só, você tem cérebro e não é só para pintar! — disse, irônico — Sei lá. Espera chegar até lá.

— Hm. Ok.

Ficamos em silêncio, nos encarando. Eu tentava ler a expressão ilegível dele, e ele, a minha.

Isso, até sua mãe nos chamar e jantarmos.

𝐍𝐀𝐌𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀, tsukishima kei. Onde histórias criam vida. Descubra agora