03|Namorada.

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Com certeza isso aconteceria, não é?

JÁ ACABARA AS AULAS DO DIA, e isso significava uma coisa: eu iria até o ginásio me passar por uma namorada carente que não pode passar 5 minutos longe de seu carrancudo namorado.

Eu estava sozinha, no entanto. Tinha tirado uma soneca e Tsukishima — aquele cretino — não me acordou. Então, eu arrumava meus materiais na mochila, bocejando hora ou outra.

Senti-me observada. No batente da porta, Victor me olhava, com meu portifólio em mãos. Caramba, eu me esqueci completamente ontem! Nem sequer esperei!

— Vejo que hoje você não saiu feito um furacão — tinha um sorriso pacífico no rosto. — Sinceramente — colocou a pasta na minha mesa —, é muito melhor do que eu sequer podia imaginar.

— Você já não imaginava nem esperava muito, na verdade. Então não sei se o que você diz é bom ou ruim — soltei um riso fraco.

— É bom, senhorita S/n. Muito bom. Você tem uma técnica que eu gostaria de aprender, tanto no traçado na folha quanto na pintura em tela.

— Oh, é mesmo? Que bom. Por mais que eu seja uma aluna problemática, ainda acha que sou boa?

Ele colocou a mão na testa, apertando as têmporas. Eu ri da cena, e percebi que ele fez o mesmo quando notou que encarei-o com humor, não raiva ou chateação.

— Sinto muito. É que recentemente, tivemos uma aluna problemática em nosso clube. Ela literalmente rasgou a tela de uma integrante porque estava melhor e mais bonita.

Alunos problemáticos geralmente entravam em escolar no meio do ano, por isso Victor usara o termo. Era porque eram expulsos da antiga e tinham que esperar até que o segundo semestre começasse.

— Posso te afirmar que não fui expulsa. Acontece que minha mãe, sem querer, me separou do meu irmão no começo do colegial, e eu tive que esperar para tentar entrar aqui — expliquei, e ele pareceu entender. — Eu preciso ir, Victor. Mas podemos nos falar em breve?

— Claro, podemos — ele sorriu. — Apenas não se esqueça, novamente.

— Não vou — ri, envergonhada. — Até.

— Até.

Peguei meu portifólio e fui até o ginásio de vôlei, na esperança que ajudar meu querido inimigo.

Eu não sabia muito bem como entrar. Talvez abrir de uma vez, ou bater? Não tinha perguntado nada para os dois, e me arrependi amargamente.

Para a minha sorte — ou não — uma moça de cabelos escuros, olhos azuis e uma pinta ao lado da boca passava. Ela parecia mais velha que eu, provavelmente era do segundo ano, senão do terceiro.

— Precisa de ajuda? Está perdida?

Eu sentia que falava com um anjo, não sabia explicar. Mas ela com certeza era muito simpática, além de linda. Olhei sua blusa — a mesma que meu irmão e Tsukishima tinham — além da prancheta. Julguei que ela seria do time de vôlei. Gerente, talvez?

— Eu gostaria muito de ver meu namorado jogar, mas não sei bem como entrar — respondi, fingindo um pouco de timidez e inocência. — Pode me ajudar?

𝐍𝐀𝐌𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀, tsukishima kei. Onde histórias criam vida. Descubra agora