02|Proposta.

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A MINHA CHEGADA no Karasuno foi surpreendentemente calma. Eu já tinha tomado noção de onde era meu armário, minha sala, e que sentava ao lado de Tsukishima, no fundo. Era meu primeiro dia de aula em uma escola nova, então eu estava sim, nervosa.

Eu realmente não queria me prender em Tsukishima, porque ele sempre foi um mala, e sempre será. Muito menos em Tadashi, mesmo que fosse meu irmão. Me perguntei se conseguiria conversar com outras pessoas normalmente.

No intervalo, fui ao clube de artes, a passos largos e rápidos. A medida que me aproximava, podia ouvir alguém dar instruções de tela a óleo.

Bati à porta, na esperança de abrirem para mim. Foi o que aconteceu.

Minha primeira visão foi de um garoto, alto e forte. Tinha um tecido vermelho no braço esquerdo, indicando que era o líder do clube. Fiz uma pequena reverência e me apresentei:

— Sou S/n Yamaguchi e hoje é o meu primeiro dia.

Ele retribuiu a reverência, me olhando com uma sobrancelha levantada. De qualquer forma, me estendeu a mão e eu a peguei.

— Victor Yaiba. Sou o líder do clube de artes, como já deve ter notado — sua voz era grave, e parecia até mesmo autoritária. — Em que posso ajudá-la, Yamaguchi?

— Gostaria de me juntar ao clube.

Ele me deu um olhar confuso, e logo suspirou.

— Não aceitamos alunos problemáticos, temos medo da destruição que podem causar.

Foi a minha vez que levantar a sobrancelha para o que ele dizia e suspirei ao perceber do que se tratava.

— Eu vim para cá por causa do meu irmão. Não fui expulsa.

Ele não pareceu tão convencido, o que me subiu o sangue. Que preconceito generalizado.

— De qualquer forma, não estamos interessados.

Eu peguei meu portifólio, onde algumas de minhas artes e fotografias de minhas telas — que eu não pudera trazer por motivos óbvios — estavam catalogadas. Coloquei a pasta contra seu peito, o empurrando um pouco.

— Veja minhas artes antes. Sou da sala 1-4, me procure na saída. Pode ter certeza que não vai se arrepender.

O olhei com um meio sorriso antes de sair andando pelo corredor. Desci as escadas para ir para a sala, e trombei com alguém. Era Tsukishima.

— Aí está você, salva-vidas de pia.

— Me diz como está o ar aí em cima?! — ironizei.

— Você é chata demais, garota.

— E você ama isso, não é? — sorri sarcástica, e ele fez o mesmo.

— Como eu amo. Uau. Nossa. Olhe no fundo dos meus olhos para ver como eu amo.

Ele se inclinou um pouco para baixo, para que eu pudesse olhar seus olhos, de fato. Eles diziam e repetiam "vai tomar no cu, eu te odeio" como de costume.

Não me senti intimidada. Olhei para os lados, vendo de algum monitor ou representante passava; nenhum.

Coloquei a mão no bolso e puxei o meu dedo do meio até o rosto de Tsukishima. Foi motivo o suficiente para sua aura emanar que queria voar em mim.

Por sorte, Tadashi nos viu e veio correndo, se pondo entre nós. Ele sorriu amarelo, enquanto puxava Tsukishima para longe de mim.

Eu ri, enquanto Tsukishima era levado parecendo um criminoso. Minha risada o irritou.

𝐍𝐀𝐌𝐎𝐑𝐀𝐃𝐀, tsukishima kei. Onde histórias criam vida. Descubra agora