⇝ 𝒅𝒐𝒛𝒆

501 45 1
                                    

Draco observou Charlene sentada à mesa, suas mãos em volta de uma pequena xícara de chocolate quente.

Seus olhos estavam inchados, e na noite passada, ele esperou até as 7 da manhã para ela sair do banheiro. Ela não. Não até as 9 da manhã, e então, Draco já estava desmaiado. Ele tentou se desculpar – ele também tentou ignorar a pontada de pânico em seu peito quando ouviu o quanto ela estava chorando.

Ele não entendia o que tinha feito com ela até agora.

Até que ela estava sentada à mesa, seus olhos permanecendo no mesmo lugar por horas, até que ela saiu daquela sala de calça de moletom e um suéter largo, seu cabelo para trás em um coque baixo. Todo mundo podia ver que algo aconteceu, mas eles estavam apenas esperando que um deles quebrasse.

— Então... — Theo parou, entregando a manteiga para Haven que estava sentada ao lado de Draco. — Alguém quer alguns biscoitos?

Charlene encolheu os ombros, os dedos batendo na xícara. Blaise e Astória pegaram um biscoito de Theo e Mattheo colocou um prato de donuts na mesa. Por um momento, Charlene quis pegar um, mas depois se lembrou de que estava na frente das pessoas.

— Nós rastreamos o carregamento — Blaise declarou lentamente, observando os olhos de Draco se fixarem nos dele. — H–Harry tem em um prédio de leilões. Está nos fundos, bem atrás.

As sobrancelhas de Charlene se estreitaram, as mãos apertando a xícara. Draco percebeu isso, e seu peito subiu de pânico. Ele lançou um olhar a Blaise, mas tudo em que Charlene conseguia pensar era em como aquele nome soava familiar.

Estava no fundo de sua mente, mas ela não conseguia nem pensar em um sobrenome. Ela não conseguia se lembrar – mas sabia que conhecia aquela pessoa. Draco podia ver isso escrito em todo o rosto dela, podia ver como ela estava tentando descobrir quem era aquela pessoa.

— Blaise — Astória sussurrou. — Acho que devemos ir conversar lá fora.

Charlene ergueu os olhos. — Quem é? Harry... qual é o sobrenome dele?

Ela queria um nome para o menino em seus pesadelos.

— Ninguém — Mattheo disse a ela suavemente. — Não se preocupe. Você está segura aqui.

Ela cantarolou baixinho, levantando-se da cadeira e voltando para o quarto.

A razão disso, era tudo o que ela temia.

A razão pela qual ela não deixou Draco ficar com ela na noite em que dormiram juntos, a razão pela qual ela não foi dormir na noite passada. Foi por causa de tudo o que acontece em sua cabeça quando ela dorme. Ela estava vulnerável, fraca – e com medo.

Ela não queria que Draco a visse assim.

Mas ela pensou que esta noite, quando ela desmaiasse, ela precisaria dormir mais e não teria um pesadelo. E era sempre o mesmo. Seu corpo amarrado a uma tábua, nu e nu, enquanto todos o observavam chicoteá-la. Ele tinha cabelos pretos, olhos verdes, e o que mais a aterrorizava era que ela tinha cicatrizes onde o chicote a atinge em seus sonhos.

Draco estava apenas colocando uma camisa quando a ouviu gemer, ele estava se preparando para dormir no chão. Mas ele a observou se mover na cama, sua bochecha pressionada contra o travesseiro.

— Charlene — ele disse o nome dela enquanto caminhava para o lado dela da cama, tentando acordá-la.

Seus gemidos só pioraram, e então a falta de ar tomou conta de seus pulmões, ofegando por ar. Lágrimas escorriam pelo seu rosto enquanto ela fechava os olhos, e Draco ainda estava tentando acordá-la.

Ele fez a próxima coisa que achou que ajudaria. Sua mãe fez isso com ele quando ele teve pesadelos quando criança.

Ele deslizou seu corpo na cama ao lado dela, puxando sua cintura para ele, pegando sua mão e passando os dedos pelos cabelos dela. — É apenas um sonho. — Ele disse a ela calmamente, permitindo que sua cabeça descansasse em seu braço enquanto ele se inclinava sobre ela.

Ela ainda choramingava, mas agora sentia que podia respirar. Seu nariz inalou seu perfume, menta e colônia, e ela soltou um suspiro suave, seus lábios entreabertos. Seus dedos ainda permaneciam em seu cabelo, descendo seus cachos e acalmando-a.

Lentamente, ele a viu abrir os olhos, ainda molhados de lágrimas. — Eu te odeio. — Ela sussurrou enquanto se inclinava mais para ele, mas ela estava mentindo. Ela simplesmente odiava que ele a visse assim.

— Eu sei — ele beijou o lado de sua cabeça. — Você quer falar sobre isso?

Ela pensou sobre isso e decidiu que não queria falar. Ela não queria sobrecarregá-lo com as imagens que ela tem em sua cabeça. Então, em vez disso, ela pegou a mão dele, a que estava em seu cabelo, e a deslizou pelas coxas, as cicatrizes queimando contra seu toque.

Ele levantou a capa com a mão e então roçou suas cicatrizes, vendo-as. Ele não tinha visto quando estava tentando tirar a roupa dela, porque não estava prestando atenção. Mas agora, ele queria rasgar alguém em pedaços.

E esse alguém, era Harry Potter.

Ele colocou sua perna de volta sobre seu quadril suavemente, e a viu olhar fixamente para seu peito. Cada piscar de olhos dela, seus cílios longos e cheios, ele queria beijá-la. Ele queria que ela soubesse que ela não pertencia a ninguém. Ninguém a possuía.

— Eu não sei como isso aconteceu — ela disse a ele suavemente. — Eu não consigo me lembrar.

Draco assentiu, sua mão pousou na cintura dela que estava nua. Ela estava vestindo apenas uma camiseta grande e algumas calcinhas, mas agora sua camisa estava levantada sobre o quadril devido a ela mostrar a ele suas cicatrizes.

— Charlene — ele sussurrou, observando-a olhar para ele. — Eu vou deixar essas rosas murcharem.

Ela soltou um suspiro, sentindo-o puxá-la ainda mais para perto. — Eu não entendo por que você não me deixa ir.

— Eu estou assustado — ele murmurou, a mão dela segurando sua camisa. — Minha mãe morreu porque alguém a viu matar alguém.

As sobrancelhas de Charlene franziram. — Então como ela morreu?

Draco respirou fundo. — Ela se matou porque essa pessoa foi à polícia.

— Oh — ela respirou, seu rosto esquentando. — Eu sinto muito.

— Sinto muito — ele conectou os olhos com ela, seu coração fazendo algo que ele nunca sentiu. — Vamos para a cama.

Ele se deitou, puxando-a para ele, sua perna sobre seu corpo enquanto sua cabeça descansava em sua trapaça. Ela dormiu tranquilamente o resto da noite.

𝑴𝒂𝒊𝒅 𝑶𝒇 𝑻𝒉𝒆 𝑴𝒂𝒇𝒊𝒂 {𝑫. 𝑴𝒂𝒍𝒇𝒐𝒚} +𝟏𝟖Onde histórias criam vida. Descubra agora