Me levanto de meu futon em mais um dia; ficando de joelhos e pegando minha tiara de borboleta, na sequencia. Mesmo estando em meu quarto, podia ouvir quase perfeitamente barulhos de alguém treinando de longe. Um dos garotos já acordou empolgado, reflito. Olhando para meus lados, vejo que Mitsuri não estava aqui. Lembro então que, para não suspeitarem, dormimos em quartos separados desta vez, ficaria assim até não haver mais pacientes. Suspiro e fico completamente de pé, trocando minha roupa, me lavando no banheiro e saindo do quarto.
Passo em frente à porta da Mitsuri e dou uma pequena espiada. Ela permanecia cochilando, dormindo de um modo todo jogado e bagunçado, fazendo biquinho por algum motivo, era algo bem diferente de quando está comigo. Acabo deixando escapar um sorriso, saindo dali e indo para o lado de fora. Lembro que Rengoku queria conversar comigo depois da reunião, mas como não deu tempo ontem, ele me disse para encontrá-lo hoje lá... Acho que posso ir agora. Sobre o que ele quer conversar?... Saio da Mansão Borboleta e me apreço até o local da reunião dos Hashiras. Não havia nada para se fazer mesmo. Mitsuri estava dormindo e Aoi estava cuidando da reabilitação dos garotos, então isso estava com mais urgência na lista de tarefas.
Chego no mesmo local de ontem e vejo Rengoku sentado na varanda onde Kagaya estava, me esperando, ele ficaria assim até eu chegar? Penso com um sorriso amarelo preparado. Aproximo-me dele erguendo a mão, em um cumprimento a distancia.
-"Bom dia, Kyojuro-san."
-"Bom dia, Kocho-san." Ele se levanta e fica na mesma altura que eu... digo só de pé mesmo.
-"Kocho-san, eu quero falar com você sobre algo sério. Mas primeiro, gostaria de agradecer."
-"Agradecer?"
-"Sim! Você está todos esses anos cuidando para que a Kanroji-san não se machuque. Realmente agradeço por fazer isso." Me sobe uma leve vergonha ao ouvir tais palavras, ele não sabia da nossa relação, então provavelmente via como um ato de amizade, por pensar assim me esforcei para esconder a vergonha em minha feição, não foi difícil.
-"Não sou eu quem escolhe. A casa dela ainda não está pronta, então, como ela está morando comigo, não quero que minha visita se sinta mal." Rengoku solta uma gargalhada com tais palavras. O que me deixa com um olhar óbvio de quem não entendeu nada.
-"Kocho-san, vou para uma missão agora, então não vou me estender muito no assunto, mas quero que saiba que essa desculpa do Oyakata-sama não cola." Minha ideia anteriormente citada parece ir se ruindo aos poucos, um pequeno nervosismo, que era muito bem disfarçado por um sorriso vazio, me subia pelo corpo lentamente.
-"Como assim?"
-"Ando meio afastado, mas quando vi você e a Kanroji-san na reunião, já ficou na cara para mim. Talvez porque eu conheça muito bem ambas." Rengoku se aproxima de mim com os braços cruzados, dando uma pequena curvada na coluna para me olhar nos olhos.
-"... quero que saiba que, se Kanroji-san está feliz, eu estou feliz. Vocês têm minha bênção como sensei dela... mas você sabe que vão ter caçadores que não vão aceitar isso, e principalmente a família da Kanroji-san." Bem, o nervosismo acaba falando mais alto que o sorriso, que se quebra com um suspiro e uma recaída dos olhos. O Pilar da Chama nada comenta, enquanto minha única resposta foi questionar, ao inves de sentir alegria, ou sei lá.
-"A família dela... por quê?"
-"Eles são muito tradicionalistas e também não gostam muito da Kanroji-san. Sempre tentam deixá-la para baixo por uma coisa que aconteceu no passado. Se você fosse uma pessoa com muito dinheiro, eles até aceitariam."
-"O que você quer que eu faça? Deixe ela? Olha, Kyojuro-san, sinceramente, se a família dela falar algo contra nós, eu não vou me segurar como faço." Já chutei o balde para esconder a relação, minha frase só deixa tudo mais óbvio, mas se ele já sabe então fo--.
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A Flor e a Borboleta
Fiksi PenggemarShinobu Kocho, uma garota de dezoito anos que mora no Japão, é uma jovem adulta que recentemente perdeu sua irmã para um demônio devorador de humanos. Por causa desse acontecimento, ela vem sofrendo com fortes pesadelos sobre o ocorrido, escondendo...