10 - Murphy Summers

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Murphy

Pela manhã, Murphy desceu as escadas, entrando na cozinha e vendo que Bill já estava de pé.

Olhou Zeus, deitado no chão, olhando ele e estreitou os olhos. A forma como aquele cachorro olhava para ele era estranha, como se estivesse planejando a melhor forma de acabar com a sua vida enquanto ele dormia.

- Vai pedir ele em casamento?

Murphy ergueu o olhar e viu Bill o encarando.

- Não.

- Senta aí rapaz. Quer café?

Murphy franziu o cenho, mas sentou em uma cadeira, achando estranha aquela atitude por parte do pai de Lauren.

- É, pode ser, sim.

Bill colocou uma chávena na sua frente e depois pegou outra ocupando o lugar em frente.

Murphy bebeu um pouco do café, desconfortável com aquela situação. Parecia um daqueles interrogatórios policiais, só que aí, ele poderia fingir estar nem aí e ficar falando besteira porque a sua sorte não iria mudar. Ali era diferente, Bill poderia decidir expulsar ele e aí seria apenas ele e o mundo novamente. E Murphy estava cansado de estar sozinho.

- Escuta, eu sei que você era Sargento e tal, mas dá para parar com isso? Por favor.

Bill assentiu. - Qual seu plano?

- O quê?

- Tá, concordo com a Lauren quando ela falou que era incrível você estar vivo, já que todos morreram. Mas! - Bill ergueu um dedo. - Quando ela disse para você ficar, você poderia ter recusado e ficar na casa do lado. Não tenho nada contra, aliás, tenho sim, você é um prisioneiro, mas enfim.

Murphy olhou para o lado e depois para o Sargento de novo. - Eu não... Eu tentei, lá fora, mas ela mirou aquele arco em mim. - Murphy ergueu as mãos. - Você conhece sua filha?

- Muito bem.

- Então....?

- Nem pensa em encostar um dedo que seja na minha filha, entendeu?

Murphy franziu o cenho. - O quê? Espera! Eu não vou magoar ela e nem ninguém.

Bill riu. - Não estava falando em magoar.

Murphy ficou olhando ele e depois entendeu, abrindo um pouco a boca e fechando de novo.

- Acha mesmo que eu... - Negou com a cabeça. - Não. Eu não estou interessado na Lauren.

Bill franziu o cenho. - Mas ela é linda.

- É mas... - Murphy estreitou os olhos e ergueu um dedo. - Não faz esse jogo comigo, já joguei ele centenas de vezes. Não vira minhas palavras contra mim, não vai resultar, Sargento. Mas como eu estava dizendo, eu não estou interessado na Lauren, não dessa forma.

- Hum.

- É sério. Desde que fui preso, nunca mais senti falta de ninguém. O amor da minha vida estava morto, então... - Deu de ombros. - Não se preocupa comigo. Mas posso mudar de casa, se o problema for esse.

Bill ficou olhando ele e Murphy quase riu. A semelhança com o olhar forte da Lauren, era incrível.

Ele encostou na cadeira, sempre olhando ele e depois assentiu.

- Vou acreditar em você. - Falou. - Mas me conta, quantos anos apanhou?

Murphy suspirou. - 45, cumpri 10 antes dessa merda acontecer.

Bill assentiu. - Lamento garoto.

Murphy deu de ombros. - É. Sabe o que eles fazem com pessoas que matam suas esposas sem razão? Suas namoradas ou suas mães?

Bill negou com a cabeça. - Não.

Murphy levantou e puxou a camiseta para cima, mostrando sua barriga. Tinha duas cicatrizes enormes e horríveis, parecendo que haviam saído de filme de terror. Depois girou e soube que Bill conseguia ver as marcas nas suas costas.

Girou de novo, colocou a camiseta para baixo e sentou, olhando ele.

- Eu era inocente. Eu não matei ela. Mas desde que se foi, desde aquela noite em que achei ela em uma poça de sangue, eu nunca mais quis ninguém. Eu morri com ela.

- Você está aqui, rapaz. A vida tem de continuar, e acredita que eu sei como é.

Murphy assentiu. - Você perdeu sua mulher, né? Mas não foi castigado por isso.

- Nossa, você me surpreendeu hoje. Acho que gosto de você um pouco mais.

Murphy riu e pegou a chávena. - Não jogo nesse time, senhor. - Depois olhou Bill. - Não se preocupe, a Lauren não está em perigo comigo. - Deu de ombros. - Em nenhum sentido.

Bill assentiu e ergueu a chávena, para que Murphy erguesse a sua.

- A nós, sobreviventes.

- Pfffff. - Fez Murphy. - Não sei o que é melhor.

Os dois riram.

- Nossa, vejam só. Todos amiguinhos.

Murphy olhou a porta e Lauren entrou, pegando uma chávena de café e sentando em uma cadeira.

Automaticamente, Zeus se aproximou dela e colocou sua cabeça sobre o seu joelho, parecendo estar adorando ela como os antigos egípcios adoravam seus Deuses.

 - Até que seu amiguinho é legal. - Disse Bill.

Lauren franziu o cenho. - Amigo coisa nenhuma. Mas e aí, qual o plano para hoje?

Murphy olhou Bill, esperando e depois o mais velho olhou ele.

- Onde fica a prisão, mesmo?

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