Lauren
Quando vi aqueles três chegando, meu coração parou.
Ashley e Murphy, vinham cobertos de sangue. O dele estava seco, mas o dela ainda não secara completamente. E Jared vinha com uma expressão que eu nunca vira no seu rosto.
Assim que desceram da pick up, me aproximei de Jared e olhei ele.
- O que houve?
Ashley me abraçou, me pegando de surpresa, e começou a chorar baixinho. Abracei ela de volta e depois escutei os rapazes contando o que acontecera.
Meu pai, junto de mim, trocou um olhar comigo e eu soube o que ele estava pensando.
Olhei Murphy. - Mas, ninguém seguiu vocês?
- Não.
Assenti e me afastei dos braços de Ashley, o suficiente para ver o seu rosto. Sorri um pouquinho.
- Vamos tirar esse sangue, sim?
Ash assentiu mas agarrou minha mão. - Vem comigo?
Assenti e depois olhei Jared. - Eu cuido dela.
Ele apenas assentiu, sem falar nada.
Me afastei com Ashley, em direção da sua cela, onde ela pegou roupa limpa e depois descemos de novo, em direção dos chuveiros.
Entrámos e eu tranquei a porta, colocando as coisas dela num lugar seco.
- Você consegue? - Perguntei.
Ela assentiu. - Só preciso que fique.
Sorri. - Quer que vire as costas?
Ashley riu fraco. - Não é necessário, somos ambas mulheres.
Assenti e me apoiei na bancada, cruzando os braços sobre o peito e olhando a ponta das minhas botas escutando Ash abrir a água e se colocar debaixo dela.
Ergui o olhar, não para ela, mas para a água que escorria para o ralo. Era vermelha.
- Matei todos.
Olhei Ashley, vendo ela apenas ali, deixando a água caindo sobre si, com os braços cruzados sobre o peito nu.
- Ash...
- Matei todos, sozinha. - Ela me olhou, apenas girando aquele olhar azul. - Eu nunca... - Franziu o cenho. - Eu nunca fui violenta, mas também nunca ninguém tentou fazer aquilo comigo.
Suspirei e fechei os olhos por dois minutos. - Está tudo bem, agora. Está em casa, a salvo, e nada vai chegar em você. - Indiquei a porta. - Mark tem seu pessoal nos muros. E depois tem o Jared, o Murphy e o Bill, eles dariam a vida por você. Além de que eu não deixaria nada passar aquela porta para te magoar.
- Eu sei. Vocês são incríveis e você como mãe é fantástica. - Olhou o chão. - Mas... a sensação foi horrível. Não poder fazer nada.
- Como se livrou deles?
- Chutei um e depois mordi o braço do outro. Eu era mais baixa, passei por baixo deles, peguei a katana que jogaram no chão e... - Deu de ombros. - Eu quis matar eles, sabe? Eu queria fazer bem mais do que matar, mas apenas matei. E eu me senti bem com isso. - Ela me olhou. - Isso é errado?
Neguei. - Nesse caso, não.
Ela assentiu e começou a lavar o cabelo.
Respirei fundo. Agora eu entendia a expressão do Jared.
Depois do banho, fiquei com Ashley na cela, na cama dela, com a sua cabeça no meu peito e rodeando ela com os braços. Fiz carinho nos seus cabelos loiros enquanto pensava.
Jared surgiu na porta e nos olhou.
Sorri. - Dormiu.
Ele assentiu. - Está escurecendo, quer ir dar uma olhada no pessoal? Eu fico com ela. - Jared indicou a janela. - Falei com o Mark, nada seguiu a gente e nada se aproximou.
Assenti. - Preciso falar com o meu pai.
Jared se aproximou da cama, me ajudando a levantar com o mínimo de movimentos possíveis. Depois me beijou e deitou na cama.
Sorri para ele e saí da cela, descendo as escadas e saindo no pátio.
Murphy, agora limpo, estava com Bill e me aproximei, os dois me olhando.
- E ela? - Perguntou Bill.
- Dormiu. - Cruzei os braços. - O que fazemos?
Meu pai me olhou. - Já sabe minha opinião.
Sorri, a troca de olhares sempre dava resultado, era como se a gente lesse a mente um do outro.
- Espera, eu não sei. - Disse Murphy. - Que opinião?
Olhei ele. - Matar eles. Todos eles.
Murphy passou a mão pelos olhos. - Isso é besteira. Quer dizer, não é, mas tem de ser bem planejado. Vocês não podem sair assim e atacar eles. Aliás, a gente não pode.
Bill inclinou a cabeça para o lado. - Não tem a gente, só eu e ela. - Me indicou.
- O quê? - Murphy nos olhou.
- Nesse caso, iremos apenas nós e, se quer saber, eu confio mais na minha filha do que em qualquer um de vocês. Sem ofensa, você sabe que eu te adoro.
Murphy revirou os olhos. - É uma loucura. - Me olhou. - Jared sabe?
Neguei. - Nem precisa, já tem preocupações a mais.
- Vocês, Caine, são insuportáveis! - Disse Murphy. - Não podem sair assim! Que ideia maluca!
- Murphy....
- Você viu eles! Viu o que eles fazem! O que fizeram com a Ash! E eles são muitos!
- Exatamente por isso têm de ser parados. E rapidamente. - Bill colocou as mãos na cintura e me olhou. - Quer aproveitar que estão pensando que nos têm na mão?
Respirei fundo e assenti, mas Murphy ergueu a mão.
- Hey, vamos com calma! Hoje? Agora?
Bill o olhou. - Qual o problema?
- Nem sabem onde estão! - Me olhou. - Pensa no Jared, já tem a Ash, imagina quando ele descer e descobrir que você saiu para uma ideia suicida?
- Regressamos antes de ele perceber. - Respondi.
- E se não regressam?! Já pensou? - Murphy olhou meu pai. - E você, como sargento deveria saber e entender esse tipo de coisa.
- Mas eu sei. Por isso que um ataque agora, não será algo que eles estejam esperando.
Murphy colocou as mãos na cabeça e depois para baixo novamente. - Têm de ser razoáveis! Vocês são apenas dois, eles são imensos!
Bill suspirou. - Tá, a gente não ataca. Vamos apenas ver onde eles se escondem e de que forma conseguimos entrar sem ser vistos. Está bom para você?
Murphy me olhou e depois assentiu. - Sempre é melhor.
Meu pai ergueu as mãos e deixou cair novamente. - Fechado. Não será um ataque, só uma missão de reconhecimento.
Assenti e olhei ele. - Estou pronta.
Bill assentiu. - Vou pegar minha arma e a pick up.
Fiquei vendo ele se afastar e depois olhei Murphy.
- Isso é ridiculo. - Disse ele.
Sorri e abracei ele, apertando forte.
- Só vamos dar uma olhada, escutou o homem.
- Pffff.
Me afastei e olhei seu rosto. - Cuida deles até eu voltar?
Ele revirou os olhos. - Tenho escolha?
Eu ri. - Não.
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Legado
Science FictionO mundo parou. Todos morreram. Do nada, as pessoas deixaram de respirar, caíndo como se estivessem adormecidas... Todos menos Lauren e o seu pai. Sozinhos em uma cidade fantasma, Lauren e Bill têm de sobreviver ao que parece ser o fim dos tempos, em...