Lauren
Enquanto os rapazes falavam, eu mantinha meu olhar fixo no braço do Mark.
Sentada na cadeira, de braços cruzados sobre o peito, olhava ele, pensando e fazendo contas na minha cabeça.
- O que você acha, Lauren?
Ergui o olhar para Jared e assenti, respirando fundo. - Sim, tudo bem.
Jared revirou os olhos. - Você não escutou nada, né?
Levantei e fiz sinal a Mark para me seguir. - Posso falar com você? Dois minutos.
Saí da sala e entrei em outra, afastada o suficiente daquela onde deixara Murphy, Jared e Ashley. Dei passagem para o Mark e depois fechei a porta, encarando ele e cruzando os braços.
Indiquei o seu braço. - Como machucou?
- Hienas.
Assenti. - Estavam seguindo a Ash e o Murphy?
Ele assentiu. - Exatamente.
Mordi o lábio, assentindo. - Sabe? Eu já fui perseguida por hienas, e já persegui elas também. - Indiquei a porta. - Jared também. Então... - Cruzei os braços, encarando ele. - Acho que sei que, em menor número, elas, pelo menos aqui na cidade, se afastam quando enfrentam um grupo maior. E, se eu percebi, você saiu com dois homens, e elas eram apenas duas. Na beira da floresta. E chegaram mesmo a entrar na floresta... E tem aquela parte em que o Murphy e a Ashley seriam capazes de lidar com elas...
Mark respirou fundo, olhou o chão, assentindo e depois sorriu. - Você é realmente igual a ele. - Ergueu a cabeça e me olhou. - Tá, não eram hienas.
Assenti. - Eu sei. Eram eles, não eram?
Mark assentiu. - Penso que sim. Eles seguiram os nossos assim que Murphy e Ashley entraram na floresta.
- E você matou? As hienas?
Ele sorriu. - Sim. Os rapazes ajudaram, e concordaram em ficar de boca fechada até eu falar com você. - Ele passou a mão pela testa. - Escuta. Eu ia falar, só não queria fazê-lo na frente do Murph e da Ash. Tipo... Sei lá. Mas não pensa que estávamos ocultando informações, porque não é nada disso.
Sorri. - Tudo bem, Mark, não se preocupa, eu compreendo sua intenção. Mas você foi ferido, no braço, imagina se fosse em lugar pior.
Ele assentiu. - Eu sei. Mas quando vi eles, eu... Eu tinha de fazer alguma coisa, mesmo sabendo que os nossos seriam perfeitamente capazes de se defender.
Sorri e assenti. - Você quer dizer a Ash, porque o Murphy enfrenta qualquer coisa.
Mark mordeu o lábio. - Eu... - Fechou os olhos e abriu de novo, erguendo a mão. - Escuta, eu não estou fazendo nada. Eu juro. Eu me afasto dela tanto quanto é humanamente possível. Ou tento, pelo menos.
Sorri de novo. - Eu sei que você gosta dela.
- Como você sabe?
Dei de ombros. - Aprendi umas coisas com o velho Bill. - Suspirei. - Nada contra, sério, mas... é a Ash e eu vou protegê-la com tudo, sempre. E depois tem o Jared...
Mark olhou o chão. - Eu sei. - Ele me olhou. - Não se preocupa, eu me mantenho afastado.
Me aproximei dele e toquei no seu braço bom.
- Não foi isso que eu quis dizer. Eu já percebi que ela fica diferente junto de você, e que você gosta dela. Eu entendo. Mas também entendo que ela tem 16 anos, só, e que nunca teve um namorado devido a pais problemáticos. Então, você entende a questão, aqui? Além disso, realmente, tem o Jared que quando souber, vai enlouquecer. - Eu ri.
Mark olhou o chão novamente. - Eu sei.
- Não faça nada estúpido, mas também não magoa a minha garota.
Ele riu, assentindo. - Pode deixar, vou me manter focado nas minhas tarefas.
Sorri, toquei no seu ombro e saí da sala. Mas depois regressei e espreitei, colocando a cabeça junto da porta e olhando ele.
- Vamos ter de falar a verdade sobre "as hienas".
Mark sorriu, baixou a cabeça e depois me olhou, assentindo.
Tal como esperava, contar para Murphy e Jared que quem seguira eles e atacara o Mark não foram animais, foi uma tarefa e tanto.
Jared, em um ataque de nervos, avançou até Mark, ficando na sua frente e encarando ele.
- Jared. - Chamei, mas ele me ignorou.
- E não achou que seria boa ideia partilhar essa informação quando chegou?
Mark olhava Jared e eu já conseguia ver como tudo iria acabar.
- Teria adiantado? - Perguntou o mais novo. - Eles já estavam mortos. O que você teria feito? Iria atrás da Ash e do Murphy? Para quê? E se fossem mais do que dois e tivessem levado eles e levassem você também? E, que eu saiba, da última vez que olhei, minha líder era a Lauren, não você.
Jared estreitou os olhos e eu e Ashley soubemos o que ele iria fazer.
Me aproximei dele, segurando seu braço e Ashley se colocou na frente de Mark, olhando o Jared.
- Chega. - Falei. - Mark salvou eles.
Jared me olhou. - Você não entende?
Franzi o cenho. - O quê?
- Tinha dois deles, aqui, nos vigiando. Significa que nem todos morreram nas explosões. Pode ter mais. Você e a Ash já mataram um monte deles, depois ela matou ainda mais, na faculdade, depois explodimos com tudo e agora Mark acrescentou mais dois nessa lista que já é enorme. - Jared respirou fundo. - Quando eles atacarem, eles vão se certificar de que nenhum de nós fica de pé. Eles vão até não restar nem sequer uma pedra dessa prisão.
Jared sacudiu a minha mão e se afastou, me deixando a olhar as suas costas.
- Não concordo com a atitude, mas de certa forma ele tem razão. - Murphy indicou a porta por onde Jared saíra, com o dedo.
Passei a mão pelo cabelo, respirei fundo e assenti. Eu tinha de achar um plano para acabar com aquilo. Não iria perder mais ninguém e não iria perder a minha família por causa de um grupo de idiotas.
Olhei Mark. - Reúne todos os seus homens que sejam dispensáveis à vigia, deixa só os necessários no topo dos muros. Vamos acabar com isso. De vez. - Andei na direção da porta, mas depois parei e olhei para trás. - Vocês dois. Quero vocês lá, também. - Indiquei Ashley e Murphy e depois saí.
Eu já perdera o meu pai, esses vagabundos não iriam tirar mais nada de mim.
Eu era uma Caine, e os Caine não desistiam.
- Lauren!
Vi um dos homens do Mark correndo na minha direção, com uma expressão de pânico.
Franzi o cenho.
- O que houve?
- Vem no muro. Você precisa ver isso.
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Legado
Science FictionO mundo parou. Todos morreram. Do nada, as pessoas deixaram de respirar, caíndo como se estivessem adormecidas... Todos menos Lauren e o seu pai. Sozinhos em uma cidade fantasma, Lauren e Bill têm de sobreviver ao que parece ser o fim dos tempos, em...