34 - Ataque

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Jared

- Perdi as corças. - Esbravejou, chutando uma pedra.

Murphy, mexendo na pick up, sorriu.

- Só se quiser aproveitar a carne do leão.

Jared olhou ele e revirou os olhos. - Fez formação de palhaço? Porque, lamento dizer, mas não deu em nada.

Murphy assentiu. - Estou extremamente preocupado com a sua opinião.

Jared deu as costas a ele.

A pick up estava dando um erro e não ligava, e Murphy estava tentando consertar, para poderem regressar a casa.

Jared ainda pensou em deixar ele e sair para caçar novamente, mas da última vez Murphy desencantara um leão sabe Deus de onde, imagina se ficasse sozinho de novo. Além disso, se ele morresse, Lauren nunca iria perdoá-lo.

Suspirou e olhou ele. O homem estava coberto de sangue, agora seco, com um machado que, ultimamente, ele levava para todo o lado, os cortes nos braços... Vendo assim, até parecia ameaçador.

Olhou o chão. Ele era sim, mas Jared não iria admitir.

- Oh cuzão. - Chamou e indicou o peito dele. - E essas cicatrizes? Foi na prisão?

Murphy assentiu. - Foi.

Jared assentiu. - Deve ser horrível ficar lá, de novo.

- Na verdade, não. Agora é como se fosse uma casa, onde vive minha família. - Murphy ergueu o olhar. - É diferente.

- Pffff. Vai chorar?

- Só se for por não ter acabado com esse seu rostinho de menino bonito. - Se afastou da pick up, pegou o machado e passou por ele. - Preciso de uma peça nova, aquela já era. Vou procurar um carro.

Jared seguiu ele. - Sabe o que está procurando, pelo menos?

Murphy, colocou o machado no ombro e olhou ele de canto, sorrindo e erguendo a outra mão, mostrando a peça. - Era meu trabalho, babaca.

Jared franziu o cenho. - Sério?

- Sério.

Os dois desceram a avenida, procurando um carro com a peça igual á que Murphy levava na mão.

Mais na frente, acharam uma pick up e Murphy se aproximou dela, abrindo a frente e mexendo.

Jared permaneceu ali, olhando em volta. Além de animais, poderia ter pessoas daquele grupo idiota que parecia estar na cidade.

- Murphy!

Jared olhou ele assim que o rádio fez barulho.

Murphy olhou ele e depois pegou o rádio. - Nossa, Bill, primeira vez que chama pelo rádio de forma decente.

- Deixa de besteira, é sério. A Ashley saiu, ia na Faculdade de Medicina pegar umas coisas, ela tentou falar usando o rádio mas a ligação caiu. Dá para darem uma olhada?

Jared sentiu o sangue sumir de todo o seu corpo e, por momentos, se sentiu com tonturas. Ashley estava em perigo ou fora apenas uma má ligação?

- É... A gente dá uma olhada. - Disse ele, olhando Jared.

- Cuidado, vocês dois.

- Pode deixar.

Jared viu Murphy guardar o rádio, guardar a peça que já tirara e se aproximar dele, tocando no seu ombro.

- Vem, temos uma faculdade para encontrar.

Jared o olhou, meio aturdido. - Eu sei onde é. Meu ex cunhado estudava lá.

- Nossa. Tá, vamos.

Jared assentiu, nervoso demais para falar.

Nunca pensara que algo assim pudesse acontecer. Sempre achara que Ashley viveria para sempre, apenas deixando esse mundo quando ele já não pudesse ver ela partir. A ideia de ela poder estar pior do que apenas em apuros era perturbadora.

Respirou fundo e se concentrou. Tinha de achá-la e garantir que estava bem. Provavelmente o rádio dela quebrara. Só isso.

Depois de alguns quarteirões, o enorme edifício se erguia na frente deles, com ervas subindo pelas paredes e janelas.

Pararam, olhando. A moto vermelha estava parada na frente, mas não havia qualquer sinal da Ash.

Murphy tocou no seu ombro e ele o olhou. - Ela está bem.

Jared assentiu e ficou vendo ele tirar a mochila e colocar junto da moto, pegando o machado de novo e seguindo na direção da porta aberta.

Jared seguiu ele, erguendo a besta.

Entraram e o silêncio era como num túmulo, o que não era nada animador. Jared fez sinal para as escadas e os dois rapazes, como um só, subiram, chegando no topo e parando, olhando nas duas direções possíveis.

O som de algo caíndo surgiu de um dos lados e eles olharam nessa direção.

Jared franziu o cenho e Murphy indicou que iria na frente, rodando o machado nas mãos.

Sentindo seu coração batendo de forma violenta, Jared seguiu ele e era possivel escutar algo que ele não conseguia identificar, em uma das salas.

Quando chegaram em uma das portas, Murphy parou e olhou ele, assentindo.

Jared se colocou junto dele, na beira da porta, e os dois, ao mesmo tempo, se lançaram na frente, abrindo a porta e entrando, de armas erguidas, mas pararam assim que viram o que estava na frente deles.

Ashley estava de pé, imóvel, segurando a catana... e completamente cheia de sangue, da cabeça aos pés. Em seu redor, num enorme espectáculo de horrores, estavam vários corpos cortados, sangrando, imoveis.

Jared franziu o cenho e abaixou a besta, abandonando a posição defensiva. Largou a besta no chão e correu para Ash, tocando no seu braço.

Mas a menina se moveu rapidamente, e girou a katana na direção do pescoço dele.

Jared viu algo surgir na sua frente, parando o ataque dela, e percebeu que era Murphy, que colocara o machado na frente, impedindo que Ash cortasse sua cabeça.

A garota piscou os olhos, parecendo acordar de um sonho, e abaixou a katana, estremecendo e largando ela no chão. Depois se jogou nos braços de Jared, chorando.

Jared apertou ela, sem nem ligar para todo aquele sangue que manchava sua roupa.

- Está tudo bem. - Disse Jared. - Você está a salvo, agora.

- Eram eles. - Disse ela soluçando. - Me seguiram e... - Ashley se afastou e olhou ele. - Um deles me agarrou, para que eles.... - Ashley fechou os olhos e abriu novamente. - Eles queriam a Lauren, mas falaram que iam mostrar para ela com quem a gente tinha mexido.

Murphy olhava a garota, de cenho franzido, e Jared sentiu uma raiva enorme crescer dentro dele.

Tocou no rosto dela. - Vamos para casa. Está tudo bem, eles estão mortos e você precisa tirar essa sujeira.

Ashley sorriu fraco. - Tá.

Murphy indicou a porta. - Colocamos as motos na pick up e você vai junto com ela, no banco de trás. Eu dirigo. - Indicou Ashley. - Ela parece precisar de você.

Jared assentiu. - Valeu, Murphy.

Os três saíram da faculdade, deixando os corpos mortos para trás. Mas Jared queria matar todos eles, todos os que pertenciam àquele grupo. Nenhum merecia viver.

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