Murphy
10 anos antes...
- Vai dormir aí?
Ele olhou para o lado e sorriu.
- Terminei já.
Levantou, passando as mãos nos jeans gastos e arrumando suas ferramentas. Saiu da sala ampla, lavou as mãos, pegou as chaves do carro e saiu.
Assim que chegou na rua, pegou um cigarro e acendeu, esperando o amigo que trancou a porta, parou do seu lado e esticou a mão, pedindo o acendedor.
- Mary tá em casa?
Murphy assentiu. - De folga, hoje.
- Da próxima vez temos de marcar um jantar. Eu, Giselle, você e a Mary.
Murphy sorriu, colocou o fumo para fora e passou a língua pelos lábios.
- Faz marcação para cinco.
O outro franziu o cenho. - Cinco? Não. Somos quatro.
- Exato, somos cinco. - Insistiu Murphy.
O outro entendeu e riu, batendo no ombro dele. - Fala sério? O que você fez com a garota, tadinha?
Murphy revirou os olhos. - Quer que eu explique o que eu fiz?
- Melhor não. Poxa, parabéns, cara. Soube agora?
Murphy negou. - Tá de três meses, já.
- Fico feliz, viu? Vocês merecem. Vai lá ter com ela. Amanhã às 6:30h? Assim bebemos um café antes.
Murphy assentiu, andando na direção do seu carro. - Fechado.
Dirigiu até casa, ansioso por chegar, mas sem dirigir nas pressas. Tinha de pensar nas duas vidas que agora tinha para cuidar.
Respirou fundo. Tinha de ligar para a sua mãe, para contar que ela iria ser avó, e já quase imaginava a reação dela. Dela e do seu pai. Iriam stressar, falar besteira, mas quando o bebê nascesse iriam aparecer com presentinho, não ligando nada para ele, somente na criança. E iriam infernizar a mente da Mary, falando como e o quê ela deveria fazer.
Estacionou o carro atrás do da namorada e saiu, vendo as luzes acesas. Tirou a chave do bolso e abriu a porta.
- Cheguei! - Gritou.
Sem ter resposta, Murphy foi na direção da sala, para colocar sua jaqueta, mas parou assim que chegou na porta. A jaqueta caiu no chão e ele ficou ali, parado, sem reação.
Mary estava deitada no chão, de olhos fechados. Em seu redor, uma poça de sangue gigante se formava, manchando o tapete. Ela tinha dois tiros no peito e um outro na barriga.
- Mary... - Murphy ajoelhou no chão, junto do corpo, ignorando sua calça no sangue. - Mary, acorda!
Ele colocou a mão no seu pescoço, não sentindo pulsação. - Não, não faz isso comigo. Acorda, por favor. - Suas mãos tremiam.
Depois seus olhos viram a arma, junto do corpo, e ele pegou, franzindo o cenho. Mas o que...? Olhou o corpo e começou a chorar. Alguém tinha feito aquilo? Alguém matara ela?
Tirou o celular do bolso e ligou para a emergência, só conseguindo na terceira tentativa, de tanto tremer.
- Eu preciso de uma ambulância! Rápido! - Murphy passou a mão pelo cabelo. - Minha namorada foi baleada! Tem uma arma aqui.
- Senhor, calma. Está dizendo que tem uma arma? O atirador deixou a arma?
- Eu... Eu não sei! - Gritou. - Anda logo! Tem uma arma e minha namorada não está respirando. Ela estava grávida!
VOCÊ ESTÁ LENDO
Legado
Ciencia FicciónO mundo parou. Todos morreram. Do nada, as pessoas deixaram de respirar, caíndo como se estivessem adormecidas... Todos menos Lauren e o seu pai. Sozinhos em uma cidade fantasma, Lauren e Bill têm de sobreviver ao que parece ser o fim dos tempos, em...