chapter 14. seeing him, first time, again.

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Depois daquele longo dia anterior e eterna madrugada desse dia eu finalmente decidi levantar da cama para poder me arrumar para a escola. Não era como se eu quisesse ir, teria que lidar com várias pessoas me perguntando ou explicando coisas patéticas que com certeza não me importavam tanto quanto meu estado emocional.
Tive uma das noites mais estressantes levando ao fato de que os dois garotos rondavam minha cabeça. Tentei ligar para Gwen, mas ela não atendeu, cogitei que o pai dela estava em casa. Donna também não atendia, mas era pelo jantar de família em que minha amiga estava. Fiquei encurralado(a), odiava ficar sozinho(a) e agora minha única companhia seria apenas eu. Dylan não tinha dado nenhum sinal de vida e Robin não me ligava desde dois ou três meses atrás.
Não lembro em que momento eu apenas me joguei na cama e comecei a rir depois de tentar ligar de novo para os Blake. Eu ri, ri de alívio, de orgulho e de tristeza. Chorar era sempre uma das saídas para aliviar o estresse, mas naquele momento em que eu ri... Percebi que pela primeira vez que um pedaço da minha vida estava sobre meu controle. Ja tinha decidido tudo, mudaria de volta para meus antigos horários, veria Finn, Donna e Robin de novo. Seríamos amigos dessa vez. Eu achava.
A partir do momento em que entrei no chuveiro e a água morna bateu no meu cabelo e rosto eu despertei. Sempre andava preocupado(a) com coisas sem motivo, tentei fazer de Robin uma versão do Bruce desde sua perda e fazer do Dylan uma versão do Robin já que eu também o perdi, mas a única coisa que eu não fiz era tentar amar alguém sem tentar modificar versões. Tentar amar alguém sem ver ela como um material de apoio para me salvar da saudade de alguém. Acho que foi por isso o motivo pelo qual eu amei o Arellano, e ainda amo, por mais que eu tentasse alterar o seu jeito e tentasse o ver como um Bruce eu nunca consegui porque, ele tinha um jeito de dizer e agir totalmente diferente.
Secava meu cabelo com a toalha e colocava alguma roupa simples como calça jeans larga, uma blusa grande e meu fiel companheiro, All Star branco sujo, enquanto pensava nisso por todo o processo até sair de casa, até chegar na escola e andar pelo corredor.
- Ei! Olha pra frente, não pro chão porra! - Sua voz soou pelos meus ouvidos como um deja vu.
  - Bom dia, Robin. Olhe você para frente então, não para suas mãos enfaixadas. - respondi direto(a).
  - Ah... - coçou a nuca e ajeitou o cabelo. - Bom dia [nome].
    - Bom dia, chico. - Sorri sem os dentes e desviei o olhar para o lado. - Vou por ali, tenho que conversar com a diretora sobre meus horários.
  - Vai mudar de novo para os nossos horários? - Disse secretamente feliz. - Quero dizer, para os horários do Finn e da Donna?
  - Vou sim. - Me afastei um pouco e acenei. - Tchau Robin.
  - Tchau. - Acenou de volta e saiu em direção ao pátio.
Falar com ele de novo de forma natural. Foi como vê-lo pela primeira vez, de novo.
Assim que pisei na sala da diretora afastei todos os meus pensamentos sobre o que acabara de acontecer.
  - Bom dia, diretora. - Sentei na cadeira a sua frente. - Eu vim pedir para alterar meus horários novamente.
  - Ah... - Me olhou de um jeito sarcástico. - Parece que você e seu namorado se resolveram, não é?
  - Nos resolvemos mais ou menos, diretora. - A respondi rindo. - Mas nunca fomos namorados.
  - Mas será que ele sabe disso? No período de quase três meses em que vocês não se falaram Robin brigou quase toda semana e era sempre pelo menos motivo. - Terminou a frase com um tom de suspense, enquanto tirava gentilmente de sua prateleira um papel de alteração de horários para eu assinar.
  - Poderia saber qual é esse motivo? - Peguei o papel escrevendo minha assinatura, curioso(a).
  - Um dia ele veio parar aqui de novo, só que nesse dia ele chorou. - Disse séria. - Chorou porque, em todas as vezes em que ele brigou e feriu as mãos, esperava que você fosse ajudá-lo. Assim como na primeira vez. - Ela disse abrindo aspas na última frase.
  Meu coração acelerou, parecia que meu chão havia sumido também. Aquilo dele brigar todas as vezes em que tinha chance... Era tudo porque ele sentia a minha falta? Eu fiquei com isso na cabeça por tanto tempo que nem ouvi quando um grito alto veio lá do pátio.
- Acho que é ele, [nome]... Arellano está brigando de novo e vai precisar de ajuda. - A diretora me alertou decepcionada e cansada por tanta bagunça.
- Você quer que eu vá lá? Parar a briga? - perguntei desacreditado(a).
- Eu vou fazer vista grossa sobre isso se você conseguir resolver, feito? - Disse entre suspiros.
Agradeci e sai da sala sem pensar duas vezes, apenas corri até o pátio o mais rápido que pude.
Lá estava ele, socando Moose de novo. Tudo parecia tão igual a primeira vez.
- Robin! - Gritei em um tom exageradamente alto. Mesmo assim ele não tinha ouvido.
O olhando direito, vi sua mão agora toda aberta e ensanguentada. Seus olhos fechados por tanta dor de feridas e mais feridas sendo abertas a cada soco e uma lágrima que havia escorrido.
Cheguei o mais perto o possível dele.
- Robin! - O chamei e ele me ouviu. - Por favor, para com isso. Olha seu estado. Para essa briga, faz isso por você, menino.
Acho que ele nem pensou direito antes de desferir mais um soco no garoto caído e levantar vindo em minha direção.
Novamente aquele deja vu. Ele me olhando com aqueles olhos profundos, expressivos e vivos, mas diferente da primeira, dessa vez eles tinham saudades como prioridade.
- Porra [nome]... - Me abraçou com força. - Porra hijo de puta! Por que? Por que apareceu agora? - Colocou a cabeça na curva do meu pescoço e ficou lá.
- Eu estou aqui Arellano. - Passei a mão pelo seu cabelo o soltando da bandana suja. - Vem, vou enfaixar sua mão de novo.
Aquela sensação de repetição do primeiro dia estava sendo tão intensa. Nos sentamos no mesmo banco e novamente tirei do meu bolso um pano para machucados. Amarrei, não com força, garantindo que não sangraria mais. Nunca mais.
- Seu machucado Robin... - Olhei para minha roupa que havia sujado de seu sangue quando ele me abraçou. - Está tão profundo quanto. Faz tempo que você anda brigando e socando qualquer coisa que nunca deixou as feridas cicatrizarem. Nunca deixou aquele machucado ir embora. Por que?
- Eu... - abaixou a cabeça e começou a olhar o curativo. - Eu te devo desculpas...
Logo começou os soluços de choro, tanto dele quanto meus. Ele falava e falava mas não entendia nada já que ele queria sobretudo chorar.
- Robin, calma mi amor. Calma. Eu também te devo desculpas, sabe? - Respirei fundo me preparando. - Fui idiota com você. Não queria assumir meu erro e descontei minha raiva encima da pessoa que eu mais amava, entende?
- Me desculpa... Eu também fiz isso [nome]. Eu também fui um covarde e reprimi tudo aquilo que eu sentia para não parecer fraco. - Se aproximou de mim depois de falar, segurando levemente meu rosto com sua mão machucada. - [nome], eu te amo, como na primeira vez. Estou disposto a tentar de novo, sei que você não quer. Se querer vamos fazer tudo no seu tempo, demore quanto for preciso para me perdoar e se recuperar, para se encontrar e saber quem você é, mas eu não vou sair do seu lado até voltarmos a ser felizes juntos!
- Robin, obrigado... Obrigado por respeitar o meu tempo, vamos conseguir um dia, mas até lá eu quero você aqui. - Coloquei minha mão no seu ombro. - Aqui comigo. Rato, eu te amo como na primeira vez.
Assim que eu disse aquilo, uma sensação familiar subiu no meu coração. Era a sensação do seu beijo de novo. E por Deus, foi tão bom que eu nem liguei para as pessoas ao redor. Foi incrível saber que Arellano estava comigo de novo.
Estávamos juntos. Não importava quando eu decidisse tentar de novo ou não. Ele estava lá. Agora e para sempre.

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"Just like seeing her for the first time,again."
Sim! É essa música guys.
AAAAAAAAA tomem essa meus amigos. E NÃO, NÃO É O FINAL DA FIC, AINDA TEM MAIS CAPÍTULOS CALMA!!
Achei soft, gostei de trazer uma confissão de fraquezas e assumir erros. Foi foda escrever isso 💪.
Como não chegamos na tragédia principal da fic os próximos caps vão ser, como posso dizer, tensos.
Perdão por erros de coesão coerência e ortografia.
Beijão do Azi!! 💋❤️‍🔥

ALIVE - The black phone, Robin Arellano.Onde histórias criam vida. Descubra agora