chapter 17. It's someone, not something.

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   Se tem uma coisa que eu havia aprendido nesse tempo sozinho(a), nesse tempo que eu perdi duas pessoas importantíssimas em menos de um ano, é que pessoas boas são punidas sem o mínimo de merecimento. Refletia sobre essa frase rotineiramente, isso me ajudava a focar no mundo real com um olhar mais sério. Sabendo que não poderia confiar em qualquer um nem mesmo que fosse de dia.
   Voltava da escola com Finn e Gwen. Em um momento a garotinha saiu correndo porque lembrou que esquecera seu livro na escola. Então eu e Finney ficamos lá andando devagar até as nossas casas.
   O vento batia no meu rosto como uma mão bem leve, o Sol já estava se pondo e nuvens pesadas se formavam rapidamente. O caminho era meio longo e durante ele Finn parou e olhou para o lado direito que dava em direção a um estacionamento.
    - Finney, o que foi? - perguntei curioso(a).
    - Aquele homem ali. - Apontou para um senhor de chapéu e óculos escuros. - Derrubou as compras dele. Pode ir embora que eu vou ajudá-lo ok? Aproveita e corre até sua casa para ligar para Gwen e avisa que eu vou demorar um pouco.
    - Ok amorzinho. - respondi ao comando.
   Finney andou em direção ao homem que rapidamente sorriu em retribuição. Senti um arrepio forte subindo minha nuca ao ver balões pretos saindo do carro do senhor de chapéu. Por mais estranho que parecesse o homem tinha realmente derrubado uma grande quantia de alimentos no chão.
    - Se precisar, é só correr. - Puxei meu amigo pelo braço, receoso(a). - Tchau. - Beijei sua bochecha e segui caminho.
    - Tchau [nome]. - Respondeu concentrado em tirar de baixo do carro uma lata de atum seco.
   Por mais que sentisse uma sensação ruim, fui andando de volta para casa com um peso na consciência por não ter ficado lá.
   Cheguei na porta e a destranquei, toda vez que passava a mão pela maçaneta aquela sensação do toque de Robin passava pelo meu corpo, como se ele realmente tivesse aberto a porta por uma última vez.
   (Preciso parar de pensar nele todas as vezes que passo pela entrada.)
   Depois de uma longa trajetória de enrolação até finalmente tomar banho saí com o cabelo pingando água do banheiro, desci até o andar de baixo para pegar meu velho telefone e ligar para a residência Blake.
    - Ei Gwenny!
    - Oi [nome]! Você sabe se meu irmão está aí na sua casa ou ficou na escola? Sei lá... - Gwen disse tensa.
    - Ele não está aí? - perguntei começando a suar. - Estávamos indo embora juntos, mas ele parou para ajudar um homem com as compras de mercado e não voltou até agora.
    - Vou ligar para a Donna. - Disse em um tom receoso. - Quem sabe ele esteja lá.
    - É, relaxa. Logo ele volta tá bom? - Desliguei após ouvir um "tchau" vindo da menina.
   Fiquei pensando sobre isso. Primeiro Bruce, depois Robin e agora Finney? Sei que não deveria tirar conclusões precipitadas mas, será que os desaparecimentos estavam interligados?
   Decidi ligar para Donna, possivelmente daria interferência já que a mesma deveria estar em ligação com a Blake, mas não custava nada tentar, não é?
    - Oii Donna! - Disse aliviado(a). - Que bom que atendeu.
    - [Nome]! - Soou em desespero. - Finney não está aqui em casa, nem na casa dele. - Respirou fundo dando travadas. - Por favor... Me diz que ele está aí.
    - Não Donna... Ele não está.
   Não ouvi mais nada além de um choro embargado vindo do outro lado da ligação. Novamente, furioso(a), bati o telefone no gancho com força. Subi as escadas correndo e fechei rudemente a porta do meu quarto.
   Aquela familiar dor de cabeça subiu pelo meu corpo de forma dolorosa, me joguei na cama de costas e esfreguei minhas têmporas, nervoso(a). Assimilava tudo a mil por hora e pensava seriamente se os três desaparecimentos estavam interligados. Aquele homem de mais cedo, será que ele era um dos envolvidos? Ou seria talvez algum aluno da escola ou parte do corpo docente? Não era uma forma de se perder. Não tinham como três pessoas sumirem da mesma forma assim por coincidência.
   (Não é algo, ou algum caminho. É um alguém.)
   Não precisei nem telefonar novamente para ver de relance Gwen tacando pedras na minha janela. O mais rápido que pude abri a porta da frente a deixando entrar.
   Gwen estava inquieta, roía suas unhas em sinal de ansiedade e andava de um lado para o outro. No momento em que a fiz sentar e lhe ofereci um copo de água suas pernas mexiam rápido.
    - Eu... - Bebeu um gole grande de água. - Não faço a mínima ideia de onde meu irmão esteja.
    - Estava pensando sobre isso. - Peguei do bolso de trás da minha calça um papel já amassado que eu usara para rascunhar meus pensamentos. - Acho que podemos saber o que esta acontecendo. Olha! - Indiquei com meu dedo um mapa sobre ligações.
    - Assimilou os três desaparecimentos como um todo? - Perguntou retoricamente. - Depois deduziu que deveriam fazer parte de algum esquema muito maior...
    - Exato! - Sorri em satisfação. - E aliás, não pode ter sido porque se perderam em um caminho, ou porque um animal ou carro bateu neles...
    - Está dizendo que... - Me olhou impressionada.
    - Exato Gwenny. - Assenti com a cabeça enquanto falava.
    - Não é algo, é um alguém. - Disse como se tudo fizesse sentido naquele momento. - Temos que mostrar isso para a polícia! Podemos achar meu irmão e todos os outros desaparecidos se começarmos a procurar agora e...
    - Gwen. - Segurei sua pequena mão que agora gesticulava junto de suas palavras rápidas e altas. - Calma. Não podemos falar agora, não temos uma fonte concreta sobre isso.
    - Porra. - Cerrou os punhos e os bateu na mesa, indignada. - Você está certo(a). - Respirou e bebeu mais um pouco da água. - Trouxe minhas coisas e vou dormir aqui, ok?
    - Claro amor. - Abri o sofá da sala e ajeitei ele passando a mão e colocando as almofadas. - Vamos dormir no sofá juntos(a). Eu tranco a porta para te dar mais segurança. Pode ser?
    - Está ótimo! - Sorriu fraco em concordância.
    - Antes de tudo. - Peguei um bilhete e colei na folha de papel com a o plano.
   Escrevi de forma bem visível "não é algo, é alguém", para nos lembrarmos disso.
   Me deitei ao lado de Gwen, que pela minha demora para me arrumar, já dormia calmamente. Demorei para cair no sono, era difícil dormir com minha cabeça como um turbilhão rodando. Poderia ter criado muitas teorias, mas nenhuma delas mudava o que eu achava.
   (Não importa quem você é. Aqui se faz, aqui se paga.)

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   Meus amores, não me matem tá? Finn vai sobreviver no final. Respirem fundo que ainda tem muita história pela frente ok?
   Perdão por errinhos básicos! Prometo postar caps mais longos em breve.
   Beijão do Azi!! 💋🫶

ALIVE - The black phone, Robin Arellano.Onde histórias criam vida. Descubra agora