chapter 10. considerate brothers.

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   Sábado. Hoje era um dos dias em que estaria na casa de Arellano assistindo ou dormindo do seu lado, mas estava tudo diferente desde nossa briga de ontem.
O garoto veio me procurar ontem de noite e ficou gritando meu nome pela janela do meu quarto por um tempo, desistiu depois de ver que eu apaguei a luz do meu quarto indicando que ele fosse embora. Me senti meio mal porque, querendo ou não eu gostava dele, mas como disse muitas vezes, não assumiria meu erro nem morto(a).
    Logo de manhã me levantei com uma dor de cabeça enorme, talvez seja porque fiquei até de madrugada conversando com Gwen pelo telefone ou também porque chorei muito até querer vomitar de tanta dor no estômago. Isso tudo nem ao menos importava, eu já tinha feito a merda mesmo, só me restava deixar a poeira abaixar e ver o que fazer depois.
  Mas esse meu sossego não durou muito já que minha campainha que eu nem sabia que funcionava começou a tocar freneticamente.
   Desci correndo as escadas assustado(a).
  - Porra Gwen! - suspirei em alívio. - Tomar no cu menina, sentou o dedo na campainha foi? Acabei de acordar. - Esfreguei minha mão no meu rosto.
- Eu percebi... - abriu o portão e entrou sem aviso. - Vem logo, você tá um lixo hoje. Vou te salvar e te fazer sair dessa casa
- Isso é uma visita ou um guindaste? Porque para sair daqui não saio nem amarrado(a).
- Então vai ser na força do meu ódio e persuasão. - sorriu de canto.
   - Por que decidiu me levar para sair de última hora?
    - Finn decidiu. Ele quer te animar um pouco! - Minha amiga falou.
    - A Donna vai estar lá? Com todo respeito, se eu ver algum casalzinho na minha frente é capaz de eu chutar de tanto ódio. - Disse descontente.
    - Vai estar não idiota. - Comentou me olhando assustada. - Vai ser um programa só de irmãos.
    - Ué. - proclamei confuso(a). - Não sou irmão(a) de vocês.
    - Mas é de consideração, assim como Robin.
    - Não me diga que ele vai também...
    - Não, Robin não está incluso nesse grupo. - Disse andando para a parte de cima da casa  até parar no meio dos degraus confusa. - Quer dizer, ele está incluso como irmão, mas não incluso na saidinha de tarde.
   Logo em seguida me puxou escada a cima e entrou no meu quarto. Conversamos um pouco e ela insistiu em me fazer trocar de roupa. Eu usava um short velho e uma blusa do meu pai, em minha defesa era meu pijama.
    - Coloca essa roupa aqui! - Disse apontando para as peças na minha cama. - Já tá ótimo!
    - Ok madame. - Peguei as roupas e segui para o banheiro. - Me espere aqui então. Vou tomar banho também.
   Logo que entrei no chuveiro senti aquela água quente batendo no meu rosto e corpo e assim aquele calor era tão similar ao abraço dele. Porra, ele fazia uma falta tão grande e nem fazia um dia que brigamos direito. Não entendia o motivo daquela falta, eu gostava de passar um tempo com ele, mas será que estava mesmo apaixonado(a)? Ou estava apenas frustado(a) por ter cometido uma mancada com alguém que eu ficava quase rotineiramente?
   (Cacete rato maldito! Sai da minha cabeça.)
   Desliguei o chuveiro e coloquei as roupas que  Gwen escolheu. Não era nada demais, uma calça preta larga com uma blusa branca básica, por cima uma jaqueta de tecido grande cinza e all stars brancos surrados.
    - Ei Gwenny, você tem um bom gosto pra moda até. - Disse me olhando no grande espelho do meu quarto. - Estou me sentindo um pitéu...
    - Com todo respeito, você é um pitéu, mas agora podemos arrumar esse seu cabelo? Ele está pingando no chão e me dá agonia. - Ficou em pé atrás da cadeira da minha penteadeira. - Senta aqui vai. Vou ajeitar isso.
   Gwen tinha uma mão leve e delicada, de vez em quando penteava forte e doía, mas era bem pouco. Passou um gel de cabelo e ajeitou para noa ficar lambido. Estava ótimo.
    - Tá lindo(a)! - Disse com brilho nos olhos.
    - Estou mesmo! - A abracei. O gesto foi retribuído. - Obrigada Gwenny!!
Seguimos caminho até o lugar onde o Finney nos esperava, por ironia do destino era na mesma praça em que eu e Robin dançamos pela primeira vez.
- É aqui! - Minha amiga pronunciou feliz
- Foi aqui que eu... - A olhei atônito(a). - Foi aqui que eu e Robin ficamos pela primeira vez Gwenny...
A expressão da minha amiga mudou repentinamente, agora ela parecia arrependida por ter ajudado o irmão a escolher esse lugar.
- Ei! Vocês estão aqui! - Finney gritou de longe. Acenando com a mão para irmos até ele. Que estava sentado em um dos bancos do lugar.
- Me desculpa, eu não sabia que era aqui. Que era exatamente essa praça. - A mais nova tentava se explicar incontrolavelmente.
- Ei gatinha, tá de boa. - Disse sorrindo fino. - Não é como se tivesse sido proposital. Eu nem me importo tanto com isso.
A verdade era que eu me importava e muito. Dançamos juntos a luz da lua enquanto nos olhávamos sem ao menos desviar. Foi tudo tão romântico para agora eu voltar aqui e ver que enquanto a música da discoteca tocava eu teria que dançar sozinho(a).
- Fico muito feliz de você ter vindo, [nome]! - Finn me abraçou. - Eu soube o que aconteceu então se quiser apoio eu tô aqui. - Disse coçando a nuca.
- Que tal sorvete? - Gwen perguntou cortando o clima tenso. - Eu amo sorvete!
  - Claro flor! - Sorri em concordância.
Andamos até uma lojinha de conveniência mais próxima, e foi incrível parar de ouvir aquela música que tocava tão cedo na discoteca ao lado da praça.
- Que tal comprarmos um pote e irmos para sua casa? - Finn fez uma pergunta, mas eu sabia que era retórica. Ele tinha notado meu desconforto ao sair de casa assim do nada.
- Para mim está ótimo. - respondi por fim.
Seguimos até a minha casa em um silêncio um tanto quanto confortante, por isso gostava de silêncio. Era como se as pessoas falassem apenas pelos próprios gestos.
Não pude deixar de notar o quanto Finn e Gwen ficaram do meu lado aquele dia e pelo resto do final de semana. Foi uma sensação tão boa ouvir eles me chamando de irmão(a) de consideração. Foi a sensação mais confortante que eu tive.
Robin poderia ser muito importante e eu poderia estar sentindo uma falta incontrolável dele em apenas um dia, mas era impossível esquecer que os irmãos Blake também eram uma parte muito importante pra mim e para minha vida. Eu os amava como irmãos de sangue se amam.
   Assim que chegamos na minha casa decidimos imediatamente ver algum filme que passava na TV aberta, no fim vimos qualquer um que passava, mas eu mal prestava atenção porque uma nova coisa rodeava minha cabeça.
   (Eles estão do meu lado para andar comigo até nos momentos ruins.)
- Pessoal. - Comentei no meio do filme. - Obrigado por... Vocês sabem, ficarem comigo o dia inteiro.
- Sem problemas [nome], você sabe que estamos aqui para ajudá-lo sempre que precisar, não é? - Finney perguntou e me abraçou.
  - Eu sei sim. Por isso amo vocês como irmãos de sangue.
- Também te amamos como um(a) irmão(a) de sangue. - Gwen me abraçou logo em seguida.
Logo após isso eles foram embora e, pela primeira vez em um dia sem o Robin, não me sentia tão sozinho(a) assim.

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Tomem uma coisa mais soft só pra eu não correr risco de morte. (juro q já tão me ameaçando 😨)
Eu vou dar uma boa focada nos irmãos Blake em alguns capítulos ainda, aliás eles também são parte da história. Sobre o Robin. Meus amigos se preparem com antecedência.
Perdão por erros básicos e uma beijão do Azi.💋💭

ALIVE - The black phone, Robin Arellano.Onde histórias criam vida. Descubra agora