POV Dimitri
Olho para minha última obra perto da sua conclusão. Uma casa de veraneio a beira da praia de Lanikai.
Essa era a última casa em que eu trabalharia na reforma dos amigos que Stan Alto me indicou.
Depois disso um cargo de professor universitário me aguardava em Chicago, minha cidade natal, onde minha família morava.
Eu estava ansioso para morar de novo perto da minha mãe e minhas irmãs, mas estaria mentindo se não dissesse que a causa da minha maior ansiedade era Rose.
Já se passaram dois anos desde a última vez que a vi naquela fonte.
As vezes nos falávamos por mensagem, apenas checando um ao outro. Ela parecia estar indo bem, conseguiu um emprego como professora de biologia em uma escola perto da sua casa e o mais importante de tudo, estava sóbria.
Lissa teve uma linda garotinha que recebeu o nome de Violet, ela parecia estar começando a andar agora. Lissa ainda fazia uma chamada de vídeo comigo toda vez que Violet ameaçava os primeiros passos. Não queria que eu perdesse nada.
Chris e eu chegamos a um acordo, já que voltaríamos a estar na vida um do outro, poderíamos deixar o passado para trás. Era bom ter alguns dos meus amigos de volta, ainda que eu sentisse muito a falta de Mason.
Ando até a areia da praia olhando para as ondas pensando na minha vida nos últimos anos.
Se me fosse dado a oportunidade de fazer tudo de novo, não sei se mudaria alguma coisa.
Aprendi tanto de tantas formas diferente. Eu só me arrependia de não ter aproveitado mais quando tive o amor em minhas mãos.
Respiro o ar salgado ao mesmo tempo que sinto algo pegajoso no meu pé.
Olho para baixo e vejo um cachorro marrom com a boca cheia de baba cheirando meus dedos.
Abaixo-me fazendo carinho em sua cabeça e noto uma coleira.
- Vegas? Que nome estranho, amigo... Onde está seu dono? - Pergunto olhando ao redor.
- Eu estou bem aqui -
Me viro surpreso e um pouco chocado ao ver Rose ali com um vestido leve de verão e um chapéu enorme na cabeça.
Rose ri e se abaixa prendendo a guia em sua mão na coleira de Vegas.
- O que eu disse sobre se afastar muito, garoto? - Rose fala com o cachorro enquanto acaricia seu pescoço. Vegas lambe sua mão contente com o carinho.
Ainda atordoado olho para os dois. Parece um sonho.
- Por acaso é uma coincidência maluca você estar no Havaí? - pergunto.
- Claro que não, vim atrás de você - responde calmamente me olhando nos olhos.
Ela se aproxima até ficar cara a cara comigo, Vegas fica quieto sentado parecendo absorver a atmosfera. Só eu que sou o confuso aqui.
- Lembra do nosso jantar, Dimitri? se você ainda quiser, estou aqui. Sinto muito ter demorado tanto - Rose declara e sorri parecendo nervosa. Como se eu fosse dizer não.
Meu sorriso de resposta é tão grande que tenho medo de deformar meu rosto pra sempre.
Agarro Rose pela cintura e a beijo profundamente.
Rose ri com os lábios nos meus enquanto tenta segurar seu chapéu.
- Vai com calma, camarada, eu sou moça de família - provoca.
Encosto meu nariz no seu pescoço sentindo seu cheiro.
- Eu conheço sua família, pode acreditar, eles não vão se importar com esse beijo - digo me inclinando para beijá-la de novo.
Rose retorna me puxando para a areia. Ficamos ali parecendo dois adolescentes roubando beijos um do outro.
Vegas pula em nós e corre para água de tempos em tempos.
- Você não me contou sobre ele - digo apontando para o cachorro abobalhado.
- Eu estava saindo para uma reunião quando o encontrei tentando comer meu cacto da varanda. O coitado ficou cheio de espinho na boca. Levei para o veterinário, dei todas as vacinas e desde então Vegas mora comigo. O bom é que nunca mais chegou perto do Cacto - sorri Rose.
- Você tem plantas reais? - pergunto surpreso. Pelo que me lembro de Rose ela não queria nada vivo e dependente. Ela mal podia ter um peixe quando criança, muito distraída pra manter o bichinho vivo.
- Agradeça ao pequeno Chris quando chegarmos em casa, ele estar vivo é o motivo de eu estar aqui - declarou Rose passando os dedos pelo meu cabelo que voltei a deixar crescer.
- Estou confuso? Pequeno Chris seria...? - pergunto tendo certeza que Lissa só teve uma filha.
- O cacto, óbvio! Que outro nome eu daria pra uma coisa verde, ressecada e cheia de espinho? - pergunta como se eu tivesse feito uma pergunta boba.
Rio disso. Rose e seu senso de humor, Deus como senti falta disso!
- Você me explica isso depois... Quero saber como anda as reuniões?
Rose sorri apontando para sua pulseira com várias fichas.
Na sua primeira reunião ela ganhou uma ficha amarela pra representar seu primeiro dia sóbria. Desde então sempre que trocava de ficha conforme o tempo ia passando Rose dava um jeito de transformar em pingente.
Ali continha a sua primeira amarela de um dia, azul de três meses, rosa de seis meses e outras cores que eu nem sabia.
Rose toca uma verde.
- Mês passado completei dois anos de sobriedade - me conta. Ter elas aqui no meu punho me lembra diariamente o que conquistei - explica entrelaçando suas pernas na minha enquanto estamos deitados na areia quente.
- Foram grandes conquistas - concordo e a puxo para mais um beijo. Estou tão orgulhoso de minha Roza.
Após alguns beijos Rose se afasta minimamente.
- Um passarinho me contou que você está terminando seu trabalho aqui, e que depois está indo para casa... - comenta.
- Esse passarinho se chama Lissa? - pergunto rindo.
Rose ri junto.
- Talvez.
- Ela está certa, em uma semana finalizo a obra. E você, vai ficar por quanto tempo? - pergunto.
- O quanto você me quiser - responde me olhando profundamente.
- Eu sempre vou querer você, Roza -
Respondo sinceramente.Por quê essa é a verdade. Não importa o tempo ou a distância. Sempre vou querer essa mulher.
- Então vamos camarada, sempre quis conhecer o Havaí - diz Rose se levantando e estendendo a mão para mim.
Sorri para a visão diante de mim. Rose sorrindo com seu chapéu torto e vestido balançando pelo vento.
Não lembra em nada a mulher levemente bêbada que vi dois anos atrás entrando no saguão do prédio que trabalhava.
Aquela mulher estava no limite, sobrevivendo e se agarrando a cada segundo.
Essa mulher?
Essa mulher está mais viva do que nunca, com um futuro inteiro e brilhante pela frente.
Sou muito sortudo por ela me querer nele.
Então sem demora aceito sua mão.
***
[NOTAS FINAIS]
Acabou. Eu só tenho um curto epílogo que já vou soltar e é isso. Acabou meus amores. Obrigada por tudo. Obrigada por tanto.
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Linha Tênue
RomanceAfter a traumatic event, Sofia's life collapses, filled with endless problems. In order to help her find a new perspective, her friends decide to take her on a unique journey. However, during this journey full of surprises, Sofia encounters ghosts f...