Capítulo 15

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Não sei dizer o que mudou
Mas nada está igual
Numa noite estranha
A gente se estranha e fica mal

- Borboletas, Victor e Léo

POV Rose

Eu estava nos braços de Dimitri novamente após sete anos. Sete longos anos sem sentir todo aquele alvoroço no estômago só de estar perto e sentir seu cheiro que continuava exatamente igual ao que era antes.

Eu não sabia ao certo como me sentir, eu estava feliz por tê-lo por perto, mas algo ainda parecia errado.

O cheiro... Apesar do seu cheiro continuar igual ele não era a mesma pessoa e bem... Nem eu.

Dimitri cheirava a pós barba como sempre, mas eu me acostumei com o cheiro de limão de Mason. Mason foi meu marido e meu melhor amigo, ele sempre esteve comigo, Dimitri não.

Me afastei um pouco do seu abraço tentando pensar com clareza. Dimitri me soltou sem relutância, mas seus olhos pareciam magoados?

Eu não sabia ao certo. Suspirei cansada, além da noite mal dormida era difícil decifrar o camarada de agora. Eu não queria ter desabado da forma que desabei ontem, principalmente com ele vendo. Mas, já aconteceu e eu só podia seguir em frente agora.

- Como se sente? - perguntou após um longo minuto de silêncio me avaliando com sua perfeita máscara neutra.

Dei de ombros. Como eu me sentia? Bom, eu me sentia como se um caminhão tivesse me atropelado e dado ré só para garantir que não ia sobrar nada mesmo. Mas ao invés de responder isso, me limitei ao "Estou bem."

Dimitri me encarou como se não acreditasse em uma única palavra do que eu dissera. Eu sempre menti mal pra ele mesmo.

- Quer tomar um café? - Perguntou por fim.

- Você sabe que eu não gosto dessas bebidas de gente velha - zombei para descontrair.

Dimitri arqueou uma sobrancelha questionando e deu um meio sorriso diante do meu comentário. Céus! Há quanto tempo eu não via isso.

- Um chocolate quente, então? - perguntou testando.

- Agora você tá falando minha língua, camarada. - E sorri.

Saímos do seu quarto e fomos em direção da lanchonete próxima ao hotel. Exatamente a que eu estava usando para fugir dele dias atrás. Que universo engraçado.

Quando passamos pelas obras do saguão eu decidi sanar minhas dúvidas agora que voltamos a nos falar civilizadamente.

- O que exatamente você está tentando fazer aqui? Por que eu só enxergo poeira e entulho, Dimitri - disse fazendo um gesto com a mão em volta do salão.

Dimtri riu.

- Lógico que você vê isso... Você via a casa da árvore como uma pilha de madeira sem sentido até que estivesse pronta, lembra? -

Claro que eu me lembrava disso, mas eu não daria o braço a torcer então esperei quieta ele terminar.

- É uma história bem interessante, na verdade... O prédio é antigo, precisa de reparos, como uma fundação mais sólida e uma planta mais prática. O dono atual queria demolir e construir um novo, mais moderno, melhor... Mas o antigo dono que é o pai desse atual, um senhor muito simpático de 80 anos não queria demolir tudo. Queria conservar o local em que conheceu a esposa -

Dimitri olhou para mim nesse ponto da história e eu sorri, imaginando o que se passava na cabeça dele.

- E onde você entra? - perguntei.

Linha TênueOnde histórias criam vida. Descubra agora