Christian
Eu pego a minha esposa nos braços e corro para os fundos da mansão, na direção contrária dos noivos para evitar a muvuca.
— Christian, espera. — ouço a voz apavorada da Mia me gritando, mas ignoro e me apreço em direção à garagem.
— Tudo bem, dea, nós vamos para um hospital agora e ver o que está acontecendo com o nosso bebê. — Anastasia faz uma careta e respira fundo da mesma maneira que aprendeu nos inúmeros vídeos de parto que ela passou os últimos meses assistindo.
— Ele está nascendo, Christian. É um pouco cedo mas ele decidiu assim. Agora eu preciso que você me coloque no carro, volte para a festa e tranquilize a Mia. Também preciso que você pegue a bolsa do bebê que está sobre a poltrona do quarto dele.
Nego com a cabeça e abro a porta do SUV, entrando com ela ainda no meu colo no banco de trás.
Sebastian e Taylor aparecem na mesma hora e tomam os lugares na frente, dando partida no carro e saindo da garagem em alta velocidade.
— Primeiro vou te entregar na mão de um médico, depois nós nos preocupamos com isso, ok? — os olhos azuis brilham de raiva, mas ela geme e aperta a minha mão com força.
— Eu só não vou discutir com você porque estou com muita dor. — Anastasia murmura quase sem fôlego e eu beijo a testa ela, apertando-a contra o meu peito.
Apesar das tentativas da minha mãe ao longo da minha infância eu nunca me interessei por igreja e depois de adulto religião e fé nunca foram coisas necessárias para mim, mas agora, vendo a dor estampada no rosto da minha esposa e sentindo o medo crescer no peito eu fecho os olhos enquanto embalo Anastasia nos meus braços e faço uma prece silenciosa.
Nós estávamos quase entrando na trigésima sétima semana e o médico já havia alertado sobre um possível adiantamento no parto devido a condição cardíaca da Ana, mas tudo seria feito com planejamento e sem sustos.
Não era para a bolsa dela romper agora.
— Christian, olha pra mim. — Anastasia murmura baixinho e toca o meu rosto. Abro os olhos e ela me dá um sorriso pequeno. — Tem oito meses que eu tento trazer isso à tona e você sempre me corta mas agora não tem mais como fugir.
— Ana, isso de novo não, por favor.
Tento novamente mudar de assunto, coisa que eu tenho feito incansavelmente desde que ela veio com o assunto.
Só a possibilidade de não tê-la na minha vida assusta a merda para fora de mim e se isso significa ser covarde então eu sou um covarde.
— Você vai ouvir, porra. — ela rosna e faz outra careta, esfregando o lado esquerdo da barriga. — Você sabe que meu coração não é dos melhores e mesmo com todo o acompanhamento ele ainda pode falhar. Caso aconteça qualquer coisa você vai escolher ele, ok? O nosso filho é a prioridade.
Desvio meus olhos dos dela e fito a janela, a paisagem passando rapidamente através dos vidros escuros.
Anastasia me dá um beliscão no braço e eu olho para ela novamente, sem expressão.
— Não me peça isso, por favor. Eu amo esse bebê mas te amo muito mais. Nós vamos passar por isso juntos e vamos sair vitoriosos, mas se algo acontecer nós ainda podemos tentar ter outros filhos.
Os olhos dela enchem de lágrimas e meu coração afunda no peito.
Nada me machuca mais do que ver a minha dea triste mas esse assunto não é um tópico a ser discutido.