Anastasia
Saio da biblioteca em disparada. Esbarro em um dos vasos caros de porcelana do hall, o barulho parecendo dez vezes mais alto do que realmente é.
Corro até a garagem e entro no meu carro, girando a chave na ignição e pisando fundo no acelerador. Minhas lágrimas borram minha visão, tudo passando como um borrão diante de mim, mas a ânsia de vômito e a necessidade de colocar a maior distância possível entre Christian e eu faz das minhas lágrimas um pequeno detalhe.
Um dos seguranças vem correndo atrás de mim quando finalmente consigo passar pelos portões da mansão. Aproveito a pista livre e acelero.
Depois de sete quilômetros em poucos minutos, paro no acostamento e tiro minhas pílulas da bolsa.
Meu Deus, o que eu faço agora?
Vou ter um filho de um traidor desgraçado que me colocou um par de chifres logo na primeira oportunidade. Me mandou para longe só para poder desfrutar e rir da minha cara junto com a prostituta barata.
Bato minha testa no volante e suspiro, limpando algumas das minhas muitas lágrimas.
A vida não faz mais sentido, nada mais faz. Perdi o meu marido poucas semanas depois do casamento para uma ex completamente louca mas que certamente é melhor do que eu em alguma coisa.
Eu poderia morrer agora, mas o bebê na minha barriga me faz retroceder com os pensamentos e focar no que realmente importa.
Eu preciso ir embora, ponto.
Arrumar as minhas coisas e voltar para Seattle ou procurar qualquer outro lugar e começar de novo. Ainda sou jovem, tenho minhas qualidades, refazer a minha vida e criar o meu filho não serão tarefas impossíveis.
Quando foi que eu permiti que Christian tivesse tanto controle sobre mim?
Que tipo de idiota eu sou, caralho?
Conecto meu celular no auto falante do carro e digito o número de Mia, apertando o volante a cada toque.
— Já chegou? — ela soa ofegante do outro lado da linha.
— Só me escuta e não faça perguntas. Arrume as minhas coisas e as suas, separe nossos documentos e reserve nosso vôos de volta para Seattle. Seja discreta, não deixe ninguém te ver saindo. Chego aí em uma hora. Você entendeu? — ela ofega e fica em silêncio, sua respiração pesada cortando a ligação. — Mia, você entendeu?
— Eu entendi.
Não espero ela falar mais nada. Encerro a ligação e desligo meu celular, jogando-o dentro da bolsa.
Minhas lágrimas secaram, assim como a maquiagem borrada. Estou a imagem e semelhança de satanás e isso só será um ponto a mais que eu cobrarei de Christian num futuro próximo.
Nunca odiei pessoa alguma na vida como estou odiando ele agora.
Eu quero ferí-lo, machucá-lo da mesma maneira que ele fez comigo. Triturar seu coração de merda assim como ele fez com o meu.
Me amar e respeitar eternamente o caralho.
Todo aquele circo; as palavras bonitas, os gestos apaixonados, o ciúme doentio, a cerimônia de casamento estúpida.