Anastasia
Nós duas dormimos por algumas horas para recarregar as forças e aproveitar nossa noite ao máximo. Não foi tanto tempo, mas foi o suficiente para relaxar um pouco a tenção que a falta de notícias está colocando sobre os meus ombros.
Dei uma travesseirada em Mia para acordá-la e me arrastei para dentro, parando em frente ao espelho do corredor. Eu tentei explicar para mim mesma que estava tudo bem e que em breve Elliot ligaria para avisar que tudo estava bem.
Respirei fundo e fui para a cozinha, enfiando uma lasanha pré-assada no microondas. Me escoro no balcão e cruzo os braços, meus olhos desviando para o relógio na parede. É pouco mais de seis. Achei que fosse mais tarde, mas novamente Seattle não é como na Itália. Aqui escurece cedo demais e é mais uma das coisas que passei a odiar nessa cidade.
— Eu vou enlouquecer. — murmuro ainda olhando para o relógio.
Mia entra na cozinha e pega uma garrafa de água na geladeira antes de parar ao meu lado.
— Tente livrar sua mente por um instante. Não pense muito nele por enquanto. — eu bufo, revirando os olhos.
— Fácil falar. Nem uma mensagem maldita. Nada. — ela suspira e envolve um braço ao redor do meu pescoço. — Sabe de uma coisa? — olho para a minha amiga com um sorriso. — Será que você consegue um bom cabeleireiro?
Mia me olha com olhos arregalados.
— Cabeleireiro? Tipo, agora? — ela aponta para o relógio. — Agora mesmo?
— Não, Mia, para amanhã. É lógico que é agora. Qual é? Você conhece metade de Seattle, não é possível que não consiga essa mágica.
Ela pára, tombando a cabeça para o lado antes de morder o lábio inferior.
— Conheço uma pessoa sim. Já volto. — ela beija a lateral da minha cabeça e sai correndo pelo apartamento.
Mia não só nos conseguiu um cabeleireiro como um salão de belezas inteiro pronto para nos atender. A boate seria só depois das onze, o que nos dava bastante tempo para a preparação.
Justin, um pseudoamigo de Mia foi quem nos recebeu com champagne e sorriso fácil. Ele nos apresentou a sua equipe e ordenou que fôssemos atendidas com perfeição. Notei alguns sorrisos e sussurros entre os dois, mas não falei nada, pelo menos por enquanto.
Mergulhamos em sessões de massagem e limpeza de pele, depois unhas e maquiagem. O cabelo ficou por último. Megan, a cabeleireira bonita e cheia de tatuagens sorriu para mim enquanto acariciava uma mecha do meu cabelo.
— O que deseja para hoje, Ana?
— Mais escuro. — Mia gritou, bebendo um pouco da sua terceira taça de champagne. — E um novo corte, talvez franja.
Olhei dela para o espelho, depois para ela de novo. Meu cabelo castanho médio nunca havia tido contato com uma tinta e eu sempre fui terminantemente contra o corte.
— Tem certeza? E se eu não gostar da cor e também odeio cortar o meu cabelo.
— Seu cabelo ainda vai estar castanho, Ana, só estará uns dois a três tons mais escuros e não precisa cortar tanto, só o suficiente para mudar um pouco. Além do mais o cabelo mais escuro vai dar um contraste espetacular com os seus olhos.