Prólogo

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Robin sabia.

Ele sabia mais do que ninguém o quanto precisava ver Finney naquele exato momento.

O garoto dos cabelos encaracolados, baguçandos e castanhos havia tomado lugar na vida do mexicano. O sorriso, a inteligência, a bondade, a beleza, a coragem de apanhar e se levantar todo dia, a paciência que tinha para ensinar matemática, tudo em Finney era encantador.

Então, quando os cartazes brancos, com uma enorme imagem de Finney e letras grandes formando "Desaparecido", começaram a aparecer, o sentimento ensudecedor, que poucas pessoas, como Robin, já tinham sentido, de sexta feira à noite começou a voltar com muita frequência.

Robin não sabia como lidar. Sabia que o Sequestrador estava à solta, perambulando a cidade atrás de garotinhos como ele. Inclusive começou a ter o dobro de cuidado desde que Vance Hopper, o garoto repetente, de cabelos cacheados e loiros, conhecido como o monstro do fliperama, foi sequestrado - não o entenda mal, Robin confiava em suas habilidades, mas quem sabe os truques que o Sequestrador usava?

O mexicano cuidava de seu amigo também. Robin e Finney iam para a escola e voltavam juntos todos os dias, apenas para que Robin pudesse assegurar que seu amigo estava seguro.

Mas como poderia saber que o Sequestrador era tão estrategista a ponto de levar Finney justo no dia em que faltou porque ficou doente?

Robin nunca seria capaz de faltar novamente. Já não gostava de faltar anteriormente por saber que tipo de coisa Finney enfrentava na escola, mas um único dia... Tudo ficaria bem, não?

Não.

Seu plano era chamar Finney para estudar em sua casa. Iria comprar doces e refrigerantes no sábado, ali no mercadinho perto de sua casa, antes que Finney chegasse. 

Mas adoeceu. E então aquela maldita ligação veio.

Robin se lembra de ter despertado à noite. A febre parecia ter amenizado durante seu sono, provavelmente por causa dos remédios que sua mãe havia lhe dado.

O telefone tocava ao final do corredor, onde estariam as escadas para descer ao primeiro andar. Mas sua mãe não estava atendendo.

Talvez tivesse saído?

Robin se levantou, um pouco desnorteado pelo tempo em que ficou na cama. Cambaleava um pouco, os pés descalços sentindo um frio de uma profecia amaldiçoada, aquele frio que poderia congelar sua alma. 

O telefone não parava de tocar. Parecia o prenúncio do fim da vida.

Com a mente esperançosa de que só fosse um parente do México, Robin atendeu o telefone:

Hola?

—  Senhorita Arellano? - Uma voz masculina soou pelo telefone. Era grossa e ansiosa.

— Ela não está. Aqui é o Robin Arellano, filho dela. 

O mexicano se lembra do som agudo que atingiu seus ouvidos, de forma tão avassaladora que seu corpo era incapaz de aguentar. O seu coração batia com tanta força, desesperadamente procurando um buraco em meio ao conjunto de órgãos, pele, tecidos, entre tantos outros que apenas Finney seria capaz de citar. A cabeça doía tanto, Robin preferia ter levado um taco de baseball em sua cabeça.

— Gostaria de conversar com você. Qual sua relação com Finney Blake? - O homem perguntou.

 Robin também se lembra do suor que pingou em toda sua roupa, como se a febre tivesse voltado. Mas ele faria de tudo para que fosse apenas a febre.

— Somos amigos de escola. Por quê? Está tudo bem?

Se estivesse tudo bem...

— Acalme-se, jovem Arellano. Qual foi a última vez que o viu?

— Quando eu o deixei em sua casa, ontem. - Robin respondeu, começando a sentir um desespero se formar em um ponto desconhecido em meio ao seu corpo. Aquele ponto estava tomando todos os outros. — Por favor, o que está acontecendo?

O silêncio. O maldito silêncio. Algo tão inofensivo que pode se tornar a coisa mais atormentadora.

—  Finney Blake está desaparecido.

Não era o prenúncio do fim da vida. Era o prenúncio do fim da SUA vida.

Porque Robin Arellano não conhecia uma vida sem Finney Blake. 

××

Me digam o que acharam e me perdoem se houver algum erro ortográfico. Até a próxima 💞

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