1: Eles precisavam disso.

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Palavras em espanhol estarão em itálico. Boa leitura!

××××

Ir à escola em uma segunda-feira nunca pareceu tão horrível.

Robin passa na casa de Finney, como estava fazendo há algumas semanas. Mas seus olhos lacrimejam quando só tem a irmã de seu amigo, Gwen, para ele acompanhar. A garota o olha de volta e se permite chorar.

Não há necessidade de palavras quando os dois se abraçam. Robin luta para ser forte, resistindo às lágrimas em frente à casa de Finney, mas Gwen não se dá ao mesmo esforço. Ela não hesita em deixar tudo cair, mesmo que molhasse as roupas do menino.

— Gwen, eu...

— Robin, eu preciso disso, por favor. - Ela implorou, apertando o tecido da camisa do mexicano entre as mãos. — Só um pouco, está bem?

Robin não respondeu, apenas colocou seu rosto sobre o cabelo da menina. Os fungos da mesma lhe faziam se contorcer internamente, sentindo a culpa atingir todas as células de seu organismo.

Finney saberia descrever isso melhor.

Tudo era Finney. Finney saberia isso, Finney diria aquilo, Finney iria lá, Finney voltaria acolá.

Robin já vivia constantemente pensando em Finney, mas agora? Era uma necessidade.

Não se podia chamar de dependência emocional, pois o problema de Robin não era o Finney não estar mais consigo.

E sim, Finney não estar mais consigo porque foi obrigado. Finney estar desaparecido nas mãos de alguém que sumiu com pessoas cinco vezes maiores do que ele. Não ter um mísero indício de que Finney estava bem ou sequer vivo.

O que mais doía em tudo isso, era saber que a culpa era de Robin Arellano. Consolando a irmã de Finney como se não fosse sua culpa.

Culpa.

Culpa.

Culpa.

— Robin! - Gwen chamou pela quinta vez, empurrando o mexicano, que caiu.

— Ai, ai. - Robin gemeu, colocando a mão sobre sua bandana. Finney dizia amar seu cabelo com ela. — Doeu, viu?

— Você não estava respondendo! - A menina rebateu, ainda fungando. Seus olhos e seu nariz estavam avermelhados. — Eu nunca te vi chorar, foi um choque pra mim. E então, você entrou num transe e não respondia nunca.

Chorar?

Robin chorou?

— Ah... - O mexicano moveu a mão para seus olhos. Sentiu a ponta de seu dedo umedecer.

De fato, estava chorando.

— É que acordei com o olho machucado. Passei um remédio que faz ele lacrimejar. - Robin deu de ombros, inventando uma história totalmente falsa. - Lo siento, me distraí. Vamos, então?

Gwen fingiu engolir tudo e assentiu.

×××××

O caminho foi silencioso. Nenhum dos dois sabia bem o que dizer.

Robin costumava vir conversando com Finney, que incluía Gwen nos assuntos.

Mas ele nunca parou pra pensar no que conversar com Gwen.

Já Gwen, não tinha disposição para conversar. Estava claramente ferida, sentindo constantemente a cobrança imposta por si mesma de encontrar, seja lá onde, o seu irmão. Se era capaz de sonhar com a realidade, deveria ser capaz de sonhar com seu irmão. Qualquer coisa.

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