CAPÍTULO 5

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Mais um capítulo para vocês. Espero que gostem!! Perdoem-me qualquer erro.

Boa Leitura!🌺
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E assim se passaram cinco dias. Nesse período de tempo percebi muitas coisas na casa. Primeiro eles quase nunca estavam em casa e quando estavam ou ficavam em algum escritório ou nos seus quartos, isso era para os homens da família. Megan sempre saia a noite e voltava no dia seguinte, Joseph se fingia de cego ao ver a filha entrar cambaleando pela porta, geralmente quem a trazia era Gabriela. Eu evitava de todas as formas cruzar o caminho das duas. Mari trabalhava o tempo inteiro, assim como o pai, não era tão diferente de antes, mas isso não diminuía a solidão que eu sentia naquela casa. Eu fiz amizade com Maria, a empregada, ou manda chuva, abaixo dos Guimarães, na casa. Ela ficava falando em espanhol na cozinha, gritava com todo mundo e todos a respeitavam, isso me fazia lembrar da minha abuela. Conversei com Thaisa e Fabi  sobre as coisas que aconteceram na casa e ambas disseram para eu ficar mais atenta, Thaisa falou com todas as letras dessa vez que não confiava na Mari, eu apenas deixei isso pra lá. Estava andando por um dos corredores da casa, eu ainda me perdia ali dentro.

- Por que isso agora? - Era a voz de Gabriela, estava abafada, mas eu conheceria aquela voz rouca em qualquer lugar.

- Você está me contestando? A voz irritada de Luke saiu bem alta.

- Você sabe minha opinião sobre isso.

- Se eu quisesse sua opinião eu iria pedir.

- Que grosseiro!

- Apenas vá logo e faça o que eu - ordenei. - Luke falou firme

- Sim senhor, mais alguma coisa?

- Não, pode sair.

- Se não tivesse ouvido não diria isso. - Gabriela cruzou os braços.

- Eu realmente não sei se você é muito esperta ou muito boba. Você sempre aparece nos momentos oportunos, mas parece que nem sabe usar isso ou não quer. O que é você Sheilla? Quem é você?

- Como assim o que eu sou? - Eu estava confusa.

- Nesse tabuleiro de xadrez temos reis, rainhas, bispos, cavalos, torres e peões.

- Eu não sei do que está falando. - Eu realmente estava confusa, eu até tentei jogar xadrez na oitava série, mas aqueles malditos nerds sempre acabavam comigo.

- Sheilla? Algum problema? - Luke apareceu atrás de nós e diferente de antes seu tom era ameno e calmo, nem parecia o homem que tratou Gabriela com grosseria.

- Ela só está perdida, acabei de encontrá-la no corredor. Gabriela tomou a frente.

- Verdade? - Ele perguntou desconfiado

- Sim, eu estava procurando a lavanderia. - Inventei a primeira desculpa que me veio a cabeça.

- Você não precisa ir a lavanderia, temos empregados para isso. Gabriela faça o que Sheilla mandar. O homem foi caminhando pelo corredor nos deixando sozinha, mas Gabriela não falou nada e eu nem me atrevi a abrir a boca também.

- Me mostre o que quer na lavanderia. - Ela começou a andar pelo corredor e eu a segui. Eu não queria nada na lavanderia, só estava andando pela casa. Gabriela foi até o segundo andar, andamos até o final do corredor e viramos, ela andou até o ultima porta do andar que ficava de frente. Ela abriu a porta e me olhou de soslaio.

- Aqui é a lavanderia?

- Não, aqui é meu quarto. - Seu quarto... por quê?

- Entre. - Ela entrou e me deixou ali pensando. Eu não conseguia parar de pensar em Thaisa e Fabi mandando eu não confiar em ninguém da casa, mas porque eu sentia que podia confiar em Gabriela? Era estranho, mesmo sentindo medo dela, algo em mim dizia que eu podia confiar nela. Meio hesitante entrei no quarto. Fechei a porta. O quarto não tinha nem 1/3 do tamanho do quarto em que eu ficava com Mari. Ele era pequeno, tinha apenas uma cama de casal simples, um pequeno guarda roupas e um criado mudo. Fechei a porta. Aquele quarto era pequeno comparado ao resto da casa, mas estranhamento aconchegante. - Surpresa por não dormir num quarto enorme?

- Eu não deveria, mas estou.

- Sheilla eu vou ser direta com você. Gabriela sentou-se na cama e puxou uma bolsa preta de baixo da mesma, mas a colocou no canto. - Eu não deveria estar fazendo isso, mas sinceramente eu estou com pena de você.

- Eu não quero que tenha pena de mim. - Ela arqueou a sobrancelha e riu com escárnio. - Eu estou começando a odiar você.

- Depois que disser sim ao padre será uma Guimarães completa. - Gabriela ironizou. - O que eu tenho a dizer é, sigilo.

-Você está dizendo...

- Só estou dizendo que você precisa ser mais cuidadosa e saber jogar de acordo com as regras do jogo.

- Por que está me dizendo isso?

- Porque sua noiva não teve a decência de te dizer e porque... você me lembra alguém. - Gabriela se levantou da cama e andou até a janela.

- Eu não queria causar problemas... - O semblante de Gabriela amenizou.

- Olhe, evite aquele corredor. É ali onde fica o escritório de Joseph e Luke, tirando isso o resto da casa é livre para você.

- Por que está me dando esses avisos?

- Eu já disse, você me lembra uma pessoa. - Lauren pegou a bolsa preta que havia deixado no canto. - Eu estou de saída. Não deixe que ninguém a veja saindo do meu quarto, se não você irá me criar problemas. - Ela simplesmente saiu me deixando ali.

Eu sai com cuidado para que ninguém me visse, andei rápido pelo corredor e desci as escadas. Gabriela provavelmente já deveria estar bem longe de casa, porque ela parecia apressada. Eu queria entender mais sobre os Guimarães, mas com certeza Mari não me contaria, ela iria me deixar alheia de tudo. Fui caminhando em direção a cozinha, mas antes que pudesse chegar, Luke estava na sala de jantar degustando um vinho.

- Conseguiu o que queria?

- Sim. - Sorri para ele

- Quer juntar-se a mim para degustar do vinho? É um argentino maravilhoso. - Eu não era de beber, mas aquele convite era mais do que apenas para degustar um vinho.

- Claro. - Já havia outra taça ali e ele serviu para mim. Me sentei próxima a ele e o homem ficou me encarando com um olhar enigmático.

- Sheilla você sabia que nossa família é muito tradicional? - Eu apenas neguei com a cabeça. - Quatro gerações. Duas em Portugal e duas aqui em Belo Horizonte. O pai do meu pai, meu avô, trabalhou desde pequeno no porto, o menino ajudava os marujos e os homens que vinham do mar a reabastecer, a comprar alimentos, encontrar mulheres e coisas assim, quando minha avó ficou grávida ele se desesperou. Ele órfã não tinha com quem contar, os pais da minha avó não aprovavam o casamento por isso a deserdaram, então ele fez o que qualquer homem em desespero faria para colocar comida na mesa, ele transportou charutos para o Brasil. Tudo bem, são apenas charutos, você pode pensar, mas naquela época eram ilegais e ele iria ficar trancado numa prisão por metade de sua vida. - Ele tomou um grande gole de vinho. Ele teve oito filhos. - Ele e seus sócios teriam que transportar muitos charutos para poderem alimentar suas famílias, então como o diabo é traiçoeiro um homem apareceu em sua porta Ihe oferecendo uma proposta única e foi ali que meu avô vendeu sua alma para o diabo e entregou todos seus filhos e seus descendentes a ele. Muitos nos vêem como uma máfia, mas somos uma família, uma família que só quer alimentar seus filhos, mesmo que isso custe nossas almas, você consegue me entender querida?

- Talvez...se...o senhor - Pigarreei para limpar a garganta e tentar espantar a tremedeira que estava tomando conta do meu corpo. claro. - Se o senhor for mais...

- Nós comandamos a máfia de Belo Horizonte. Mari apareceu na porta.

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Espero que tenham gostado. Até o próximo capítulo.

Masks (sheibi)Onde histórias criam vida. Descubra agora