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Quantidade de palavras: 2948
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Acordei, não havia alguma alma viva presente em meu quarto, apenas o crepúsculo meio alaranjado com a companhia de um tom dourado. A imagem do entardecer tem sido uma companhia muito presente naquela pequena salinha, não me importava de apreciá-la várias vezes, afinal, ela sempre fora muito bela, porém me sentia muito sozinho sem nenhuma pessoa para conversar, além de que o único ser vivo que vinha me visitar não veio. Odeio admitir, mas estou bem preocupado com esse ruivinho desconhecido.

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Sinceramente, parece que estou preso num looping. Acordo, tomo remédios, observo minha volta, tempo passa, durmo. Todos os dias a mesma coisa. Apenas alguns poucos dias tiveram algo diferente, mas não era um diferente muito agradável. Passei por duas cirurgias, e em ambas depois que eu acordava sentia uma fadiga enorme, sem contar o fato de deitar a cabeça no travesseiro tentando não vomitar a cada 5 segundos. Haruki ainda não voltou, se passaram duas semanas.

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Já estava completando um mês desde o dia que Haruki desapareceu. Já havia começado com minhas paranóias. Ele me odeia agora ou algo aconteceu? Provavelmente a primeira opção. Mas por que estou tão preocupado com ele? Eu mal o conheço. Sinceramente, acho que a cada segundo a mais que eu passo nesse hospital eu vou ficando ainda mais insano. A culpa sussurrava frases desagradáveis em meus ouvidos, então, eu fazia coisas estúpidas para abafar seu som, como cantarolar. Sempre fui um péssimo cantor, sorte a minha que ninguém entrava na sala enquanto eu cantava.

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Acordei com uma dor de cabeça insuportável após uma outra cirurgia. Mal consegui dormir no dia anterior por vários motivos. Sayuri me disse que possuía um olhar cansado, e me perguntou se eu havia dormido direito. Menti, claro. Não sei por quanto tempo vou continuar mentindo para os médicos. Eu me recupero rápido, eu não estava tão machucado assim, era bobeira.

Sayuri me contou que eu deveria levantar da maca e andar um pouco, pelo menos no quarto, pois eu não deveria ficar tanto tempo deitado sem fazer um mínimo de exercício apenas comendo, dormindo e tomando uma pilha de remédios amargos. Ela me falou algo que eu esperava que ela falasse há muito tempo também, eu deveria tomar um banho. Já havia se passado mais de um mês que eu estava no hospital, e esse tanto de tempo sem tomar banho estava realmente me incomodando, sorte a minha que era uma estação fria.

Fui tomar banho. Uma das melhores sensações da minha vida, me senti limpo novamente. Vesti as roupas do hospital e voltei para minha salinha com a ajuda das paredes. Me senti ridículo, mas a culpa era minha por ter ficado tanto tempo sem nem levantar da maca; eu já estava me acostumando com seu ambiente pálido porém calmo, as flores da mesa que surpreendentemente não haviam murchado preenchiam o ar com um aroma leve, a vista da janela tem sido um bom passatempo, havia aprendido a gostar dela mesmo sendo repetitiva, era a única que não me abandonara juntamente com as flores. A maca em que eu dormia era quentinha e confortável, perfeita para a estação em que estávamos.

Naquele momento, senti que não queria voltar para casa, se é que aquele lugar caótico pode ser chamado de casa. Normalmente quem entra naquele local, acha que ele é pacato e aconchegante, mas, naquele abrigo só existia discórdia e tristeza. A quantidade de brigas abrigadas em seu chão de madeira era absurda. Em seu único quarto, haviam lembranças que aprendi a guardar bem no fundo de minha mente e nunca me atrever a tentar tocar nelas. Sua cozinha mantinha mais sangue do que comida em suas portas. E prefiro nem comentar o resto. Então, pela primeira vez em muito tempo, sentia que podia dormir tranquilamente sem me preocupar com nada.

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Onde histórias criam vida. Descubra agora