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Quantidade de palavras: 1443
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- Saia.

Aoto estava com a mão na bochecha olhando para o chão. Eu estava aterrorizado.

- Aoto... eu não... eu, eu... me perdoe... não foi porque eu quis, eu juro que não foi...

- SAIA!

Quando tentei chegar perto ele jogou-me para longe, finalmente erguendo o rosto. Seu rosto expressava uma mistura torturante de raiva e tristeza.

Saí de cabeça baixa. Entrei naquele quarto para tentar melhorar as coisas e acabei piorando tudo. Andei como morto até Ren, que tranquilamente comia alguns biscoitos. Nem parecia que ouvira tudo.

- Haruki...

Ele olhou-me preocupado. Eu desabei, comecei a chorar igual a uma criança. Ele levantou-se de onde estava para ir me socorrer, me mandou sentar no sofá e foi pegar um copo d'água.

- Está tudo bem, Haruki...

Ele disse me abraçando, me deixei amolecer em seus braços. Aoto deixou a casa com uma expressão de desgosto e de raiva, como se eu fosse um tipo de inseto esmagado. Meu coração se despedaçou em mil pedaços. Eu machuquei quem prometera proteger.

Quando me acalmei um pouco, Ren me ofereceu a água que tinha pegado mais cedo dizendo:

- Aqui, beba. Você precisa se acalmar.

Agarrei o copo com um desânimo ridículo.

- Eu estraguei tudo, Ren... me desculpe...

Disse após deixar o copo vazio sobre a mesa do kotatsu.

- A quem está pedindo desculpas? Não é a mim que você deve dizer isso. Mas o que você fez?

- Eu bati nele. Um tapa. No rosto.

Ele arregalou os olhos. Sentia vergonha de falar aquilo, tanto que desviei a cabeça para o lado.

- Haruki, você nunca foi assim... o que aconteceu depois que nós rompemos?

- Eu vendi minha alma às ruas trabalhando dia e noite por causa de uma coisa que no final nem mudaria nada.

Queria encurtar as coisas, deveria ser menos doloroso, se contasse detalhes não aguentaria.

- Ah Haruki...

Ele tocou meu ombro.

- Vá descansar. Limpar a cabeça. Eu me viro com sua família.

Me orientou levantando-se e erguendo sua mão para mim. Dei um sorriso amarelo e segurando sua mão eu me levantei.

- Me desculpe, Ren. Não queria te colocar nessa bagunça...

Falei logo em seguida.

- Não há preocupações. Eu te ajudarei.

Agora foi minha vez de arregalar os olhos.

- Você não pode fazer isso.

- Claro que posso.

- Vai passar seus últimos momentos de liberdade ajudando um cara que já é praticamente um desconhecido para você?

Virei-me para ele.

- Eu te devo essa. E também não tenho muito mais o que fazer.

E então acabara de notar que ele estava de cabeça baixa.

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Onde histórias criam vida. Descubra agora