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Quantidade de palavras: 1431
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Não fazia ideia de quando comecei a melhorar, só sabia que eu já saía da cama, me alimentava corretamente e me cuidava melhor. Todos da casa pareciam extremamente orgulhosos com minha melhora repentina, só que eu ainda não tinha certeza.

Aoto disse que iríamos conversar. O que me deixava inseguro era: se ele resolver acabar tudo? Se acabar em briga novamente? Se eu fazer mal a ele de novo?

– Haruki!

Ren chegou em casa, ele parecia extremamente alegre e satisfeito. Sua "tosse" só piorava, mas isso não parecia afetá-lo.

– Está parecendo um duende saltitante, o que anda aprontando?

Perguntei-lhe, e ele apenas riu.

– Só é bom voltar para cá depois de tantos anos no campo. As coisas mudaram.

O som do café caindo na xícara era relaxante.

– Aliás, Haruki, você sairia daqui se tivesse oportunidade?

Ele me pegou de surpresa com uma pergunta tão específica.

– Não se assuste, é só curiosidade.

Eu ri.

– Bom, talvez eu sairia. Penso em ir às grandes capitais, como Tóquio ou Yokohama, mas gosto da tranquilidade daqui. Apesar do povo me odiar quase que irracionalmente, gosto de provocá-los.

Agora foi a vez de Ren rir.

– Você é terrível, Haruki.

Encarei-o por um bom tempo até ele chamar minha atenção.

– O que você quer?

Deitei-me no sofá novamente.

– E você? Iria a alguma cidade grande?

Ele demorou um bom tempo até responder.

– Não. Também adoro a paz que o campo me proporciona, não aguento o movimento das cidades grandes. Prefiro morrer sabendo que trabalhei para viver, não que vivi para trabalhar.

Sua voz parecia meio triste, arrastada e dolorida.

– Ren, você está morrendo, não está?

Fiquei surpreso com a naturalidade que minha voz saía. Ele riu:

– De onde tirou isso? É óbvio que não.

– Você sempre foi um baita de mentiroso, Ren. Você não parou de fumar desde a adolescência, correto?

Ele suspirou.

– Larguei o cigarro faz alguns meses. Não sei por que acha que estou morrendo. Estou saudável, Haruki.

Sua voz já estava morta.

– Não é preciso mentir, Ren. Estou pensando nisso faz tempo. Você está com uma grave doença pulmonar crônica, acertei?

Até certo ponto, eu estava deitado no sofá, sem conseguir olhar para ele ou qualquer ação sua. Quando não obtive resposta, me levantei para visualizá-lo, porém, o que achei foi um Ren chorando. Um Ren chorando que nunca vira.

– Ren...?

Ele secou suas lágrimas e virou rosto envergonhado.

– Não estou morrendo.

Me levantei e puxei uma cadeira para me sentar à sua frente.

– Você é o mesmo de antes, tem sérios problemas ao falar a verdade.

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Onde histórias criam vida. Descubra agora