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Quantidade de palavras: 1383
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Ele.

Era apenas ele que eu enxergava ali. Ajoelhado no chão chorando como uma criança. Apenas sentei-me do lado dele.

Seu semblante era tão atmosférico que parecia ser transmitido para mim.

Queria tocá-lo. Estendi minha mão, mas... não podia.

Queria amá-lo, mas... meu coração ainda o rejeitava.

Queria perdoá-lo, mas... me sentia burro ao fazê-lo. Me sentia como se não aprendera nada com Masaru, e apenas continuava escolhendo as pessoas erradas.

Ele me fazia bem. Mas por que continuava insistindo que não?

Não sabendo mais como lidar com aquele sentimento, eu o ignorei antes que pudesse fazer algo a respeito.

Me levantei e ergui a mão para ele.

- Venha, se levante desse chão imundo, vamos voltar antes que mandem alguém vir nos buscar.

Ele a segurou com um pouco de hesitação, e pude sentir a umidade das mãos cobertas de lágrimas que tentava desesperadamente conter.

Quando pôs-se de pé, fungou suas últimas mágoas e foi andando na minha frente. Meti as mãos nos bolsos, temendo tentar tocá-lo sem perceber.

Ele se sentou em um banco e lá ficou, sua mãe foi se sentar ao seu lado, tentando arrancar dele qualquer informação do porquê demorara tanto no "banheiro".

Senti um cutucar no meu ombro, e então virei-me para ver quem era, e estranhamente era o pai do ruivo.

- Aoto. Tenho umas perguntas.

Sua voz queria parecer firme, mas falhou ao dizer meu nome. Acenei a cabeça.

- O que está acontecendo com ele? Não, melhor, o que está acontecendo com vocês ou que quer que seja que vocês tenham?

Senti minha boca tremer, comecei a ficar inquieto. A ardência do tapa acendeu como fogo, talvez fosse o soco de Masaru que não surtia efeito algum até o momento. Toquei minha bochecha - que por sinal sentia que estava ficando inchada -, tentando amenizar o ardor.

- Me responda. Por favor.

Sua voz continuava vacilando. Nem ele sabia o que procurava.

- Eu... eu...

Minha língua não me obedecia.

- Eu não quero falar. E mesmo se quisesse, eu não sei de nada.

Tentei dar um fim àquilo, não sabia se aguentaria ter que narrar tudo.

- Não minta para mim, rapaz. Vejo em seus olhos que está mentindo.

Ele segurou meu pulso, me impedindo de fugir.

- Vocês são amantes, não são?

O sr. Kato continuava apertando meu pulso, não sei se ele sabia, mas estava doendo de verdade. E não só isso, mas as suas palavras também.

- Eu já disse que não quero falar.

Queria fugir dali. Queria ir embora. Queria deitar na cama e esquecer tudo. Ele me encarou com um olhar bravo.

- Venha cá.

Puxou-me até um lugar mais privado, onde, segundo ele, pudéssemos ter uma "conversa melhor".

- Sr. Kato, eu já disse que não quero falar.

Eu era um péssimo mentiroso.

- Se mentir mais uma vez, juro que...

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Onde histórias criam vida. Descubra agora