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Quantidade de palavras: 1860
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Depois de tanto insistir, Sayuri me contou o que tinha acontecido para estar tão perturbada. Não tive tempo nem para lamentar. Desci as escadas do prédio e corri. Não me importava com as pessoas me olhando, não podia me importar. Não agora. Seria tarde. Quando cheguei em frente à casa 104, verifiquei se a porta estava trancada.

Ela não abria. Enchi meus pulmões, gritei por seu nome. Meu coração estava quase saindo pela boca.

Não obtive resposta, meus olhos começaram a inundar.

Gritei de novo, dessa vez o grito fora mais fraco. A agonia parecia ser tamanha que fazia meu corpo inteiro doer.

- Haruki...

Seu nome foi proferido como um sussurro. Pessoas me olhavam por toda a parte. Eu havia chegado tarde?

Não, não faça isso comigo. Já tinha dado as costas em negação, quando ouvi uma voz:

- Aoto...?

Olhei para trás. O que vi foi uma figura ruiva extremamente exausta. Minha mão ergueu-se, queria tanto tocá-lo... Doía tanto...

- Haruki...

Fui quase cambaleando até sua direção.

- A gente precisa conversar.

Parei em sua frente. Seus olhos estavam vermelhos, mal parecia conseguir ficar de pé. Entrei em casa e me deparei com uma imensidão vazia. Os móveis eram os mesmos e todos estavam no mesmo lugar, mas... tudo parecia estar morto.

Ele olhava-me agoniado, uma pontada me deu no coração, então corri até onde era o meu quarto.

- Não, Aoto!!

A corda estava posicionada. O banco logo embaixo. Eu paralisei na porta. Apenas encarava aquela cena de extremo mal gosto e me perguntava o que teria acontecido se tivesse me atrasado um segundo sequer.

- Por quê?

Minha voz estava sufocada. Nossos olhos se encheram de lágrimas.

Ele estava prestes a fugir, agarrei seu braço.

- Você...

Um gemido de dor escapou dos seus lábios. Seus olhos cheios d'água olhavam para minha mão que pressionava seu pulso. Ele parecia estar com muita dor.

Suavizei meu toque e com muito cuidado ergui a manga do casaco. A cena era tão horrorosa que me dava vontade de vomitar.

- Aoto... não...

- Vamos resolver isso.

O guiei até o banheiro - que estranhamente estava sem a porta - e fiz um curativo.

- Não precisava ter feito isso.

Seu braço foi recolhido como se tivesse tocado no fogo. Não respondi.

Fomos até a sala novamente, não tinha coragem de encará-lo, então com as costas viradas para ele. Estávamos entre a mesa da cozinha e o sofá.

- Haruki...

Olhei para baixo.

- Não deveríamos ter brigado.

- Eu sei.

Agora percebia que ele soluçava.

- Você não deveria ter me batido.

- Eu sei...

#‹𝑶𝒍𝒉𝒂𝒓 𝑪𝒂𝒓𝒎𝒆𝒔𝒊𝒎˚₊Onde histórias criam vida. Descubra agora