Sair do armário

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  - Deixa-me tentar abrir. - pediu Luz dirigindo-se à porta.

  Girou a maçaneta e ao ver que emperrara, deu uma cotovelada na porta para tentar abri-la.

  - Estás doida!! Se eles nos ouvem vamos direitos para o Conformatório. 

  - Porque é que tens de ser sempre tão rude?!

  Ele apenas grunhiu e começou a procurar pela arrecadação algo que os pudesse ajudar a sair.

  - E se usarmos as condutas de ventilação?

  - As quê?

  Luz apontou para uma grade triangular na parede, suficientemente grande para caberem lá dentro.

  - Estás a falar sobre o sistema respiratório da casa? 

  - A casa respira?

  - A tua não?

  *Silêncio constrangedor*

  - Mas infelizmente não vai funcionar. Uma certa humana - como sempre deu ênfase na palavra "humana" - usou os respiradouros da casa para invadir o castelo do Imperador, por isso agora metem gás tóxico para que não volte a acontecer.

  Ele parou por alguns momentos, pensativamente. 

  - Se bloquearmos a saída de ar da esquadra, a casa vai começar a respirar mal e vai ter um queda de energia e os guardas vão vir cá, abrem a porta e nós saímos com o glifo de invisibilidade.

  - Podíamos meter uma caixa de cima,  para parecer que caiu.

  Demorou cerca de 5 minutos até a esquadra ter uma queda e mais outros cinco para os guardas verificarem a arrecadação. Nesse momento, Luz e Escarlate saíram disfarçados com os fatos de guardas

  Após pedirem a chave da arrecadação, entraram na cave e começaram a procurar o material.

  - De que cor são as poções?

  - Rosa forte, é a cor das Urtigas Dormideiras.

  - Porque é que tu sabes tanto sobre plantas? Quando estavas a falar com a Abomigata disseste um milhão de plantas que não conhecia.

  - Sinceramente, eu não tenho nada para fazer na maior parte do tempo.

  - Achava que a vida do ladrão mais procurado de Boiling Isles era mais emocionante. - gozou Luz, pois Eda sempre fora uma bruxa que era a encarnação do caos.

  O rapaz suspirou e parecia abatido.

  - Eu acho que já tive emoções para toda uma vida.

  Parou e ficou um silêncio que pareceu durar horas.

  - Mas acho que vou abandonar a vida de crime depois do Dia da Unidade.

  Pareceu animar-se ligeiramente. Mas Luz ainda tinha dado a última palavra.

  -  Vermelho, - chamou Luz, pois esse era o nome de código do Pássaro Escarlate. - eu já ouvi falar desse Dia da Unidade, mas nunca percebi o que isso queria dizer... Tem alguma coisa haver com a magia selvagem mas...

  - O Dia da Unidade não têm NADA haver com "salvar as pessoas de si próprias". É tudo uma m... mani... armadilha para... - parou um pouco para se acalmar - Nós descobrimos que o Imperador vai usar a magia dos Selos para um feitiço que unirá quem têm o Selo ao Titan mas podes ter a certeza que...

  Parou abruptamente.

   Ele olhou em volta.

   - Eu explico melhor em casa. Aqui, não é seguro. Agora concentra-te em encontrar as poções.

   Procuraram por alguns minutos até Luz gritar:

   - Encontrei!! 

  Luz deslizou pela escada e saltou para o chão com um saco castanho enorme. O Pássaro Escarlate pegou no saco e observou-o.

  - 24... 25... vinte e s... Sim, são estas!

   Mas tudo o que começa bem, tem uma forma de piorar.

   Dois guardas (um deles a segurar um saco de gelo) e o Capitão entraram na cave.

   - Age naturalmente. -sussurrou para Luz- Se perguntarem, é para levar para a Análise de Material Aprendido de Latissa.

   - Porque é que tu sabes tanto sobre o funcionamento duma esquadra?!

   - Cala-te e anda.

  Dirigiram-se para a saída passando pelos verdadeiros guardas. Como tinha sofrido uma vergonhosa derrota, o Capitão estava de péssimo humor.

  - Ei, vocês os dois?? Que estam a fazer aqui??!!


  - Ahh! Vocês sabem! - começou a mentir Luz, falando exageradamente alto para parecer confiante. - Vamos levá-las para as análises de Latissa.

  - Temos ordens para entregar esse saco diretamente ao superior! - ordenou o Capitão, estendendo a mão como que a pedir que lhe entregassem o saco.

  Vermelho recuou antes de perguntar:

  - Que superior?...

  O nome que o Capitão disse fez o criminoso recordar-se das suas piores memórias.


Dois criminosos e uma humana: o que pode correr mal? (Um multiverso de TOH)Onde histórias criam vida. Descubra agora