O melhor de nós dois

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Hunter esgueirou-se pelo armazém. Era uma divisão do tamanho de uma sala de aula cheia de pipas de vinho deitados nos seus devidos suportes. Não era a primeira vez que se escondia em armazéns de estabelecimentos de comércio.

Só não esperava que fosse a segunda vez que fosse apanhado a esconder-se em armazéns de estabelecimentos de comércio...

O rapaz encostou a porta atrás de si. Só tinha de fugir pela outra porta. Estava prestes a começar a correr para lá quando parou. Espreitou pela fresta da porta, para ver como é que os seus amigos estavam. Não devia ter fugido. Sentia-se culpado por estar em segurança e que para isso os seus teriam de se sacrificar.

Suspirou. Era melhor ir andando. Eles... eles iam conseguir...

Talvez...

- Se fosse a ti, não me preocupava tanto com eles.

Hunter gelou. Quem tinha dito aquilo?...

A voz esganiçada sibilou, mais para si do que para o rapaz.

- Apanhei-te...

Ouviu-se o som de passos a bater nas traves do teto, suficientemente altas para que Hunter não conseguisse ver quem estava a deambular pelas traves. O portador da voz começou a citar uma frase que Hunter ouvira toda a sua vida.

- As relações interpessoais enfraquecem-nos! Quanto mais pessoas forem importantes para nós, mais pontos fracos teremos...

- E mais pessoas podem nos apunhalar pelas costas. - completou Hunter.

Sabia aquela fazer desde... desde sempre. O Belos passara a vida toda a dizer-lhe isso, a proibi-lo de falar com os outros cadetes, a mentir-lhe... Mas como é que aquela voz conhecia essa frase?

- Belos? - perguntou ansioso.

A voz soltou uma gargalhada gélida.

- Não! - gargalhou - Tenho uma voz tão velha?

O portador da voz estava a achar tudo aquilo estranhamente divertido. Toda a sua vida tinha ouvido as pessoas a dizerem o quanto o antigo Guarda Dourado era incrível, esperto, corajoso,... Balelas...

Saltou da trave onde estava e aterrou no chão. A sua capa esvoaçante era um branco velho, e estava decorada com uma espécie de cachecol.

Levantou a cara. Os olhos de Hunter arregalaram-se por baixo da sua máscara. Aquela figura também estava mascarada.

Uma máscara que até hoje o assombrava.

A máscara do Guarda Dourado.

- Hunter Wittebane, - apontou o cetro para o Pássaro Escarlate - estás preso em bom nome do Imperador!

- Como é que tu...

O Guarda Dourado soltou uma gargalhada gélida.

- Owwn... Que fofo! És mesmo inocente! Achaste que ninguém ia saber quem eras só por usares uma máscara! Infelizmente para ti, - baixou o tom - eu tenho acesso aos documentos de todos os antigos Guardas Dourados... E o teu lindo corte na orelha não passa de uma marca de gado que o Belos faz em todos nós para nos identificar mais facilmente... - sorriu - Não és tão inteligente pois não?

De repente, o medo de Hunter transformou-se em raiva. Se ele sabia disso, como é que não sabia de eles serem Grimwalkers. E se sabia, como é que ainda estava do lado do Belos. Como podia ajudá-lo sabendo de todas as mentiras. E se... e se ele não estivesse do lado do Belos...

- Por favor não me entregues! - pediu Hunter.

Aquilo surpreendeu o líder do coven do Imperador. Ele estava a ... implorar?...

Dois criminosos e uma humana: o que pode correr mal? (Um multiverso de TOH)Onde histórias criam vida. Descubra agora