Ao sair da cabine, Jacob ainda estava inerte, pensativo sobre Pheli'n. Ele vai pegar o jeito... Tentava acreditar nas palavras do Capitão. A sensação de que perdas estavam por vir lhe afogava em angústia, colocando em seu peito o peso de uma âncora.
Jacob já não estava tão bem, devido à perdas passadas nas últimas batalhas. Perdeu amigos, e até um interesse amoroso, onde mal pôde investir. Ao revisitar tais perdas, lembrou de uma trecho que leu em uma diário antigo de marinheiro.O mar é cruel, afundando tudo em suas águas mais escuras e profundas. Ele não liga para meu coração que ama, para meu corpo que luta, nem para nada que em suas águas flutua. Tudo ele afunda.
Esse trecho marcou a mente de Jacob, e sempre lhe dava um aperto no peito, como se ele mesmo tivesse escrito com suas dores. Jacob se perderia em suas mágoas, se não fosse pelo Capitão, que sempre sabia reconfortar essas dores com palavras sábias. Dizia sempre como as vidas perdidas devem ser continuadas pelos que ainda vivem. E que se ainda podiam enfrentar as feras, deviam se lembrar dos que se foram nas batalhas, para então, vingá-los.
"O passado não deve impedir seu futuro"
Uma frase sempre dita pelo capitão, para lembrar Jacob que nunca deveria desistir ou estagnar por perdas do passado. Ou até mesmo, traumas e lembranças dolorosas. Graças ao capitão, Jacob sempre conseguiu se reerguer e continuar, não importava o problema.
Mas apesar de ter tudo isso em aprendizado, Jacob não podia evitar de se preocupar com possíveis perdas futuras. Ainda mais perdas tão prováveis, como a de Pheli'n. Pheli'n podia não ser tão próximo de Jacob, mas fazia parte da tripulação, e isso era suficiente para Jacob prezar por sua vida. A tripulação é como uma família, Jacob havia sido plenamente sincero naquelas palavras.Ao entrar na cabine pequena, Jacob se deitou na cama e ficou ali, de barriga para cima, olhando o teto amadeirado, esperando seus olhos pesarem e o sono chegar. Ele se lembrava de tudo que já havia visto de Pheli'n.
Ele caindo, enquanto carregava as laranjas;
Se cortando, organizando as armas;
Caindo, tentando limpar o convés;
Caindo novamente, tentando limpar a proa.― Ele vai pegar o jeito... ― tentou convencer a si mesmo.
⚓
Na manhã seguinte, enquanto o sol nascia e o mar estava quieto, tentáculos vermelhos começaram a surgir sorrateiramente pelo navio, emergindo da água e se agarrando pelas laterais.
― Que manhã fria... ― disse um marinheiro de cabelo louro, esfregando as mãos como meio de se esquentar. Estava sentado na escada, conseguindo ver poucos marinheiros andando pelo convés. A neblina dificultava uma visão nítida do local, mas ele viu que um marinheiro se aproximava. ― Jeff! ― disse com um sorriso, quando conseguiu identificar o amigo.
― Bill ― o amigo sorriu de volta.
― As manhãs são sempre frias assim? ― Bill perguntou, com sua inexperiência.
― Ah, nem sempre... ― Jeff respondeu, começando a observar o mar. ― O clima é sempre maluco quando se está em alto mar... As coisas mudam assim! ― estalou os dedos, sem notar que um tentáculo vinha em sua direção. Ele só sentiu aquela massa de carne roliça dar voltas em sua barriga, para então tentar puxá-lo.
― Jeff! ― Bill gritou, tentando segurar o amigo pelos braços, impedindo que fosse levado.
― Não me solta! ― Jeff estava desesperado, tendo a sensação de que seria partido ao meio pela força com que aquele tentáculo o apertava. O monstro era forte, seu amigo não poderia segurar por muito tempo. As mãos de ambos começavam a se desvencilhar, quando o estrondo de um tiro ecoou por todo o convés. O tentáculo caiu, sem força, antes de voltar para o mar, enquanto Jeff caiu nos braços de Bill, ofegando desesperado pelo medo que teve da morte. Na frente de Bill, ele via Sarah, segurando uma pistola sem nem tremer o olhar.
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Sailor's Love
FanfictionUma fanfic sobre o filme Fera do mar! Dois anos antes da aparição de Maisie, o Inevitável está próximo de abater a Bravata Vermelha e concluir sua maior missão. No entanto, com a chegada de novos tripulantes e um ruivo desajeitado, o rumo da situaçã...