Na mesma noite, enquanto Pheli'n ia para seu quarto, mil expectativas passavam pela sua cabeça. Estava ansioso com a massagem. Mesmo sendo uma atividade completamente medicinal e profissional, ele não podia conter seus pensamentos fantasiosos. Honestamente, ele nem queria contê-los.
Talvez fosse ousado, mas sim, Pheli'n mordia os lábios ao imaginar seus dedos passeando pelo corpo de Jacob, massageando o peitoral, e em seguida descendo pelo abdômen, traçando o caminho direto pela estrada de sua virilha, e sem hesitar, adentrando sua calça. Tantas possibilidades em uma noite de massagem.
Infelizmente, Pheli'n não pôde fantasiar seus desejos por muito tempo, pois ao chegar na porta de sua cabine, ele lembrou do que lhe aguardava lá dentro: Ji-ham.
Com a mão na maçaneta, Pheli'n criava coragem para abrir a porta e entrar na cabine. Lembrava do quase soco que levou, se perguntando o que aconteceria ao entrar no quarto. Mesmo que Ji-ham ainda tivesse rancor, Pheli'n não poderia ficar parado na porta a noite inteira. Então respirou fundo e decidiu entrar.
― Vamos lá... ― disse a si mesmo antes de abrir a porta.
Ao abri-la, seus olhos deram direto com os de Ji-ham, que estava sentado na cama, massageando o ombro, transparecendo uma postura de cansaço. Ji-ham também devia estar exausto do trabalho, talvez fosse o motivo dele não parecer estar com raiva. Não teria energia para cuspir uma única palavra ofensiva.
No entanto, sua postura aparentava honestamente não querer confusão. Ele estava calmo, o que deixou Pheli'n aliviado, pois uma conversa de reconciliação parecia ser uma intenção a funcionar.Ainda um pouco tenso, pois a hipótese de que Ji-ham não tivesse rancor era apenas isso, uma hipótese, Pheli'n entrou pela porta e em seguida a fechou. Ele não disse uma palavra a Ji-ham, apenas seguiu para sua cama e se deitou. Ele havia sim, planejado conversar e consertar as coisas, entretanto, Pheli'n não era um homem sem ego. Se alguma iniciativa tivesse que ser tomada, Ji-ham é quem faria. Afinal, não foi ele quem quase levou um soco, mas sim, quem tentou o desferir.
Ao meio das duas camas, havia uma pequena escrivaninha encostada na parede, e em cima dela, um lampião. Pheli'n queria apagar o lampião para dormir, mas temia que Ji-ham ficasse irritado por talvez o querer aceso.
Enquanto estava deitado, olhando para o teto, estático pela tensão que era a incerteza sobre o humor de Ji-ham, Pheli'n ouviu a voz dele quebrar um pouco daquele silêncio agoniante.― Posso apagar o lampião? ― perguntou. Em seu tom de voz ele não expressava ter raiva, ou qualquer sentimento. Ainda estava difícil entender o que ele pensava.
― Ai ― Pheli'n respondeu.
Após o lampião apagar, Pheli'n ouviu um suspiro de cansaço que Ji-ham fez ao se deitar sobre a cama.
― Que dor nas costas... ― não parecia estar falando com Pheli'n, apenas pensando alto.
― Uma massagem cairia bem ― Pheli'n comentou, praticamente dando um tiro no escuro com aquela tentativa de interação.
Esperar a resposta de Ji-ham era uma aflição esmagadora. Pheli'n não sabia o que receberia como resposta, então engolia seco, tentando conter a ansiedade que parecia pular em seu peito.Então a resposta veio. Uma risada fraca que logo cessou.
― Daqueles brutamontes? Eu sairia mais espremido do que uvas em fabricação de vinho.
Pheli'n também riu. A comparação foi engraçada ao seu ver, principalmente, porque ele nunca havia escutado de outra pessoa antes.
― Alguns deles podem ser delicados as vezes.
― Tá falando do Jacob? ― Ji-ham perguntou, como se pudesse ler os pensamentos de Pheli'n. Ou talvez, a verdade só estivesse escancarada para todos naquele navio. ― Olha, não se engana. Tenho certeza que por trás de toda aquela simpatia, tem uma fera selvagem, só esperando a hora certa pra te atacar. Ou melhor dizendo... Te comer.
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Sailor's Love
FanfictionUma fanfic sobre o filme Fera do mar! Dois anos antes da aparição de Maisie, o Inevitável está próximo de abater a Bravata Vermelha e concluir sua maior missão. No entanto, com a chegada de novos tripulantes e um ruivo desajeitado, o rumo da situaçã...