Capítulo 20 (A.f)

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Os trovões rugiam sobre o Inevitável;
As ondas intensas golpeavam o casco;
Os ventos ferozes sopravam nas velas;
E a chuva, com gotas pesadas, banhava o navio e seus sentinelas.

Os marinheiros trabalhavam incessantemente naquela navegação perigosa. Quando não estavam manuseando cordas, estavam tentando se segurar e não serem levados pelo vento, que tinha uma força descomunal. Sem falar nas ondas, que vinham de diversas direções aleatórias; algumas com mais força que outras. Um fenômeno estranho e anormal.

― ISSO NÃO É COMO O ESPERADO! ― Jacob gritou para o Capitão. Ele estava ao seu lado, mas devido a tempestade, gritar era necessário para se ouvirem.

― E QUANDO É? ― respondeu o Capitão, de maneira retórica, e com um sorriso sarcástico.

― ESSAS ONDAS NÃO SÃO NORMAIS! ELES TAMBÉM ESTÃO PREOCUPADOS! ― se referiu aos tripulantes que estavam pelo convés.

― AI! ― dizia Sarah, que estava junto a eles, se segurando nas cordas que envolviam o mastro principal. ― ISSO É REALMENTE FORA DO NORMAL. TALVEZ ESTEJAMOS LIDANDO COM ALGO QUE NUNCA VIMOS.

― HÁ! ― o Capitão abriu um sorriso presunçoso. ― SOMOS EXCLUSIVOS, EIN! SEREMOS OS PRIMEIROS A RELATAR UMA TEMPESTADE COMO ESSA! ― a euforia e a adrenalina estavam estampadas no olhar vibrante do capitão. E com essa vibração emocionante, ele dizia para sua tripulação: ― MANTENHAM-SE FIRMES! LOGO SAIREMOS DESSE INFERNO!

Não, vocês não vão. Era o que a tempestade parecia responder com os raios que começaram a cair sobre o navio naquele mesmo instante. Sem ter um ponto maior de atração, os grandes mastros verticais do Inevitável eram imãs dos raios.

― ISSO É TUDO? ― o Capitão perguntava ao céu. Diferente de sua tripulação, ele não estava com medo. Nem lembrava a última vez que teve medo de algum oponente. ― SEM TEMOR, HOMENS! O RIO NEGRO AINDA NOS ESPERA!

Observando a mudança de direção que as ondas tomavam, Merino ordenava as diferentes velas para puxar ou soltar. Manter o curso estava sendo tão difícil quanto se manter de pé no convés. Não que houvesse alguma direção certa para ir; àquela altura, era impossível ter ideia de onde estavam, ou em qual direção seguir para saírem da tempestade.

Na cabine principal estavam Pheli'n e Ji-ham; e outros novatos ou feridos que foram considerados inaptos para algo tão perigoso como aquela tempestade.

― Por que temos que ficar aqui? ― Pheli'n questionava, indignado. Estava ansioso, batendo seu pé contra o chão, impaciente.

― Essa tempestade é muito perigosa, filho ― respondeu o velho marinheiro, que também foi dado como inválido naquela batalha. ― Até mesmo pra vocês, que deviam estar lá fora e pegar o costume.

― Isso aí, meu velho! ― Ji-ham concordou.

― Até você, Jim? ― Pheli'n perguntou, se sentido traído.

― Ah, Thom, desencana! Nem eu e nem você poderíamos agir nessa situação. Eu também não teria nada a ganhar mesmo.

― Eu sei... Você só quer o chifre de uma fera.

― Isso aí!

― Mas eu quero mais! Na verdade, eu nem me importo com o que vou ganhar, quero apenas viver a adrenalina de estar lá fora!

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