Capítulo 14 (A.f)

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No quarto de armamentos, Pheli'n organizava as cordas. Ele estava sentado no chão, as separando e enrolando de modo que não pudessem se misturar novamente. Já haviam se passado minutos, quase uma hora, que ele estava naquela tarefa, sozinho naquele quarto. Um pouco entediado, Pheli'n começou a lembrar de seu sonho.

O arfar de Jacob, enquanto eles compartilhavam do prazer. A mão que passava por cada lugar de seu corpo, enquanto ele sentia beijos em seu pescoço. E os lábios que tocavam os seus, impedindo-o de fazer barulhos devido ao prazer.

Eram lembranças inesquecíveis, um sonho que ele ainda sentia estar vivendo apenas ao recordar o momento.

- Podia ser real... - pensou alto, lembrando da massagem que aconteceria ao anoitecer. Pheli'n passaria suas mãos pelo abdômen de Jacob, utilizando de óleo para suavizar os movimentos. Uma ação que poderia levá-los a algo tão aclamado pelos seus corpos. Esse momento seria um ponto chave para eles ficarem íntimos. Era a grande chance de Pheli'n. No entanto, um nervosismo o tomava, quando ele se imaginava chamando Jacob ao anoitecer. Ele não sabia o que poderia dizer ao passar do simples "oi". Olhando ao redor, tendo certeza de que estava sozinho, Pheli'n decidiu treinar falas e ter alguma ideia do que dizer quando ficasse frente a frente com Jacob. Mesmo que fosse algo vergonhoso, ele estava sozinho, então não importava.

- Oi, Jacob... - Pheli'n começou a pensar, mas a única coisa que lhe vinha, era o fato de que estaria noite no momento.

- Já está de noite, né? - Foi o que saiu de suas poucas ideias sobre o que falar. O medo de chamar Jacob para fazer a massagem lhe empacava. Ele imaginava que Jacob pudesse dispensá-lo, talvez por ter ficado inseguro sobre a sua competência para o trabalho. Todos esses pensamentos negativos, essa insegurança e o nervosismo não deixariam que Pheli'n tivesse alguma ideia do que dizer. Eram como um bloqueio, pois nada flui em uma mente perturbada.

- Uff! - ele bufou, desistindo de tentar. Nada de bom lhe vinha como ideia e isso o estressou, então, sem paciência consigo mesmo, Pheli'n começou a encenar com as ideias ruins, porém sinceras, que lhe vinham.

- Que tal irmos para o seu quarto, homem dos meus sonhos? - Ele dizia, enquanto prosseguia o trabalho.

- É só uma massagem idiota, não? - Pheli'n continuava. - Ou podemos transformar em algo melhor...

Ele encenava com naturalidade, sem qualquer receio, praticamente cuspindo seus pensamentos em forma de palavras. Seria definitivamente uma cena cômica para um telespectador. E para o grande azar de Pheli'n, ele tinha um.

- Estava me secando pela manhã, não estava? - Pheli'n se lembrava de quando Ji-ham o disse mais cedo que Jacob o observava. - O que é bem engraçado, já que você me deixa tão molhado.

Pheli'n continuaria expondo seus pensamentos por horas, se não fosse um som que ele ouviu vindo da porta. Era um som de rangido, como de uma risada tentando ser contida. Nesse momento o corpo inteiro de Pheli'n paralisou. Ele sentiu seu coração acelerar, enquanto implorava em pensamento que não fosse Jacob o dono daquela risada.

- Devia dizer isso, aposto que vai funcionar - Ji-ham falou em tom de ironia. Ele estava apoiado na lateral da porta, segurando uma tigela de biscoitos.

- Estava me espiando? seu pervertido! - Pheli'n exclamou, no impulso de raiva. Apesar do alívio ao ver que não era Jacob, nada anulava a vergonha que Pheli'n sentia naquele momento. Nenhuma das quedas que ele levou naquele navio havia lhe feito sentir tanta vergonha. Nem mesmo a de quando ele carregava laranjas no seu primeiro dia de marujo.

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